Capítulo 45

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Horas antes

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Horas antes...

A dor havia se tornado a minha melhor amiga nos últimos dias.

Eu passei por muitas agressões e torturas psicológicas, e ainda que tivesse me esforçado muito para proteger o bebê em meu ventre, temia tê-lo perdido.

Naquela noite, quando pensei ter morrido, sofri por não ter tido a chance de viver cada fase da gestação, mas, agora... agora eu sofria por perder a vida que eu sempre sonhei em gerar. Eu sofria por não ter lutado mais.

O tempo se arrastava de forma lenta e interminável, e o único desejo em meu corpo era o do fim de tudo. Queria que aquilo acabasse.

Gustavo não estava mais com os irmãos e por isso, pelo menos, pude me sentir aliviada, já que Gabriel parece sentir nojo de mim. Tanto nojo que faz questão de esfregar essa fato em minha cara, taxando-me como uma rata de esgoto.

Não tenho comido ou sequer tomado água, o meu cativeiro se resume a dor e humilhações. E quando penso que será o fim, Gabriel encontra mais e mais motivos para me machucar.

O rosto dele é tudo o que tenho visto por meu olho ainda bom, o esquerdo mal se abre, devido a todos os socos e tapas que levei.

E o que mais tenho temido é, ser morta sem a chance de me despedir dos meus pais. Do meu ursinho. Eu tenho sentido tanto a falta dele, de seu jeito engraçado e dramático.

Eu tenho sentido falta de sorrir e ter esperança. Tudo aqui é cinza e escuro. É sombrio e mórbido.

O meu humor se adaptou a esse cenário. E, agora, conto os segundos para que o meu fim seja mais rápido e indolor do que toda a tortura que tenho suportado.

Eu não aguento mais!

Ergui a cabeça lentamente, sentindo tudo girar, quando ouvi o barulho de passos se arrastando pelo chão.

Deveria ser a hora da minha terceira tortura. Elas aconteciam em um espaçou de quatro horas. Sabia disso, pois podia ver a fresta de luz vindo de um buraco na parede. Era assim que eu identificava se era dia ou noite.

— Tenho uma surpresinha para você, ratinha. — Gabriel diminuiu totalmente a distância entre a gente, ajudando-me a manter a cabeça inclinada. — Não está curiosa para descobrir o que é?

A minha boca continuava amordaçada, então me restava apenas olhá-lo. Um resmungo baixinho me escapou quando seus dedos puxaram os meus cabelos com força, fazendo com que a sensibilidade em minha nuca piorasse.

— Você fica ótima em silêncio, mas quero uma resposta, entendeu? — O monstro a minha frente forçou os meus cachos um pouco mais, e grunhi, tentando assentir. — Bem, assim. Seja obediente, ratinha.

Então, ele me soltou e foi até uma mesa improvisada no canto da sala buscar por uma faca.

O meu corpo paralisou, o medo de que me cortasse novamente era horripilante, enviava tremores a minha pele.

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