Capítulo 27 Crise familiar

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Quando acordei já passava do meio dia e a barriga roncava de fome, então tomei um banho rápido, coloquei um short jeans, uma regata, e desci preparar alguma coisa, mas fui surpreendida por um monumento em forma de homem, de short e camiseta regata assando carne no quintal...

— Olhe só, a bela adormecida acordou! — Disse ele com um sorriso.

— O estômago protestou e fui obrigada — falei enquanto tentava me acostumar com a claridade.

— Um drink estupidamente gelado para relembrar os velhos tempos!

Ao ouvir aquela voz me virei e dei de frente com uma moça loira de olhos claros e cabelos curtos bagunçados que passou por mim ignorando completamente a minha presença, e é lógico que não deixei de notar seu biquíni minúsculo naquele corpo magrelo e comprido, o que me causou uma espécie de irritação chamada ciúme.

— Essa é a Kimberly, vizinha dos fundos — Caio sorriu bebericando seu drink.

— Vizinha e ex-namorada desse abusado que não me apresenta direito — respondeu entrelaçando os braços ao redor de sua cintura. — Pode me chamar de Kim, eu odeio o meu nome.

— Namorada? Eu tinha treze anos, mal sabia beijar na boca, sua pedófila! — Caio fez uma careta enquanto sorria.

— Não seja exagerado, são só dois anos de diferença, e você bem que gostava — a estranha sorriu com malícia.

— Eu acho que vou preparar um suco — me afastei estranhamente enciumada.

— A moça não bebe? — Perguntou ela saboreando seu drink da nostalgia, enquanto olhava para o Caio como um bife suculento.

— Era só o que me faltava! — Resmunguei assassinando uma laranja a facadas, e observando os dois conversando aos risos à beira da piscina. — Não Ana, definitivamente não, eu te proíbo de sentir ciúmes desse cabide desbotado!

— Precisa de ajuda? — Perguntou Marie. — Eu acho que essa laranja não serve para muita coisa mais.

— É, pelo visto não levo jeito para...

— A Kim e os meninos sempre foram muito próximos. Isso lhe incomoda? — Perguntou ao perceber meu olhar indiscreto na direção deles. — Já tive ciúmes de meus amigos quando tinha a sua idade, isso é absolutamente normal.

— Ah, não, eu... é estranho saber que fomos tão ligados, e agora não me lembro deles — voltei o meu olhar para ele novamente.

— Não fique pensando nas memórias que perdeu, agora ele está aqui, quem sabe não ajuda a se lembrar — Mary sorriu pegando o espremedor de laranjas.

— Senti ciúmes — assumi. — Eles têm lembranças a serem compartilhadas, mas eu sequer me lembro de como nos conhecemos.

— Eles não se viam a dez anos — disse ela. — Mas não se sinta intimidada pela Kim, tiveram um namoro de criança, nada além disso.

— Dez anos?

— Desde que Ana sofreu aquele acidente, os meninos não vieram mais. Essa casa já foi palco de muitos momentos felizes, mas agora é tão vazia que chega a doer, sabe? — Mary passou o olhar pelo cômodo com lágrimas nos olhos. — É bom ter vocês aqui.

— Obrigada — sorri observando suas feições saudosas.

— Vou dar uma ajeitada nos quartos, se precisar estarei lá encima.

Quando Marie se afastou, peguei meu suco e retornei para a área da piscina, aonde agora, ele estava sentado em uma cadeira, e ela deitada de bruços na esteira ao lado, parecendo um calango tomando banho de sol.

Pela Força do Destino  - A Magia do OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora