Capítulo 39 Lembranças

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Depois daquela noite de surpresas desagradáveis, passamos a nos reunir com frequência, e com isso, criamos um vínculo muito forte entre amigos. O Beto pediu desculpas a Suelen, e prometeu não mais a incomodar. É óbvio que não acreditamos naquela promessa, mas não tivemos muitas escolhas, já que a decisão de aceitar, ou não, aquele pedido, era única e exclusivamente dela.

— Obrigado pela carona — disse Suelen se ajeitando no banco de trás do carro do Eduardo, enquanto eu me ajeitava no da frente, já que foi o que me sobrou quando elas se adiantaram.

Era dia de ajuste no figurino da apresentação, e havíamos acabado de sair da costureira quando começou a chover. Nos escondemos embaixo de um toldo a frente de um comércio fechado enquanto Cibele tentava chamar um carro de aplicativo, porém, Eduardo passou por nós, e acabou nos dando uma carona...

— Se fosse outro, passava reto para não ter que molhar o banco do carro — comentou Luíza.

— Jamais ligaria para isso — Edu respondeu saindo com o veículo.

No rádio tocava uma seleção de músicas rock pop nacional das antigas, ele dirigia pensativo, eu avulsa ao lado, e as meninas tagarelando entre elas...

— Eu amei o modelo da saia — comentou Cibele. — A do ano passado mal mostrava as pernas.

— Vocês ainda têm o que mostrar, mas eu pareço uma garça saltitando no banhado — protestou Luíza nos fazendo rir.

— Eu preciso de um regime — murmurei ao me lembrar de que o top ficou apertado.

— Regime para quê? — Eduardo espiou discretamente minhas pernas nuas naquela saia jeans curta, e balançou a cabeça.

Antes não ligava para a aparência, isso não fazia diferença, afinal, eu não tinha com o que comparar. Não conhecia padrões de beleza impostos pela sociedade, e vivia bem com isso, mas agora tudo mudou. Eu estava vaidosa, queria parecer bem aos olhos das pessoas, e receber o olhar do Edu daquela forma, me fez pensar em como as coisas eram diferentes agora, realmente o estímulo visual é tudo.

— Para caber nas roupas — justifiquei ganhando outra olhada daquelas de fazer as borboletas do estômago acordarem.

Ele era tão bonito, que até a maneira como dirigia relaxado naquele banco chamava a atenção. Como pode ser exatamente igual ao irmão, e ainda assim, ser diferente? Olhei de canto para suas pernas, que dentro daquela calça justa, ficaram ainda mais atraentes. Sim, eu sei que não deveria fazer isso, mas foi inevitável, meus olhos pareciam ter vida própria. Mordi levemente os lábios subindo mais um pouco, quando parou no sinal fechado. Ele ajeitou sua postura quando meus olhos, que agora estavam na algema presa em seu cinto, foram para seu tórax, que exibia uma camiseta preta com o símbolo da polícia civil e o distintivo de pescoço, que me causou um calor repentino.

— Pensei que preferisse os bombeiros — sorriu saindo com o carro, enquanto eu procurava um buraco para me esconder.

Agora algumas cenas de nós dois juntos, passeavam pela minha cabeça me deixando com uma mistura de sentimentos que com certeza ficariam martelando em minha mente. Seria possível sentir amor por duas pessoas ao mesmo tempo?

— Tomara que meus pais estejam em casa — disse Luíza quando ele estacionou na frente do prédio.

— Não querem esperar parar a chuva? — Edu perguntou para ninguém em especial, porque as meninas já estavam do lado de fora correndo rumo a entrada do edifício.

— Obrigado Edu! — Suelen acenou correndo para junto das meninas, que não me esperaram.

— Só um pouquinho — disse ele segurando meu braço. — Almoça comigo amanhã?

Pela Força do Destino  - A Magia do OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora