Capítulo 28 Parceria de milhões

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Horas se passaram desde a discussão de pai e filho, e agora a casa estava envolvida em um completo silêncio. Por mais que tentasse pensar em algo que pudesse ser útil, nada vinha em minha mente além de dúvidas e incertezas.

 Mesmo que eu recuperasse a memória e os verdadeiros responsáveis por toda aquela confusão fossem presos, ainda assim, o rastro de destruição seria grande o suficiente para que nada mais fosse como antes.

 Sinceramente? Eu cheguei a pensar que seria melhor não me encontrar com o Eduardo, me sentia atraída pelo seu irmão, e isso seria uma traição sem tamanho, mas como evitar me sentir assim?

— O que você está fazendo, Ana? — Me questionei parada naquele gramado, enquanto lutava contra minha vontade de ir até ele.

A lua estava clara, e de longe pude avistar sua silhueta sentado a beira do lago. Pensei em recuar antes de ser vista, mas não consegui, eu juro que lutei contra minha própria vontade de ir até ele, mas se fosse, eu, ali naquele momento de confusão mental, talvez quisesse uma companhia, nem que fosse apenas para sentir que não estava sozinha.

— Agora é tarde para recuar — afirmei ao ver que ele havia percebido a minha presença.

Me aproximei, e sem dizer uma única palavra me sentei ao seu lado, tomando a liberdade de usar o seu ombro como apoio para minha cabeça. Uma de suas mãos automaticamente foi para meu joelho aonde acariciou levemente, dando a entender que a companhia era bem-vinda.

— Você me chamava de senhor marrento — ele quebrou o silêncio enquanto olhava fixo para o lago.

— Sério? — Me virei para encará-lo. — Porque só consigo te ver como o senhor sensível, e preocupado com aqueles que ama.

— Eu estava pensando em como me cobro por todas as coisas que dão errado a minha volta, e me perguntando se meu pai não faz o mesmo. Ele se afastou e ficamos perdidos.

— Não é fácil carregar as responsabilidades que ele carrega. Bem... nenhum de vocês.

— Somos adultos, cada um enfrenta suas próprias batalhas, mas é tão difícil. Sinto falta de um abraço de pai, de ouvir que ficará tudo bem, isso é errado?

— Se sentir humano, e aceitar que precisa daqueles que ama não deveria ser errado, então, eu acho que não.

— Às vezes sinto que não sou digno dessa família, sou um cara muito complicado, e...

— Enquanto ficar se culpando por todas as tragédias do mundo, não vai se encaixar em lugar nenhum. O seu pai não tem que cruzar essa ponte sozinho, vocês precisam percorrer a outra metade do trajeto.

Respirei profundamente, já me arrependendo de ter falado aquilo, temia ser invasiva demais, mas agora, não tinha como voltar atrás...

— Eu não consigo, Ana — disse ele entrelaçando nossos dedos ao segurar a minha mão.

— Eu entendo que o fato dele ter omitido fatos importantes sobre meu real estado, tenha sido um baque. Mas já parou para pensar, que se ele não tivesse tomando algumas atitudes extremas, talvez eu realmente estivesse morta?

— Tudo bem esconder de mim, mas o Eduardo é seu namorado, ele tem o direito de saber.

— Saber que a namorada está viva, e o esqueceu?

— Saber que ao menos está viva, poder olhar para ela, e pedir o perdão que ele tanto anseia, por não ter conseguido protegê-la. Poder seguir a vida, sem se culpar todos os dias por isso — afirmou com a voz embargada. — Minha mãe jamais aceitaria essa situação, e o velho sabe disso.

Pela Força do Destino  - A Magia do OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora