Capítulo 1

4.9K 234 40
                                    

Eu olhei para o frasco a minha frente, puxei uma longa respiração e desejei que não fosse isso a me manter são

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu olhei para o frasco a minha frente, puxei uma longa respiração e desejei que não fosse isso a me manter são.

Havia algo de muito estranho em saber que uma pílula te faria ficar bem, e não, não era de droga. Quer dizer, não aquelas pesadas como coca ou crack. Era apenas remédio, um que me dava ânimo para viver.

E pensar que sempre adorei acordar cedo e fazer coisas banais, como abrir a janela e ver o sol brilhando, mas depois daquele dia, tudo mudou para mim. E mesmo agora, seis anos depois, ainda posso ver a decepção em seus olhos, a dor de ser enganada.

A questão é que, também fui uma vítima e, ainda assim, tive que ouvir:

"A culpa é sua, Vinícius!"

"Essa não foi a educação que recebeu, Vinícius!"

"Você deveria crescer, Vinícius!"

No entanto, isso era apenas a raiva dos meus pais, já que ela nem sequer quis me ouvir. É por esta razão que vivo assombrando. O peso do seu olhar, a dor que carregava aquele dia, mesmo que tentasse parecer forte, foi o que me destruiu para sempre.

Eu poderia conviver com o peso de uma culpa que não tenho, porém nunca com as marcas que causei na única mulher que um dia eu já amei, porque feri-la é como enfiar uma faca em meu peito. Magoá-la é como prender meu ar e não permitir que eu respire.

Essa marca, que eu carrego, ela é o pior fardo que alguém poderia ter. E agora, preciso ser forte e continuar seguindo em frente, mesmo que eu só deseje acabar com tudo.

"Quando isso acontecer, respire fundo e se lembre que são só pensamentos intrusivos."

É o que a minha psiquiatra sempre diz, entretanto, existem dias, como hoje por exemplo, que são mais insuportáveis do que outros. Onde cada respiração incomoda, e tudo parece demais. Até mesmo o ato de se levantar.

Olhar para o meu rosto no espelho incomoda. Eu o destruiria agora mesmo se isso não exigisse muito de mim. Desde que me vi nesta situação, coisas, como perder a paciência, perdem o sentido.

Eu poderia, é claro, dar um soco no vidro e sentir dor nos nós do dedos, mas sejamos sinceros, não quero sentir nada. Esta é a razão para ter um frasco de remédio a minha frente, que preciso tomar todas as manhãs. Tudo é insignificante hoje em dia.

Para dizer que não sinto absolutamente nada, tem uma coisa que me faz ver o mundo de outro jeito e estou feliz que, daqui a exatas seis horas, estarei voltando para o lugar que um dia chamei de casa. Estou animado para recuperar o tempo perdido, e, claro, a mulher da minha vida.

Posso ter a deixado para trás antes, contudo, chegou a hora de acertar as contas com o meu passado. Provar que sempre fui inocente está no topo da lista, pois só isso me fará estar perto de Juliana outra vez. E é o que mais desejo. A minha princesa novamente.

Obra do Amor - Série Obras Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora