ATENÇÃO!
ESTE CAPÍTULO CONTÉM GATILHOS DE PRESSÃO PSICOLÓGICA E EMOCIONAL.
Eu acordei no sofá, estava confusa e tinha o coração acelerado. Por um instante pensei que fosse mais um dos meus inúmeros pesadelos, mas a aglomeração de pessoas a minha volta, me dizia que era muito real.
— Não fiquem em cima dela, precisa respirar — orientou dona Solange. Ela me lembrava muito Kiese, tanto na atenção, como na aparência.
— O que aconteceu? — perguntei ao ver aquela gente toda me observando.
— Você desmaiou de repente — explicou Eduardo, me olhando preocupado.
— Está se sentindo melhor? — Caio colocou a mão em minha testa.
— Pode ser hipotensão, mulher grávida tem muito disso.
Ao ouvir aquela voz novamente, tive certeza de que realmente não foi um sonho. Busquei forças de onde não tinha na tentativa de não perder o controle e acabar demonstrando meu desespero. Não sabia o quão perigoso seria se percebessem que recuperei a memória, e que os reconheci.
"O Nil me contou que conhece os filhos do coronel Arlindo Pontes, eu preciso muito dar um recado a ele"
A voz de Estela ecoava pela minha cabeça...
"Diga que a gêmea desaparecida, é a mãe do Nil, ela foi assassinada, mas o filho está aqui. Você precisa avisar que sua família corre perigo, ele procura no lugar errado".
Eu vi aquele homem ao lado do coronel, e minha vontade era de gritar aos quatro ventos quem ele era, mas o pavor me dominava, simplesmente não consegui.
"Aquele homem é obcecado pelo coronel, quer destruí-lo a todo custo, e não vai parar até conseguir".
— Isso sempre acontece? — o tio perguntou desconfiado.
— Estou melhor, não se preocupem, devo realmente ter tido uma queda de pressão — comentei sufocada.
— Então é melhor não ficar esse acúmulo de pessoas em volta — sugeriu o coronel.
— Verdade — concordou o tio. — Se quiser descansar, os quartos são bem arejados lá em cima.
— Eu posso ficar com ela — disse a Suelen. — Se não se importarem, é claro.
— Você vai ficar bem? — Caio me olhou preocupado.
— Se estiver sentindo alguma coisa, por favor, nos diga — agora foi a vez do Eduardo se manifestar.
— Tudo bem, eu só preciso descansar um pouco.
As informações em minha mente iam e vinham fracionadas. Não dava para confiar em tudo o que me lembrava, mas ali eu tinha certeza, absoluta, de que aqueles homens eram, sim, os meus sequestradores. A voz do Cobra foi como um gatilho, as lembranças vieram carregadas de medo, pavor, sofrimento e, ao mesmo tempo, desejo de justiça.
Estela não sobreviveu, ela nunca voltou de fato para a família. Nil nunca conheceu o mar, a Shelia jamais pisou em uma passarela. Tantas vidas roubadas, sonhos interrompidos, famílias destruídas, pessoas prejudicadas por absoluta maldade. É assustador pensar que o ser humano possa ser tão cruel ao ponto de prejudicar o seu semelhante dessa maneira. Mais assustador ainda, é pensar que alguns que juraram servir à justiça e proteger os inocentes cometiam crimes bárbaros e ainda poderiam ficar impunes.
— Fiz um chá, pode dar a ela, não faz mal — disse dona Solange entregando uma xícara nas mãos de Suelen assim que chegamos no quarto.
Não consegui dizer nada, mas também não tomaria o conteúdo oferecido por ela, agora naquele lugar, nem os peixes do aquário me inspiravam confiança.
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Pela Força do Destino - A Magia do Olhar
RomanceMinha vida mudou radicalmente nos últimos anos, e digo com propriedade que quando vivia no escuro as coisas pareciam ser bem mais fáceis. Já parou para pensar em como seria complicado fechar os olhos e tentar se movimentar em um local estranho e che...