Na manhã seguinte, eu e o Eduardo nos encontramos na universidade como era de costume, mas para evitar maiores transtornos, combinamos de não mudar a forma de agir; só precisávamos parecer mais íntimos em algumas ocasiões e não necessariamente tinha que ser ali.
Já havíamos discutido sobre a precariedade das leis brasileiras em sala de aula, eu só não imaginava que atrapalhavam tanto trabalho da justiça. O Eduardo pacientemente me explicou as intenções do Caio, e acabei me convencendo de que não era viável procurar a polícia naquele momento, então, traçamos um plano para que pensassem que estávamos juntos. Isso me tiraria de foco nas confusões do Caio, mas de quebra me jogaria no olho do furacão com Patrícia e suas amigas.
E por falar em Patrícia; ela ainda criava algumas cenas, se humilhava e fazia várias chantagens, porém, sem nenhum resultado, o que para os alunos foi uma verdadeira surpresa, já que os rumores que corriam, era de que ela sempre conseguia reverter a situação..., um boato que as amigas sustentavam.
Com essa aproximação, criamos um laço de amizade ainda maior. O Edu criou vários roteiros que iam desde frequentar o parque ecológico, passeio de triciclo no jardim botânico, shopping, danceteria, até o clube de hipismo onde aprendi a andar a cavalo, coisa que sempre tive vontade, mas não imaginava que seria capaz. Eu sabia que aquilo era um conto de fadas planejado, mas me sentia tão feliz, que tive medo de como seria quando tivesse que descer da carruagem de abóbora e voltar a minha vida monótona de sempre.
O Caio, continuou com seus mistérios, mas agora conversávamos um pouco mais, o que foi uma grande vitória, visto que ele não era muito aberto a uma aproximação. Cheguei a conversar com o amigo investigador que me sabatinou em uma tarde em que fui com o Eduardo até seu escritório entregar um computador que ele havia consertado. A notícia boa é que pude tirar minhas dúvidas e me tranquilizaram sobre a segurança tanto minha como a de meu irmão, que agora sabia sobre a montagem, mas não sobre o restante da confusão.
Ao lado do Edu me sentia outra pessoa, ele me mostrou um mundo que eu não conhecia, me fez entender que não era tão limitada quanto pensava e que podia, sim, fazer muitas coisas legais. O Michael ria de nossas loucuras, um dia até pegou folga para patinar no gelo conosco no shopping, e depois encerramos a noite na estação de boliche onde ganhei de lavada. Bem, eu sei que facilitaram o meu lado, mas não importa, eu ganhei e foi incrível. Vocês têm noção de como estas coisas simples se tornaram tão especiais?
— Vou sentir falta desses momentos — comentei enquanto ele massageava meus pés no sofá da sala, naquela noite em que esperávamos o Michael chegar da faculdade.
— Eu também — murmurou colocando um pouco mais de creme hidratante nas mãos, antes de retomar a sessão de tortura.
— Essas mãos gigantes praticamente engolem meus pés — eu ri me encolhendo ao seu toque.
— Eu sou grande e desajeitado mesmo, desde a adolescência já colecionava apelidos por conta disso, mas, na horizontal não faz diferença.
A última parte de sua frase saiu baixa o suficiente para eu ter dúvidas se realmente ouvi aquilo...
— Não entendi — tentei segurar o riso por conta de meus pensamentos.
— Esquece — murmurou alcançando o outro pé.
Por que os homens quando querem ferrar com nosso psicológico mudam até o tom de voz?
O Eduardo normalmente tinha uma postura séria e enigmática que me passava a impressão de estar sempre no comando. Seu tom de voz era grave e potente, mas notei que quando estávamos sozinhos, se tornava levemente rouca e suave, era como se aquela armadura se desmanchasse revelando outra pessoa que eu não conseguia decifrar. Só sei que os momentos ao seu lado eram sempre especiais.
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Pela Força do Destino - A Magia do Olhar
RomanceMinha vida mudou radicalmente nos últimos anos, e digo com propriedade que quando vivia no escuro as coisas pareciam ser bem mais fáceis. Já parou para pensar em como seria complicado fechar os olhos e tentar se movimentar em um local estranho e che...