Na manhã seguinte, Michael me chamou bem cedo, praticamente abrimos a universidade com a zeladora e algumas pessoas, que disseram ser funcionários de uma empresa que faria alguns reparos no prédio. Eram as mudanças chegando, finalmente iam instalar corrimões onde ainda não existiam, placas escritas em braile nas portas e corredores, rampas e algumas grades de proteção, o que facilitaria e muito, não só a minha vida, como a de outros alunos com deficiências.
O prédio, apesar de ser antigo, como o Michael disse; já apresentava diversas adaptações, mas algumas precisavam ser feitas e a minha chegada meio que agilizou o processo.
— Bom dia — disse Eduardo, se sentando ao meu lado poucos instantes antes do início da aula.
— Você está bem? — arrisquei a perguntar.
— Estou, sim, e você como está?
— Com sono — murmurei desanimada.
— Pelo jeito também teve uma noite ruim, eu sinto muito por ser o responsável por isso.
— Você está bem mesmo? — insisti ao notar a oscilação em sua voz.
— Eu imprimi o trabalho, só falta entregar. Estive pensando em tentarmos utilizar o programa em sala de aula para ver se consegue se concentrar com o barulho.
Aquela resposta me fez perceber que ele não queria discutir o assunto, então decidi não insistir. Para ser sincera, também estava com dor de cabeça, talvez pela privação do sono, não sei. Por isso, optei por ficar em silêncio, e durante a aula nos restringimos a falar apenas sobre a matéria.
— Você não vai sair? — perguntou ele, quando soou o sinal do intervalo.
— Estou indisposta, pode ir, vou arrumar as coisas e te encontro na sala especial após o intervalo — murmurei debruçada sobre mesa.
— Posso buscar um sanduíche, o que acha?
— Não precisa se preocupar comigo, Edu, eu estou bem.
— Coma ao menos uma barra de cereal — disse colocando em minha mão, e acabei aceitando.
— Como está o Caio?
— Viajou logo cedo, disse que vai passar uns dias fora, surgiu um serviço de última hora.
— Estranho — murmurei pensativa.
— O que é estranho, Ana?
— Que tipo de confusão seu irmão se meteu, Edu?
— Eu realmente não estou conseguindo acompanhar seu raciocínio.
— Era para o Caio estar em algum lugar hoje, mas não me pareceu um assunto de trabalho.
— Ok, me explica isso direito, foi o Caio quem te disse isso?
— Não, na verdade, nem sei porque estou comentando isso, não é da minha conta.
— Mas pode ser da minha, porque ele pode ter se envolvido em alguma confusão, então me conte o que sabe, por favor.
— Mas eu não sei de nada. O cara chegou falando coisas confusas, era como se estivesse ameaçando o Caio, sei lá, não entendi muita coisa porque estava dentro do carro.
— Onde foi isso, Ana?
— Em frente a minha casa — afirmei.
— Mas, o que o Caio tem na cabeça!?
A mudança em seu tom de voz, somada a maneira como reagiu, me deixou ainda mais confusa...
— O que está acontecendo, Edu?
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Pela Força do Destino - A Magia do Olhar
RomanceMinha vida mudou radicalmente nos últimos anos, e digo com propriedade que quando vivia no escuro as coisas pareciam ser bem mais fáceis. Já parou para pensar em como seria complicado fechar os olhos e tentar se movimentar em um local estranho e che...