Capítulo 32 jogo da vida real

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Aquela noite não dormi direito. Meus pensamentos embaralhados me torturavam aumentando o sentimento de culpa, e a imagem do Caio nadando sozinho de madrugada, me fez entender que ele também não estava legal. Não entendo porque a vida costuma pegar tão pesado, eu só queria viver em paz ao lado daqueles que amava. Seria pedir muito?

Acordei com uma sensação estranha, e enrolei um pouco para descer tomar café, mas ao ser solicitada na cozinha, percebi que alguma coisa muito séria havia acontecido...

— Bom dia, Ana, estávamos te esperando — disse o coronel me servindo uma xícara de café.

— Bom dia — olhei desconfiada para os dois homens desconhecidos sentados ao lado do Caio. — Me esperando?

— Estes são o capitão Antunes, e o tenente Ribas, eles estão aqui porque ouve uma reviravolta no caso.

— Que tipo de reviravolta? — Perguntei confusa.

— Conseguimos finalmente desmantelar a quadrilha envolvida em seu sequestro, e agora está livre para voltar a vida normal. Não precisa mais se esconder — disse o capitão.

— Não entendi, como isso é... eu estou livre? — Minha boca secou instantaneamente enquanto tentava processar aquela informação. — Vocês prenderam o chefe da quadrilha?

— Se acalme — murmurou Caio segurando minha mão quando tentava controlar a tremedeira que se formava.

— O crápula era um policial que foi afastado do cargo por corrupção — afirmou o coronel.

— E como descobriram assim tão... rápido... é que... Caramba que loucura!

— Não foi assim tão rápido — disse o capitão. — Essa investigação durou anos, e já estávamos perto de resolver o caso quando aconteceu o confronto ao qual esteve envolvida.

— Ainda me parece confuso, eu realmente não sei o que pensar — refleti impaciente enquanto era observada por olhos atentos.

— Nosso trabalho é assim mesmo, Ana, cheio de surpresas — Caio beijou minha mão tentando me acalmar, mas não pude deixar de perceber que também estava inquieto.

— Está nas mídias sociais, e em todos os jornais, nacionais e internacionais — disse o tenente Ribas colocando algumas folhas sobre a mesa.

— Não falo inglês, e só leio em braile — respondi empurrando o jornal, mas não sem antes ver a foto de alguns policiais na primeira página.

— Era para a sua foto estar nessa matéria. Não a desses caras que não fizeram metade do que você fez — disse Caio ao pai. — Um trabalho de anos, isso não é justo!

— Também não achei justo — concordou o capitão. — O Batista pegou o caso de bandeja. Por isso estou aqui, não vou deixar que o trabalho do Arlindo passe despercebido.

— Não me importo, eu só quero que esse pesadelo termine, porque já afetou a vida de muita gente — disse o coronel.

— Eu sinceramente não estou entendendo essa história. O coronel se afastou, e em questão de dias o caso foi resolvido? —Questionei desconfiada.

— Na verdade, foi uma grande parceria, o meu afastamento não mudaria muita coisa — disse o coronel se servindo de uma xícara de café.

— Sei que é confuso, mas está tudo bem agora — afirmou o capitão. — Aquela invasão que estourou seu cativeiro nos abriu portas, e por mais que não se lembre de tudo, você faz parte dessa conquista.

— Fiz parte — revirei os olhos. — Eu sequer me lembro do que aconteceu.

— Nos ajudou mais do que pensa — afirmou o coronel. — Até as declarações em sonhos, pesadelos, tudo serviu de ajuda para fechar o quebra-cabeças.

Pela Força do Destino  - A Magia do OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora