28: de quem é a culpa?

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Amanda Salles 🍫

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Amanda Salles 🍫

Uma sensação estranha dominava meu peito, apertando, fazendo o ar faltar. O grito que deveria rasgar minha garganta era substituído por uma ânsia de vômito. Eu agarrava com tanta força as mãos do Lennon que entenderia se ele se desmontasse, mas ele apenas me observava segurando o meu cabelo para que não viesse ao meu rosto.

—Porra... —Gritei sentindo o choro se entalar na minha garganta.

—Mais uma vez! —A médica disse em tom alto.

—Não consigo... Não dá... —Sussurrei em meio a dor.

—Você é forte, princesa. Você precisa fazer isso. —Lennon sussurrou próximo ao meu ouvido deixando um beijo na minha bochecha. —Tô aqui contigo, vida. Mais uma vez, você consegue.

Com todas as minhas forças empurrei, implorando para que dessa vez o bebê saísse. A pressão se instalava em minha barriga, eu sentia tudo se abrindo. E como se fosse um tampa de repente eu senti alívio. Joguei minha cabeça para trás batendo contra o colchão e fechei os olhos em completo alívio.

O mundo que antes era barulhento se tornou silencioso, apenas aguardando pelo choro do nosso filho, esperando para que ele viesse para meus braços. Mas depois de dois minutos o silêncio permaneceu, abri os olhos observando ao redor vendo outro médico agarrar meu bebê e sair correndo de dentro da sala.

—O que tá acontecendo? —Perguntei para a médica que apenas levantou o olhar para mim. —Pra onde estão levando o meu bebê?

—Tá tudo bem, mãezinha... —Olhei para o Lennon que ficava entre a porta e eu, tentando decidir para onde iria.

—Eu quero o meu filho! Pra onde vocês levaram ele? —Gritei desesperada e o Lennon me soltou indo para a porta.

O que era agitado aos poucos foi se tornando um borrão, como se um calmante tivesse sido aplicado. Forcei meus olhos a ficarem abertos, mas nada adiantou. Logo a escuridão dominou completamente minha cabeça.

...

A luz branca me incomodava, o barulho repetitivo da máquina adentrava meus ouvidos em uma altura estrondosa. Abri os olhos tentando me adaptar a claridade, quase em vão. Ao observar ao redor me deparei com o meu pai sentado na poltrona com a cabeça entre as mãos olhando para o chão.

—Pai... —Minha boca estava tão seca que minha voz quase não saia. Mas rapidamente ele levantou se colocando ao meu lado.

—Filha! Como você tá? Tá sentindo dor? —Balancei a cabeça negando. —Vou chamar algum médico.

—Pai? O meu filho? Onde ele tá? —Seus olhos vagaram para longe de mim e no mesmo segundos meus olhos se encheram de lágrimas. —O que aconteceu?

—Quer esperar o Lennon? —Ele perguntou enquanto eu sentia meu mundo desabar.

—O que aconteceu? —Perguntei mais uma vez sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto descontroladamente.

PERDIÇÃO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora