Bom dia! Boa tarde! Boa noite!
Como estão humanos? Por aqui as coisas estão começando a se arrumar novamente, por isso cá estou.
Não abandonei nenhum dos meus livros, os tenho escrito com calma e revisado com mais calma ainda porque eu consegui me perder na minha própria história rs, mas tô publicando esse capítulo pra que vocês possam entender o que está vindo mais adiante. Espero que ainda estejam aqui e que gostem muito pois foi feito com muito carinho e atenção.
Obeijo e boa leitura.Até a próxima!!
A brief summary of Lauren...
Tem um bom tempo que está cada dia mais difícil decifrar o que vem passando pela minha cabeça, sou a primeira a admitir que está muito difícil e que estou chegando num ponto perigoso dessa espiral. Em meados de 2014 eu tive a primeira crise e logo depois recebi o que seria o meu primeiro de muitos diagnósticos; ansiedade. Não lembro perfeitamente onde a gente estava mas eu acordei no hotel e não lembrava de nada do que tinha na noite anterior, só sabia que a gente havia chegado na cidade e eu dei um perdido e fui beber, coisa que faço desde muito nova. Depois disso era tudo um borrão.
E por não lembrar de nada eu meio que surtei, acordei as demais no susto e enquanto elas muito preocupadas me perguntavam o que tava acontecendo eu só parei no meio do quarto e bum, desmaiei. Mas foi tão tosco que eu só parei e cai pra frente batendo a cara no chão; depois deu voltar a realidade e sob forte efeito de medicação eu cumpri aquele show e sob fortíssimas ameaças da minha mãe comecei a investigar tal episódio, que voltou a acontecer algumas vezes; até que o primeiro médico disse que era ansiedade. O tratamento não era tão legal nem me garantia eficácia, mas a terapia me ajudou por um tempo a encontrar formas de identificar tais crises e a controlar.
Pela minha criação ter sido bem liberal em alguns assuntos e mais ainda pela minha cultura, conheci bem cedo os benefícios da canabis recreativa. Me lembro que em algumas consultas com a psicóloga eu cheguei a perguntar se podia, ela não foi a favor mas também não disse ser 100% contra; com cuidado, no começo, pra não bater de frente com a medicação eu voltei a essa pequena bengala de apoio.
Só que tudo na vida tem um limite, geralmente bem visível e no nosso alcance pra decidir se vamos seguir ou não. Com poucas crises me pegando eu mesma decidi que não iria mais tomar nenhum remédio, que só a minha bengala era a o suficiente pra ajudar e um tempinho depois, me achando curada, eu comecei a namorar; um rapaz todo errado aos olhos do mundo, mas pra mim ele era tudo. Não lembro onde foi que nos conhecemos mas sei que ele passou a andar junto de mim muito rápido e nesse mesmo ritmo eu fui apresentada a outras drogas mais pesadas e voltei a beber pra esconder as demais coisas.
O hiatus do grupo foi uma pancada imensa em minha vida, a gente não via outra forma de arrumar nossa vida que não fosse com uma separação. Nosso último ano junto como um grupo foi um completo inferno por parte da equipe da gravadora; depois que surgiram os primeiros boatos de roubalheira e a iminência de um processo de falência, nos juntamos e com a ajuda de uma baita advogada nos tornamos, nós quatro, donas da marca Fifth Harmony e de tudo o que foi construído com ela. O único problema era que, pra gente conseguir quebrar esse contrato teríamos de gravar mais um disco e fazer uma turnê com pelo menos 10 shows. Isso tudo pra que eles tivessem algum ganho antes da gente sair de casa; se um dia vocês desejam saber como é o inferno, ou acham que ele é uma metáfora bíblica, é porque não estiveram nos bastidores de uma turnê. Ainda mais quando a tragédia já foi anunciada...
Depois de poucos meses do "fim" do grupo chegamos no Brasil, eu e Halsey, para a nossa primeira tour juntas; eu estava extremamente mal, tava muito magra e tendo uma crise atrás da outra, e eu não podia falar nada disso com os demais pois mentia frequentemente sobre o tratamento que havia largado a meses. Até que meus pais saíram pra jantar numa noite enquanto eu dormia, e uma curiosidade sobre uma crise de ansiedade: ela não avisa quando vem, nem da sinais disso, ela só vem. Eu lembro que comecei a sonhar com algo e acordei sufocada, parecia que tinha uma pessoa apertando meu pescoço todo o tempo, só peguei o telefone e pedi que uma única pessoa viesse ao meu encontro;
Em nossa chegada ao hotel fomos recebidos por uma equipe que ficaria responsável por nossos cuidados durante a estadia, a chefe dessa equipe era a Dara, que na época trabalhava como organizadora dessa rede hoteleira. Pelo excesso de coisas que eu tava usando na época, minha memória não é a mesma coisa, mas lembro que foi a primeira vez que nos sentimos a vontade com todas as decisões, que a gente não tinha um funcionário mala atrás querendo saber a cada passo se a gente queria algo. E quando eu tive a minha primeira crise naquele país foi ela quem me socorreu, sem saber dos detalhes ela só ficou comigo e garantiu que eu ficasse bem; na noite seguinte, pra tentar mascarar os sintomas eu me entupi de coisas e tive a primeira overdose. Foi horrível a sensação, mas dessa vez Dara percebeu o que era e tomei uma senhora bronca que até hoje eu não esqueço, mas foi onde eu comecei a ver que não valia a pena continuar daquele jeito porque se algo desse errado, a única vida que chegaria ao fim seria a minha, todos continuariam suas vidas, menos eu. Porque estaria morta.
E eu achava que não podia existir coisa pior do que eu já havia experimentado, até que comecei o processo de desintoxicação... os primeiros 20 dias me fizeram desejar morrer num tanto que eu cheguei a buscar por isso, nada ficava no meu estômago! A minha própria saliva era motivo pra bater enjôo e eu me acabar de tanto vomitar, sem falar das tremedeiras, febre, calafrios... juro, era melhor a morte nessas horas. Sem merecer eu sei, mas eu tive apoio em todos esses momentos e quando a primeira etapa passou, ao invés deu ser o meu próprio sustento pra continuar, coloquei em cima da Dara toda a minha expectativa de melhorar, eu só estaria bem se ela tivesse comigo; não a toa que no exato momento que ela reencontrou a Dinah e fez ressurgir antigos sentimentos, eu surtei. Não deixei de amar ou querer bem das duas, mas dentro de mim algo mudou com relação a isso, meio que se eu não a tenho por completo tenho que encontrar algo pra preencher isso, esse espaço que ficou supostamente...
Nesse momento já faziam 3 anos que eu tava limpa, não tinha em mim a mísera necessidade de uma taça de champanhe nem nada. Eu sabia que tinha uma doença, que ela não tem cura mas tem controle, e eu estava nele, estávamos conversando a meses sobre um possível retorno do grupo e eu estava bem, feliz; até chegar a notícia de que, o que começou como um namoro, sem fé alguma virar noivado, viraria um casamento muito em breve...
Eu perdi o rumo completamente. Minha mente começou a me pregar algumas peças e eu mudei meu jeito de agir com elas, queria toda a atenção só pra mim, talvez assim elas vissem que não precisava casar. Era só ficarem juntas assim, comigo, que tudo ficaria bem; mas elas não quiseram isso, não pela parte da Dara que nunca quis casar e nunca escondeu isso, mas Dinah sempre quis e a ama o suficiente pra respeitar cada decisão dela. Mas quando a conversa passou a ser de fazerem apenas uma minúscula cerimônia, casar no cartório só, eu vi que a perderia, esse vazio inexistente começou a aparecer e eu fui fraca, recorri aos velhos hábitos. E eu escondi até onde eu consegui e quis também, porque os sinais sempre são fáceis de ver, mas toda essa onda de casamento, jantar... ela não quis ver!
Faltando poucos dias pra elas casarem, fomos todas reunidas e informadas que elas passariam 4 dias numa pequena viagem de lua de mel e que ficaríamos aos cuidados dos meus pais. Odiei, odiei com todas as minhas forças e num ato de pura impulsividade, decidi que não ia deixar nada disso acontecer; no dia que elas foram atrás das suas roupas pro dia eu fiz um singelo escândalo em casa e elas tiveram de voltar correndo, mas sem querer eu acabei acertando a Ally com algo. Na manhã do casamento eu usei de todos os meus truques pra que Dara não saísse da cama, mas Dinah trouxe de volta o meu lado baby e eu cedi... uma pessoa com borderline tem duas personalidades bem distintas, e uma delas é a dominante quando bem tratada e muito bem conduzida. E em nossa família, Dinah é a pessoa que consegue conduzir muito bem todas essas personas e sempre pro lado onde deseja, Dará é a pessoa que vai ser o apoio nessas horas mas nunca a que comanda. Somente quando explode, e acreditem em mim quando digo isso, não queiram ver essa mulher explodindo, é algo aterrorizante.
Quando elas partiram em lua de mel, eu sabia que esse era o momento delas e que nada poderia interferir, mas a mente prega peças e eu vou atrás das drogas pra controlar o incontrolável; voltei a ter contato com meus amigos de antes, novamente, fui apresentada a outras coisas mais poderosas e hoje eu tô aqui, amarrada em uma cama de hospital, com uma dor excruciante em todo o meu corpo depois deu mesma causar um acidente de carro, depois de duas overdoses e ouvir alguém dizer que Tyrrell não aguentou, havia morrido... isso sim me causou um medo ou um terror, não sei dizer, que eu me controlei bem e perguntei a um dos enfermeiros ali onde estava minha Dara, Dinah, mãe, alguém...--- Eu sei que vc deve está toda bagunçada agora mas preciso que me ouça bem, eu te encontrei a alguns dias atrás desmaiada no próprio vômito, com a boca roxa e quase sem respirar. Sou sua mãe mas não vou ficar assistindo isso mais, essa aqui é a sua última chance de voltar aos trilhos e caso não queira isso me avisa porque não vou ficar perto assistindo suas tentativas de morrer...
Pela primeira vez eu vi minha mãe chorar de desespero e eu me senti o pior ser humano do mundo por fazer isso, ela sempre foi o exemplo máximo que tive em casa pra tudo, me ajudou em muitas coisas e foi minha confidente em tantos outros.
Pelo bem estar momentâneo do meu corpo eu me mantive calada por toda a estadia da minha mãe, quando batia uma mísera sensação de bem estar e eu tentava falar era igual uma faca me rasgando e eu não recomendo isso. Na visita médica do dia, eu descobri que passei 5 dias direto apagada tamanha foi a quantidade de drogas que usei junto da bebida; que por algum milagre eu não tive uma convulsão ou um derrame, nem nada assim, mas meu fígado foi lesionado e era bom eu responder bem as medicações usadas ou perderia uma parte dele. Isso sim foi um senhor soco no estômago, além dos meus velhos conhecidos problemas psicológicos eu tenho de enfrentar uma recuperação dessa...
Depois de muito ouvir tudo o que tinham pra me dizer e de ser em partes convencida, eu decidi por recomeçar do zero todo o meu tratamento. Enquanto minhas feridas físicas se curavam com ajuda de alguns medicamentos até então necessários, eu optei por usar o mínimo possível na hora das drogas, ou estaria trocando seis por meia dúzia; a parte da abstinência foi até tranquila perto do que veio junto, pior do que isso foi surgir um novo diagnóstico pra mim e ver minha segunda família se afastar mim. Eu ouvi bem ouvido, tanto Dinah quanto a Dara me avisarem que se eu não tomasse jeito eu perderia tudo, não só elas;
Passei inicialmente 4 meses na clínica em internação compulsória, eu podia desejar fugir ou simplesmente sair que não poderia, não sem a devida autorização dos meus pais, que estavam tão bravos comigo que era capaz de mandarem jogar fora a chave do meu quarto. No tempo que estive na clínica, escondida, passei a acompanhar pela mídia o andamento do grupo e é muito estranho não estar ali junto delas, não estar vivendo desse momento que a gente tanto sonhou; no primeiro show de retorno depois da morte da tia Paty, dava pra ver pelas fotos que estavam muito inseguras ainda, que era uma nova realidade. Mas o figurino foi lindo, a casa estava lotada e com todos os ingressos esgotados, tiveram participações de artistas que nunca, nem em sonho conseguiríamos trazer! Eu queria estar junto delas, vivendo isso, mas não poderia nem tão cedo pois descobri também que machuquei as cordas vocais no processo de ser entubada as pressas...
Sim, minha vida deu uma sacudida bem dada...
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Hard to say goodbye
Short StoryNós não duramos para sempre Nós temos que seguir caminhos diferentes E agora estamos aqui, desamparadas Procurando algo para dizer Nós estivemos juntas por tanto tempo Pensamos que nunca fosse acabar Sempre estivemos tão próximas Vocês sempre foram...