23: impotente

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Lennon 📍

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Lennon 📍

Ficar parado esperando é uma das piores sensações que existe. Todo o plano foi bolado, na minha cabeça sem falha alguma se todo mundo cumprir seu papel. Rio de Janeiro tá calmo, uma parada que poucas vezes acontece. A pedreira tá silenciosa ao ponto de eu ouvir meus próprios batimentos.

Eu queria tá muito enganado, que aquele cara tivesse mentido sobre o Soares tá no Vigário. Deco é o cabeça de lá, se o cara que eu vejo como meu pai tiver me traindo, eu nem sei o que pensar. Tráfico deveria vir antes da família, mas pra mim, não funciona assim. Não tenho ideia do que pensar e isso tem afetado até mesmo a Amanda.

Percebendo que eu tô sempre pelos cantos, acelerado como se tivesse cheirado cocaína. Tudo isso pensando em qualquer possibilidade, menos na do Deco ser um maldito traíra.

—Tá cheirado? —Olhei para o Marechal. —Ta batucando esse negócio maior tempão.

—Me deixa quieto. —Não quero trocar papo com ele, não nesse momento.

Tô só encarando um dos nossos menor disfarçado parado na pedreira esperando o Soares. O que tava me agoniando é que já passou dez minutos do horário e o cara não aparece. A sensação de aperto no peito também tem me deixado aflito. Nunca fui de sentir essas paradas, ou talvez eu apenas não me importava tanto.

Aos poucos deu para ver um carro todo preto com os faróis apagados subindo a estrada de terra. Agarrei a arma sentindo meu coração acelerar. Logo o carro parou do lado do menor que se manteve de costas tentando não mostrar o rosto. Mas como se eu tomasse uma maldita rasteira, só percebi o menor caindo colocando a mão na costela. Com o aval do Marechal geral começou a fuzilar o carro, enquanto eu apenas observava.

Isso não faz sentido algum. Não tem razão para o Soares matar o cara do nada. Sem nem descer do carro.

—Para de atirar! —Gritei agarrando o braço do Marechal.

—Por que caralho? —Marechal tava puto e isso tava me irritando sobre ele. O cara é sempre calmo, mas nos últimos tempos nem tá parecendo ele mesmo. —Lennon, que parada tá acontecendo contigo?

—Eu mandei parar de atirar! —Todo mundo cessou os tiros e alguns foram correndo para socorrer o menor.

Ao me aproximar do carro olhei pela janela abaixada e tive a certeza, não é o Soares. Arranquei a touca que o cara tava usando e vi um moleque novo, talvez não tivesse nem idade pra tá no crime e agora tá com o corpo todo fuzilado. Antes que Conrado se aproximasse empurrei ele levemente, ele não tinha que ver essa cena.

—Qual foi? —Ele perguntou me olhando de cima em baixo.

—Bota proteção na tua mulher e nas tuas crias. —Corando só me encarou sem entender nada.

—Dandara tá em minas com a família, meus filhos tá lá também. O que tá acontecendo? —Balancei a cabeça negando olhando pra dentro do carro outra vez.

PERDIÇÃO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora