Amanda Salles 🍫
2 semanas depois14 dias vivendo igual um animal trancado dentro de casa. Os dias se tornaram escuros, sempre dormindo, dopada de remédios. As noites se tornaram dia, sempre em claro observando as estrelas através da janela do meu quarto. Apenas observando tentando criar forças para seguir em frente, mas a escuridão cada vez mais se coloca ao meu redor.
14 dias sem ver ele, sem ouvir sua voz, sem seus beijos e carícias. Eu realmente pensei por um instante que ele viria, mas não apareceu. Tomei uma rasteira do destino quando pensei que realmente ficaríamos juntos. Praguejei todos esses meses e me arrependi amargamente desejando que nada tivesse acontecido. Apenas uma coisa deveria estar aqui, e ao colocar as minhas mãos sob a barriga eu apenas sinto o vazio. Mas por algum motivo não é tão difícil mais comer, nem mesmo sorrir... Eu tenho feito isso, mesmo que não seja sincero.
Precisava conquistar a confiança do meu pai para conseguir sair de casa. As dores já não eram mais tão evidentes, os médicos disseram que minha recuperação foi mais rápida pelo fato do Miguel ter nascido tão pequeno. O que deveria durar 40 dias de completo descanso, durou bem pouco.
Desci as escadas de casa indo diretamente para cozinha encontrando meu pai segurando sua xícara de café e foliando um de seus livros de direito.
—Está melhor? —Seu olhar se levantou para mim.
—Sim... —Falei tentando manter minha voz em um tom normal. —Vou sair para ir na faculdade hoje.
—Já quer reabrir o curso? —Balancei a cabeça concordando.
—O próximo semestre está perto de começar e preciso ocupar minha cabeça um pouco. Não acha melhor? —Ele puxou o ar talvez meio apreensivo, mas acabou cedendo. —Também vou buscar minhas coisas na maré.
—O quê? Mas de jeito nenhum! —Seu tom de voz aumentou. —Esqueça tudo que está lá.
—O colar que a mamãe me deu tá lá, não vou deixar isso para trás. —Peguei um copo colocando suco de laranja.
—Peça para o Lennon trazer. —Minha mão soltou a garrafa com suco no mesmo instante fazendo ela bater contra o balcão e meu pai soltar um suspiro. —Não vou deixar você subir lá.
—Pai... —Me virei para ele.
—Não tem discussão, Amanda. Peça para ele trazer ou você vai perder o colar. Podemos comprar outra dúzia deles. —Mordi meu lábio inferior pensando em uma forma de não soar grossa.
—Até quando vai me manter presa aqui? Por acaso virei o que, a Rapunzel? —Ele parecia tão calmo e centrado foliando o livro que rapidamente percebi que seria em vão discutir. —Qual é? Eu vou ficar até quando parecendo uma prisioneira?
—Até o dia em que eu morrer. —Cruzei meus braços o analisando se levantar. —Amanda, você tá jurada de morte. Entende a proporção disso? Se pisar o pé para fora da minha visão eu posso acabar perdendo a única pessoa que eu amo no mundo. Tem noção do quanto eu tô assustado com isso?
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PERDIÇÃO (MORRO)
RomanceAmanda é a típica filha de pais ricos que vive na área nobre do Rio de Janeiro, mas graças às suas amizades logo tudo mudaria. Ao mentir para o seu pai -um juíz renomado e conhecido- que iria dormir na casa de uma amiga, de repente ela se viu em um...