Capítulo 14 Tempestade sombria

58 12 336
                                    


Diferente do Eduardo que era racional, ponderado e tranquilo, o Caio era a imagem do caos em pessoa. Impulsivo e direto na mesma medida que debochado, tanto que eu nunca sabia quando algumas situações eram sérias ou brincadeira, e isso me deixava um pouco perdida em sua presença. A verdade é que tanto com um quanto com o outro, eu não conseguia ficar brava por muito tempo, eles tinham o dom de me irritar e acalmar em seguida, e aquela convivência só serviu para confundir ainda mais a minha cabeça...

— Porque a vida é tão complicada, Caio?

— Eu parei de tentar entender isso Ana, tenho levado desacerto a tanto tempo que hoje só existo.

— Acho que ela realmente confundiu vocês dois. Eu ouvi sem querer uma conversa no banheiro e não me pareceu ser armação.

— Não acredite em tudo o que ouve Ana, vai por mim, essa história é mais suja do que pensa.

— Como assim?

— Elas são primas, inclusive foi a própria Vanessa quem nos apresentou em búzios na virada do ano, e desde então, a Patrícia fez de tudo para ficar comigo. Tínhamos alugado uma casa de veraneio para passar o feriado de carnaval, era tipo uma pousada com várias suítes. — explicou. — Estávamos em um grupo de seis casais, fizemos várias brincadeiras e uma delas envolvia doses de caipirinha de tequila, aonde com exceção da Vanessa, e a prima que bebiam socialmente, todos acabaram passando do ponto.

— Não entendo como ela foi parar contigo no banheiro.

— Tudo o que me lembro, é que em um instante eu estava estava no andar de baixo com a galera, e no outro acordei com a Vanessa sentada a beira da cama chorando sem querer me contar o motivo. Ela passou o feriado me evitando e depois quando retornamos, terminou comigo alegando que eu transei com a prima dela no banheiro enquanto ela dormia na cama.

— Ela estava no quarto? — Perguntei espantada. — Ué, mas dizem que quando bebe demais não consegue fazer nada, tem certeza de que...

— Eu fico ainda mais animado sob efeito do álcool, mas enfim, a Vanessa estava com dor de cabeça, tomou remédio e foi para o quarto se deitar. Disso eu me lembro porque fiquei um tempo com ela até que dormisse e depois voltei para a sala.

— Mas ninguém ficou sabendo?

— Não, a Patrícia pediu que ela não contasse, porque não queria que o Eduardo soubesse. Ficou como se tivesse nos confundido e para mim a versão foi outra mais pesada.

— Tenho até medo de perguntar que versão é essa.

— Ela me acusou de ter forçado o sexo Ana, então, teoricamente eu havia estuprado a namorada do meu irmão.

— Até parece que ela não te denunciaria se fosse verdade.

— Ela chorou fez uma cena digna de um Oscar, me senti um lixo humano, um verdadeiro monstro, não me conformava por ter feito tal coisa. Não conseguia olhar para o Eduardo, mergulhei em um abismo que parecia não ter fim por meses, até que um dia ela mesma admitiu em uma briga comigo, que havia mentido sobre o sexo sem consentimento e veio com essa história sem fundamento de que confundiu os dois.

— Que cobra — balancei a cabeça ainda mais espantada.

— Eu me torturei tanto tempo por ter feito uma brutalidade dessas e descubro que ela mentiu para se divertir, porque foi isso que ela fez.

— E ainda assim escondeu do seu irmão — concluí.

— Seria a palavra dela contra a minha. Eu não ia arriscar, essa garota é dissimulada poderia piorar e muito a minha situação com o Eduardo.

Pela Força do Destino  - A Magia do OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora