Capítulo 19 - Ohm

126 28 1
                                        

Olho em volta sorrindo e tiro várias fotos, de todos os lugares que visitamos essa semana no Japão Harajuku com certeza é o meu preferido.
- Não acredito!
O Nanon segura a minha mão e olha em volta preocupado.
- O que aconteceu?
- É o Chewbacca!
Eu sorrio pra ele que me olha sério, então suspira, eu corro até o Chewbacca que acena pra mim.
- GGGWARRRHHWWWW! RRRAARRWHHGWWR!
- Legal!
Eu olho para o Nanon e ele balança a cabeça rindo de mim, então eu mostro o celular pro Chewbacca e ele acena, eu me aproximo e tiro várias selfies, me curvo agradecendo, ele aponta e eu olho na direção, eu faço um jóia agradecendo e vou até o que eu acho que é um anão vestido de Yoda, tiro fotos com ele também, agradeço e olho em volta procurando o Nanon, alguém bate em mim e eu me viro.
- Me desculpe, quer dizer Arigato! Não é isso! Gomennasai? Sorry!
- Tudo bem, me desculpe serve.
- Graças a Deus, você é tailandês?
- Sou.
- Os anjos devem ter enviado você pra mim!
Acho o comentário ironico, mas tento não rir.
- O meu carro parou de funcionar ali. - Ela aponta e eu vejo um carro em uma rua lateral - eu não consigo falar com ninguém pra pedir ajuda.
Eu olho em volta procurando o Nanon e não encontro ele.
- Eu não entendo muito de carros, mas vamos lá dar uma olhada.
Ela sorri e segura o meu braço.
- Você está salvando a minha vida! Foi uma péssima ideia vir para o Japão sozinha.
- Turista?
- Acredita que estou trabalhando? O meu chefe me mata se eu não conseguir fazer o que ele mandou.
Ela sorri mais uma vez, percebo que por onde passamos todos nos olham, devemos chamar atenção juntos, eu tenho consciência de que sou bonito, ela é linda também e a sua roupa de cosplay de alguma personagem colegial não deixa muito pra imaginação.
Chegamos no carro que está na verdade em um beco, tenho que dar a volta para ir até a frente dele.
- Consegue abrir aqui?
- Claro!
Ela destrava o carro e espera a janela abrir, então enfia metade do corpo por ela, a sua saia levanta e a sua bunda fica exposta, eu olho para o capô e espero ele destravar, quando ele abre eu levanto e começo a olhar tentando achar o que está errado. Ela encosta no carro ao meu lado.
- O meu nome é Cindy, quer dizer o meu nome internacional é Cindy, Pratannite é o meu nome de verdade.
- Ohm.
- Você está aqui a passeio, Ohm?
- Estou.
Ela acena e se afasta andando pelo beco.
- Você pode tentar ligar o carro?
Eu me viro e me assusto com uma aranha enorme na minha frente.
- Ohm!
Eu viro, o Nanon vem correndo e uma teia de aranha aparece bloqueando o seu caminho, ele olha surpreso e olha para trás, ele não pode voar aqui, ele se concentra e quando vejo já está ao meu lado, quando segura a minha mão a aranha acerta ele jogando contra a parede, joga várias teias prendendo ele, vejo uma luz surgindo na sua mão e uma espada se materializa, mais uma teia acerta a mão dele prendendo ela também, quando fecha os olhos a aranha me atinge me jogando contra o carro, se aproxima rapidamente, eu coloco a mão no meu bolso e quanto ela pula sobre mim eu levanto a mão, o punhal entra no que eu acho que seja a barriga dela e eu faço força cortando até onde a minha mão alcança. Ela cai sobre mim e explode em uma nuvem de fumaça preta, ainda estou tossindo quando vejo o Nanon ao meu lado olhando assustado.
- Como você fez isso?
Eu tento levantar e mostro o punhal pra ele.
- Foi a tia Meg que me deu, foi feito no inferno ou algo assim.
Ele se aproxima e olha desconfiado.
- Porque ela te deu isso?
Eu olho em volta e pra ele.
- Podemos falar disso em outro lugar? Eu me sinto sujo.
Ele segura a minha mão e de repente estamos em uma praia.
- Onde nós estamos?
- Austrália, vamos sair daqui.
Ele segura a minha mão e começa a andar.
- Me conta sobre a faca.
- Eu só sei que foi feito no inferno e pode matar qualquer criatura menos anjos e demônios.
Ele olha para a minha mão desconfiado mais uma vez, então eu guardo o punhal no bolso.
- O que era aquilo?
Ele olha pra mim irritado.
- Um Jorogumo, um demônio sedutor. Você não pode sair de perto de mim, Ohm, você poderia ter morrido!
- Mas isso não mata demônios.
- É um demônio menor, uma criatura criada por demônios. Demônios de verdade são apenas anjos caídos.
Ele para no meio da praia e está quase gritando.
- No que você estava pensando? Eu nem percebi que você estava em perigo real até ser tarde demais!
- Como assim perigo real?
- Em um lugar muito cheio é mais difícil distinguir os perigos. Só quando ela realmente decidiu te atacar que eu percebi o que estava acontecendo.
Eu suspiro e vou até ele, pego as duas mãos que estão na sua cabeça, limpo uma lágrima que se acumulou no seu olho esquerdo e coloco na boca.
- Me desculpe, não vai acontecer novamente!
Eu o abraço e ele treme.
- Se alguma coisa acontecer com você eu não sei como vou viver, você entende isso, Ohm?
- Eu entendo, me desculpe!
Ele me abraça com força e eu espero ele se acalmar, quando se afasta, olha em volta, segura a minha mão e começa a andar mais uma vez.
Vamos até um hotel, ele olha para nós e suspira, entramos no saguão e ele aponta.
- Senta que eu já volto.
Menos de dois minutos depois ele aparece com as nossas malas, vai até o balcão e pega um quarto, vamos para o elevador e eu fico surpreso.
- Cobertura?
Ele acena.
- Eu me sinto melhor em lugares altos.
Quando entramos eu olho em volta e sorrio, acho que vou gostar daqui.

_________________
Notas: A lenda japonesa de Joro-Gumo conta que existe uma aranha gigante capaz de se transformar em uma mulher bonita e seduzir qualquer homem.

A lendaOnde histórias criam vida. Descubra agora