Capítulo 27

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Eu tentei fugir, confesso

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Eu tentei fugir, confesso.

Tentei esquecer a forma como o meu corpo corresponde ao homem que eu não deveria sentir nada. Tentei até mesmo me convencer de que cometi um erro.

Mas, agora, enquanto olho para seu rosto anguloso, enquanto vejo tanta dor em suas esferas esverdeadas, eu sinto culpa por minhas atitudes.

Posso ser uma chata que só olha para si — e não vou mentir quanto a isso, pois sei que é meu pior defeito —, posso até mesmo ser uma alma rancorosa, no entanto, eu me detesto se perceber que as minhas atitudes ferem outra pessoa. E fiz isso.

Foi eu quem feriu ele. Com palavras e com atitudes.

O meu desejo de apagar tudo e fingir que nunca aconteceu me trouxe ao estágio em que eu só queria mantê-lo o mais longe possível do meu coração. E tudo isso para que, afinal?

Nada que eu faça ou diga vai mudar o fato de que meu coração nunca deixou de bater por ele. De que a minha alma nunca parou de chama-lo em desespero e desalento.

É por isso que estou chorando neste momento, porque nada disso é culpa dele e eu quis que fosse.

Enquanto Vinícius chegou disposto a me ter de volta, a se redimir, eu entrei na defensiva e o tratei mal a troco de nada. Eu fui uma vaca sem coração, e ter feito isso me mata. Me mata mais ainda, que eu tenha o crucificado por tantos anos sem nem ouvir seu lado da história, e que por esta atitude egoísta minha, o único homem que amei esteja ferido.

A vilã sou eu...

Enxuguei as lágrimas ainda escorrendo e me aproximei dele, deixando claro que ouviria, deixando claro que ele tinha todo o direito de derramar suas dores sobre mim.

Vinícius continuava me olhando com raiva e mágoa, mas passou a mão pelo rosto e puxou uma longa respiração antes de abaixar a cabeça e começar:

— Eu acordei com uma denúncia em minha porta aquele dia.

Então minha mente foi transportada as memórias de quando tudo em nossas vidas mudou. Para pior...

Faltava poucos dias para o nosso aniversário de namoro, eu estava a procura do presente perfeito, embora não soubesse o que dar para um garoto que já tinha tudo. Porém, ainda assim, escolhi uma edição de luxo de sua história de quadrinhos favorita: Homem de Ferro.

Ele sempre passava horas me contando detalhes minuciosos e ver aquele brilho lindo em seus olhos tornava o momento tão especial, que mesmo que eu não lembrasse de nada, sempre prestava atenção em tudo.

Mas estava tendo um mal presságio enquanto passava no caixa. Uma sensação estranha de que algo ruim iria acontecer, e nunca tive uma sensação tão forte quanto essa.

Saí da loja rápido e desci até o estacionamento do shopping, onde papai me esperava. Ao me ver, seus olhos se estreitaram em minha direção.

— Tudo bem, Jujuba? — seu tom preocupado me fez engolir em seco e o olhei também, sem sorrir como sempre faço, com uso do apelido carinhoso.

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