19: era só um chocolate

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Lennon 📍

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Lennon 📍

Já passei em fodidos três mercados e tudo tá fechado. Por algum motivo do caralho nem uma farmácia sequer tá aberta. Até mesmo os botecos perto da comunidade tá fechado. Não foi feito nenhum comunicado, o povo parece ter se juntado contra mim e feito uma greve. Tudo esperando a minha morte, não é possível. Se eu chegar em casa sem esse doce é capaz da Amanda comer meu fígado no lugar.

—Não vamo achar nada aberto, irmão. —Carioca do meu lado já se encontrava impaciente.

—Vamo naqueles mercados mais pra baixo. Deve ter algum aberto, não é possível. —Carioca entortou o pescoço no mesmo instante.

—Tá maluco? Se der alguma merda vamo tá longe de casa. —Ele tinha razão. Mas que merda vai dar em uma ida de dez minutos no mercado?

—Vai ser rápido. —Falei fazendo o retorno e indo na direção das ruas de baixo.

Carioca tinha razão, mas o medo de tomar porrada era maior. Meu carro é todo preto com vidros pretos, talvez evitaria chamar atenção. Ao chegarmos na avenida logo duas viaturas da civil passou por nós fazendo o Carioca ficar com o cu travado já.

—Relaxa, tão sentindo o cheiro de medo há cinco metros já. Todo borrado. —Falei dando risada e estacionei. —Vou lá pegar, dois toques.

—Vai o caralho! Tua cara estampada em todo canto. Deixa que eu pego. Qual tu quer? —Entreguei a nota de cem pra ele.

—Pega de todos os possíveis que der. Menos amargo que ela não gosta. —Ele pegou a nota e entrou no mercado enquanto eu fiquei de olho já com a arma na mão.

Realmente, polícia pra todo lado e passando a todo instante. Não é tão comum, não por essa áreas. Então isso me faz pensar no que esses ratos estão aprontado. Até me perdi em pensamentos, só fui voltar a focar quando vi Carioca entrando no carro disparado.

—Vai, vai, vai! —Ele bateu no meu braço.

—E o chocolate? —Perguntei e ele jogou a sacola praticamente na minha cara.

—Porra Lennon! Vai logo caralho! —Ele puxou a arma e só então ouvi os disparos.

—Tu não ia lá disfarçado filho da puta? —Liguei o carro saindo disparado já percebendo duas viaturas na nossa cola. —Tu meteu assalto?

—Claro pô! —Olhei pra ele indignado e o arrombado sorriu todo orgulhoso.

—Tu tem merda na cabeça? —Ele balançou os ombros apontando a cabeça para o lado de fora. —Tem quantos?

—Três viaturas e uma motoca. Mete marcha que nós despista rapidinho. —Balancei a cabeça negando aumentando a velocidade.

Por ser de madrugada as avenidas ainda não estavam lotadas, então facilitou um pouco a vida. Óbvio que piorava a situação já que fazia ter toda a visão de nós, mas pelo menos os disparos cessaram depois que perceberam que nós não íamos disparar de volta.

PERDIÇÃO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora