06: o oposto

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Amanda Salles 🍫

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Amanda Salles 🍫

Um sol quente ao ponto de me fazer quase derreter ao sair do carro. Como pode o Rio de Janeiro ser assim todos os dias? Um calor infernal que nunca acaba. Desde as 06:00 da manhã em um trânsito quase sem fim. Graças ao meu pai que me avisou que hoje tá um caos por causa das paralisações de ônibus eu sai mais cedo, mas não adiantou muita coisa. Sai as 06:00 mas só estou chegando 08:30 na faculdade e não é como se fosse longe, era pra ser só 30 minutos de carro. Deixei o carro estacionado e fui logo me adiantando, só vim entregar um trabalho. Tudo porque aquele professor não aceita pdf, como pode isso?

Estamos em um século de tecnologia, mas as pessoas mais velhas não evoluem junto. Não posso reclamar um absurdo já que realmente é um professor de idade.

Depois de entregar todo o trabalho impresso e explicar algumas das coisas já que ele verificou tudo na minha frente para me dar a nota, eu estou correndo para a padaria do outro lado da rua. Tudo que eu queria era o misto quente e um café forte. E não existe nenhum lugar que faça um melhor do que aqui. Me sentei no balcão esperando e eles já sabem que nem preciso fazer o pedido, sempre é o mesmo.

—Obrigada, Felipe! —Agradeci o rapaz que me olhou dando um sorriso. E que sorriso maravilhoso.

Provavelmente a dona não deve estar atendendo hoje e mandou o filho, como ele vem as vezes também já está acostumado com o meu pedido.

—Tem tempo que não te vejo. —Levantei meu olhar vendo ele me entregar a xícara com o café. —Açúcar?

—Sim, por favor. —Ele me entregou os sachês. —A gente se viu semana passada.

—Isso significa que já tem 7 dias que não olho pra esse seu rosto bonito. —Outra vez um sorriso enorme e alinhado cresceu em seus lábios.

—Tá contando os dias? —Dei risada vendo suas bochechas ficarem levemente vermelhas. —Esse semestre não tá tendo muitas aulas presenciais.

—Acho que vou ter que conversar com os professores sobre isso... —Não consigo evitar sorrir com a sua brincadeira.

Despejei um dos pacotes de açúcar no café enquanto conversamos sobre coisas da faculdade. Não estamos no mesmo curso, mas algumas vezes nos cruzados lá dentro. Estava entretida conversando quando de repente senti uma mão na minha cintura me fazendo dar um sobressalto e arregalar os olhos olhando para o abençoado. Minhas sobrancelhas se uniram no instante em que o Lennon se sentou ao meu lado.

—Mais um misto aqui. —Felipe dividiu o olhar entre eu e ele. —Algum problema?

—Não, é pra já. —Felipe saiu balançando a cabeça e não demorou muito pra trazer o outro misto. —Mais alguma coisa?

—Quer mais alguma coisa? —Ele se virou arrastando o prato pra mim.

—O quê? Pra que outro? —É verdade que provavelmente eu pediria outro já que sai de casa sem comer nada.

PERDIÇÃO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora