39: viveremos por vocês

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Amanda Salles 🍫

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Amanda Salles 🍫

Me apoiei no carro esperando Lennon terminar de conversar algo com o Marechal, talvez a viagem que decidimos fazer. Tirar um tempo longe disso tudo pode ser o melhor momento para esfriar a cabeça, afinal nem consigo imaginar como a cabeça da namorada do Marechal está.

Pelo visto eles passaram por poucas e boas nesse tempo que estivemos fora. É quase como se o Caveira precisasse infernizar a vida de alguém. E pelo pouco que eu sei, tinha sujeira dele até em um problema do passado com o Conrado que só acabou descobrindo por agora.

Fechei os olhos por alguns segundos sentindo o cansaço me abater. O dia já estava quase amanhecendo, enquanto a fumaça saía de dentro do galpão. Minhas unhas estavam doloridas de tanto que as machuquei com os meus próprios dentes, ansiedade dominando meu peito a todo instante.

Pensando em tudo e mais um pouco. O sentimento ruim em meu peito dissipando com a saudade de Eloise me atingindo. Mas também a dor da perda que nunca se cessaria. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas só de pensar no Miguel.

Ele faria 2 anos, estaria em casa conosco babando na irmã mais nova. Meu interior se aquece com mais raiva ainda o Caveira ter usado ele pra tentar sair vivo. Miguel está morto. E nós nos sentimos incapaz de fazer qualquer coisa, porque ele está morto.

Eu queria tanto acreditar nessa história. Queria acreditar que meu filho estaria vivo e em qualquer canto do mundo, não importa se ele estivesse no Japão. Eu largaria tudo e iria apenas para encontrá-lo. Mas eu vi seu corpo naquele dia, mesmo em segredo eu o vi. Observei seu pequeno pescoço observando a nossa marca de nascença que herdei da mamãe e ele e Eloise também herdou. Se ele não tivesse essa marca, eu poderia acreditar que ele estaria vivo.

Mas Lennon já sabia que essa poderia ser uma carta jogada por Caveira e em uma das noites em Londres em que nós dois bebíamos ele acabou dizendo sem querer que ele procurou de todas as formas e me implorou por desculpas por não ter conseguido achar nada.

Levantei meu olhar o observando sorrir levemente. Esse é o Lennon, aos poucos ele parece estar se encontrando e voltando a ser ele mesmo. Há dois anos quando tivemos que sair correndo do país, eu parecia estar vivendo com uma máquina no lugar de um ser humano. Ele evitava contato físico, evitava trocar conversas... Até mesmo não dormíamos na mesma cama. Tanto que quando nos resolvemos na primeira vez que dormimos juntos recebemos Eloise.

Acho que esse definitivamente é um problema nosso.

Tá tudo bem? —Pisquei algumas vezes voltando para a realidade, nem sequer percebendo as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

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