Capítulo 35 Zerando as contas

34 5 175
                                    

Rodamos alguns minutos por uma rua repleta de restaurantes e bares movimentados, até que por fim, Caio entrou no estacionamento de um bar, onde havia mesas, tanto na área externa, como interna. Seguimos por um lance de escadas que nos levou a um ambiente bastante aconchegante, que apesar de cheio, não estava lotado como os outros que vi ali perto, o que particularmente achei muito bom, não estava com cabeça para muitas movimentações.

— Eu reservei uma mesa, quero que conheça uns amigos — disse ele me levando pela mão até o canto do palco. — Já devem estar chegando.

— Não estou muito sociável ultimamente — comentei me sentando ao seu lado.

— Chegaram — ele acenou para uma galera que se aproximava.

Ao olhar para a entrada, avistei um casal se aproximando de mãos dadas ao lado de um rapaz de cabelos grisalhos. A moça era clara de cabelos lisos, compridos, sorriso tímido e andar delicado. O rapaz que a conduzia, era um jovem de pele escura e olhos claros que não passavam despercebidos, eu nunca tinha visto alguém com essas características, e fiquei encantada com tamanha beleza. Era alto, e forte, imaginei ser algum dos amigos policiais do Caio, mas depois descobri ser um mestre de capoeira dono de uma confecção de moda praia, o que achei muito bacana.

— Boa noite — disse o jovem de cabelos grisalhos apertando a mão do Caio e repetindo o ato comigo. — Muito prazer, Leone.

— Ana Clara — ri com as bochechas coradas.

— Bianca — a moça se apresentou.

— Tudo bem, Ana? — Perguntou o outro rapaz. — Meu nome é Rodrigo. Me desculpe o nervosismo, eu queria muito te encontrar.

— Eu? — Olhei para ele que parecia realmente emocionado, e depois voltei minha atenção para o Caio, que piscou baixando levemente a cabeça como um sinal de que estava tudo certo.

— Sim, você.

— Não entendi — sorri confusa.

— Posso te dar um abraço?

Demorei alguns segundos para assimilar o seu pedido, ele me olhava com uma admiração que não sabia de onde veio, mas como ninguém reagiu negativamente, eu aceitei.

— Claro.

Percebemos que o abraço é sincero quando é dado com vontade, e assim aconteceu naquele momento. Ele me apertou em seu peito sussurrando em meu ouvido um, "obrigado", que me deixou ainda mais confusa. O abraço demorou um tempo, e então, me soltou limpando o rosto com a mão. Eu não compreendi aquela atitude, mas confesso que fiquei igualmente emocionada.

— Quem é? — Perguntei ao Caio enquanto nos sentávamos.

— Ele é irmão da Sheila — respondeu.

— Quem é Sheila? — Sussurrei um pouco mais alto do que devia.

— Ela esteve no mesmo cativeiro que você — afirmou Caio apertando minha mão.

— Eu sinto muito — falei para o jovem que me observava com lágrimas nos olhos.

— Minha irmã era uma moça linda, cheia de planos, foi muito cruel o que fizeram com ela — disse o Rodrigo, e só então entendi o seu comportamento diante de mim.

— A moça que veio com a promessa de ser modelo — afirmei ao me lembrar de que Michael havia comentado comigo.

— Sim, e graças a você, descobrimos que ela também esteve naquele cativeiro. A luta chegou ao fim, finalmente pude levar seus restos mortais para minha cidade, e dar uma despedida decente a ela. Você não tem ideia de como isso era importante para minha família, para mim, foi como se um peso insustentável fosse tirado dos meus ombros. Hoje posso dormir em paz porque a justiça foi feita.

Pela Força do Destino  - A Magia do OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora