17: vida

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Lennon 📍

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Lennon 📍

Não tive nem reação, só fiquei estático vendo ela chorar. É a primeira vez que eu vejo ela chorar tanto. E não só eu, todo mundo ficou em choque. Até mesmo o Marechal que tinha acabado de entrar no bar paralisou bem na porta e ficou olhando sem entender nada.

—Qual foi, Amanda? —Me abaixei na frente dela. —Não precisa chorar assim pela parada que eu falei. Desculpa...

—Para, Lennon! —Ela gritou em meio aos soluços. —Não tô chorando por isso... —Seus olhos me encontraram e então eu percebi que era verdade o que ela sempre disse. Seu rosto fica vermelho igual um pimentão e seus olhos ficam ainda mais azuis.

—Então me diz, vida. Por que tá chorando? —Dandara me deu um empurrão leve por trás e apontou para o lado de fora. Logo entendi seu recado e agarrei os braços da Amanda levantando ela. —Vamo sair daqui.

Ela não disse nada, se agarrou no meu braço enfiando o rosto e andando igual uma pata do meu lado. Provavelmente envergonhada e não queria que ninguém olhasse para seu rosto. Maior besteira, a mina fica linda até chorando.

Confesso que senti um certo desconforto quando ela falou aquelas paradas. Eu realmente pensei que a gente tava tendo um lance maneiro, antes pensei que era só sexo. Mas quando vi que ela foi embora sem nem dizer um tchau, fiquei boladão. Como alguém só sai assim?

Mas por conta das invasões e de organizar toda a sujeira do Turco acabei ficando mais ocupado que o normal. Não tive tempo nem de ir no banheiro. E agora que eu tirei um dia de folga tudo isso tá acontecendo.

—Quer ir pra onde? —Perguntei parando do lado do carro.

—Por que tá de carro? —Ela perguntou secando o rosto.

—Comprei. —Ela levantou as sobrancelhas no mesmo instante surpresa. —Gostou?

—E a moto? —Balancei os ombros e abri a porta pra ela. —Tu vendeu a moto? Por quê?

—Não tava gostando mais e resolvi comprar um carro. —Ela cerrou os olhos provavelmente imaginando que era mentira.

E é mesmo. Ia trocar minha moto, comprar uma outra. Mas quando cheguei na loja bati o olho no carro e me lembrei que um certo furacão odeia ficar em cima de uma moto. Então comprei o carro, no final nem me arrependi.

—Vamo pra sua casa. A gente precisa conversar. —Percebi ela engolindo em seco e balançando as pernas mostrando que tava ansiosa.

Senti até um arrepio pensando em todas as paradas possíveis que ela pode falar. Que o Soares foi atrás dela, ou que o pai dela acordou e descobriu, ou que ela simplesmente não quer me ver mais. Não vou morrer se ela disser isso, mas confesso que vou sentir um certo vazio.

Foi maneiro chegar em casa e perceber que tinha alguém me esperando, mesmo que ela já estivesse dormindo quando eu chegava. Ou ter alguém pra almoçar e jantar no mesmo ambiente. Assistir um filme ou só jogar papo fora. Foi realmente maneiro não me sentir sozinho.

PERDIÇÃO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora