26: irmã

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Amanda Salles 🍫

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Amanda Salles 🍫

Passei pela porta de casa me apoiando e puxando o ar com força. Meus pulmões doem, minhas pernas latejam e o meu coração está apertado. Tudo de uma vez. Não sei o que pensar, o que fazer ou se quero lutar contra isso. Mas uma maldita voz lá no final me diz para lutar, para ser forte. Tenho um filho que precisa de mim e não posso deixar Lennon sozinho. Mas eu não quero ser forte. Estou cansada de ser forte. De aguentar tudo.

Senti um arrepio passar pela minha coluna quando me apoiei no sofá me abaixando lentamente, sentindo o olhar de Lennon cravado nas minhas costas. O silêncio era perturbador e eu sabia que não apenas ele queria respostas, mas também Conrado que se mantinha escorado na parede com o olhar para o chão. E pela primeira vez eu consegui ver o Conrado que tanto falavam... a morte estava em seus olhos, o ódio travado em seu maxilar e até mesmo o ar ao redor dele parecia pesado.

Abaixei meu olhar para o chão, não queria falar sobre o que aconteceu e esperava que eles não me perguntassem. Eu sei que precisava dizer, precisava gritar e chorar. Mas por algum motivo não quero desabar. Não na frente deles.

Puxei o ar outra vez prestes a dizer algo, mas a porta foi aberta com tudo e por ela um furacão com cabelo vermelho correu na minha direção. Lara se jogou na minha frente quase me tocando, mas quando me viu recuar ela retirou as mãos rapidamente.

—O que fizeram contigo? —Ela perguntou e eu apenas balancei a cabeça negando lançando um olhar de canto para o Lennon. —Porra...

—Me ajuda a tomar um banho? —Perguntei em um sussurro para que ninguém ouvisse e ela concordou.

Se levantou e sentou ao meu lado para me dar apoio para levantar. Quando fui dar o primeiro passo senti meu corpo sendo levantado e o Lennon começou a me carregar em direção ao quarto. Sem dizer uma palavra sequer. Seu rosto estava tão inexpressivo que eu sequer consigo distinguir seus pensamentos.

—Tá irritado comigo? —Perguntei apenas por perguntar. Queria que ele sentisse algo, que me falasse algo. Eu precisava dele, necessitava ter seu apoio.

—Óbvio que não. —Ele não me olhou e nem mesmo sua expressão mudou. Apenas o silêncio continuou entre nós.

Ao abrir a porta do quarto, ele caminhou lentamente até a cama e sem fazer movimentos bruscos me colocou sobre ela. Suas mãos se apoiaram no colchão a cada lado do meu corpo. Seus olhos estavam fixados em minhas coxas, provavelmente cheio de indecisão sobre perguntar ou não. E ao ouvir seu suspiro e seu olhar se levantar para o meu rosto pela primeira vez no dia, senti meu coração disparar, meus lábios ficarem secos e minhas mãos apertarem o lençol.

—O que fizeram com você, vida? —Ele sussurrou como se estivesse falando consigo mesmo e não esperando minha resposta. —Como eu deixei isso acontecer... Como posso ter sido tão lento...

PERDIÇÃO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora