37: doce vingança 01

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Amanda Salles 🍫

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Amanda Salles 🍫

Aos poucos as luzes do Rio de Janeiro iam se apagando, dando espaço para a escuridão da mata. Lennon dirigindo tranquilamente o carro com Carioca no banco de trás juntos com Marechal que permanecia em silêncio desde que partimos. Fechei meus olhos tentando não pensar em nada. O sangue ainda grudado em minha pele e minha mente girando em um desconforto contínuo.

Eu nem sequer deveria estar pensando nisso. Deveria apenas dizer a mim mesma que aqueles caras eram maus, que iriam machucar as meninas e as crianças. Mas no final, fui eu que retirei a vida de seus olhos, eu que matei e destrui a família de várias pessoas.

—Tá pensando no que? —Tombei a cabeça para o lado no segundo em que ouvi a voz do Lennon.

—Todos vocês já mataram alguém, não é? —Murmurei sentindo logo em seguida o clima mudar. —O que vocês fazem depois? Como se sentem?

—Como tu tá se sentindo? —Carioca perguntou observando-me pelo retrovisor.

—Uma merda... —Escutei a risada bufada de alguém, mas nem me importei.

—Por que sentir pena? —Carioca continuou me observando. —Eles tiraram algo de nós primeiro. Fizeram nós todos sofrer com a perda.

—Mas da mesma forma que nós sofremos, a família deles também vão. Isso é certo? —Perguntei abaixando o olhar. Sentindo o calafrio passar pela minha coluna. —Nós sabemos qual é a sensação, o quanto doeu e o pior ainda, o quanto ainda dói. Por que a dor que eles vão sentir é diferente das nossas?

—Não se cobra assim, vida...

—Ela tem razão. Todos nós somos fodidos pra caralho e isso não faz a dor deles serem diferente das nossas. —Marechal disse. —Mas nós mostramos que o karma é justo. Olho por olho, dente por dente, sangue por sangue. Se derramarem sangue de um dos nossos, não importa quantas pessoas eu tenha que matar e deixar a minha mente ainda mais fodida, eu ainda vou fazer.

Balancei a cabeça concordando com suas palavras. Eu também faria mais quantas vezes fosse preciso. Mesmo que tivesse que carregar esse peso que transborda em minha mente.

—Mas não sentir dor, nem culpa ou qualquer outro sentimento, é psicopatia. Se tu sente Amanda, significa que tu é humana. —Outra vez concordei. —Mas agora é a hora de se tornar um psicopata, porque no nosso porta-mala tá o cara que é o pior tipo de ser humano.

Lennon tirou uma mão do voltante tocando minha perna em uma carícia leve. Mais uma vez fechei meus olhos abrindo a janela do carro deixando o vento frio tocar minha pele. Aos poucos o asfalto ia sendo substituído para uma estrada de terra esburacada. Até que o carro parou em frente a um galpão que ficava no meio do nada. Abri a porta do carro vestindo o moletom por cima da regata cobrindo meus braços que se arrepiava com o frio estranho.

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