Acordar confusa em um leito de hospital parece que virou a minha rotina, só que dessa vez, eu entendia o idioma, o Michael estava comigo, e para minha infelicidade; o que eu queria ter apagado da memória ainda estava lá...
— Oi — disse ele se sentando à beira do meu leito.
— Me fala que tudo isso foi mais um daqueles pesadelos indesejáveis, Michael. Estou cansada de levar pancada da vida — tapei o rosto tentando evitar o desespero.
— Queria muito que fosse, Ana, mas infelizmente, não é.
— Eles brigaram por minha causa, foi tão difícil assistir aquela cena. Eu não lembrava que eram gêmeos, na inocência brinquei com o Eduardo pensando ser o Caio, e com isso compliquei as coisas.
— Já começou errado quando te orientaram a se esconder, se tivessem contado tudo desde o início, nada disso teria acontecido. Foi uma sucessão de erros, mas não adianta se desesperar, porque os três de certa forma são inocentes.
— Como eles estão?
— O Eduardo está no quartel, vão segurá-lo até amanhã, e Caio saiu daqui ainda há pouco, mas não está bem, Ana. O estrago físico nem se compara ao emocional.
— Eles não merecem isso — murmurei aflita.
— Na verdade, nenhum dos três merece — Michael me aconchegou em seu abraço. — Os irmãos vão ter que sentar e conversar com calma, para que tudo seja devidamente esclarecido, mas essa conversa, só vai acontecer na presença do coronel que só vem daqui duas semanas.
— Como assim, duas semanas, já não basta toda essa confusão?
— Ele não pode vir, Ana, está na Ucrânia, foi mandado para lá. Está acompanhado uma pessoa influente do governo.
— E agora?
— Bem, enquanto ele não retorna, um não pode se aproximar do outro, o próprio pai emitiu a medida protetiva, e agora é esperar para ver como isso se resolve.
— Sinceramente, não entendo os métodos do coronel — balancei a cabeça em sinal de negação.
— Falei com ele hoje mais cedo, está muito preocupado, mas não conseguiu liberação, pelo visto é uma missão importante, não sei, não entendo o trabalho que eles fazem. Mas também, não nos cabe julgar, o problema agora é familiar, e só eles podem resolver.
— Esse problema familiar envolve a minha pessoa que só se lasca pela vida. Me sinto culpada, e ao mesmo tempo com raiva dessa situação, que poderia ter tido um desfecho diferente se tivéssemos sentado e conversado como pessoas normais.
— Concordo contigo, essa história é muito bizarra.
— Bizarra é minha vida — murmurei desanimada.
— Não seja pessimista, passou por momentos muito ruins, mas agora está começando a entrar nos eixos. Não podemos perder as esperanças — Michael apertou minha mão entre as suas.
— Me lembrei do Edu, agora entendo o que me disse sobre a chave mestra, mas não faz diferença, porque depois dessa confusão, eu duvido que as coisas possam ser como antes.
— Percebemos que se lembrou.
Sua resposta, somada a expressão facial, me fez entender que algo estava errado. E normalmente, era eu que me lascava.
— Eu conheço essa cara, Michael, o que aconteceu?
— Você chegou aqui bastante confusa e agitada, trocou o nome dos irmãos, várias vezes, e com isso, o Caio saiu daqui bastante chateado.
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Pela Força do Destino - A Magia do Olhar
Roman d'amourMinha vida mudou radicalmente nos últimos anos, e digo com propriedade que quando vivia no escuro as coisas pareciam ser bem mais fáceis. Já parou para pensar em como seria complicado fechar os olhos e tentar se movimentar em um local estranho e che...