Capítulo 37 - Nanon

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Afasto o Ohm, seguro no seu rosto e o beijo.
- Eu só vou ao mercado, não se preocupe, aproveita e se despede da sua família, quando eu voltar nós vamos embora.
- Eu queria ir com você.
- É melhor não arriscar.
Ele suspira e concorda, eu o beijo mais uma vez e me afasto, me concentro e me transporto para a nossa casa, o Chimon me olha surpreso e levanta rápido.
- Pra onde vocês foram? O que aconteceu?
- Perth?
Eu falo alto e espero, a porta do quarto abre e o Perth sai.
- Eu preciso ver o Azazel.
- Você enlouqueceu?
- Não se mete, Chimon! Eu quero falar com ele, Perth!
- Nanon, eu não sei o que você acha que aconteceu aquele dia, mas o Azazel me mata se você contar que eu não estou com você...
- Você não pode morrer e eu não vou falar sobre você.
- O que aconteceu então? Você não iria atrás dele sem motivo.
Eu suspiro e começo a perder a paciência.
- Um mestiço tentou fazer um acordo com o Ohm.
- O que?
- Perth, pela última vez, o Azazel, onde eu encontro ele?
Ele olha para o Chimon e pra mim e estende a mão..
- Pra onde?
- Empire State.
- Sério?
Ele dá de ombros e o Chimon segura a minha outra mão, o Perth me solta e puxa a mão dele.
- Você não vai!
- Eu não vou ficar.
- Nanon!
Eu solto a mão do Chimon e dou um passo para trás, não estou com paciência pra isso.
- Como eu acho ele?
- No topo, não é onde todo anjo caído fica?
Ele dá risada, mas eu apenas me transporto. Olho em volta, mas ele não está aqui, talvez o topo não seja literalmente o topo. Vou até a beira e olho para baixo, odeio Nova Iorque, só alguém com o ego do Azazel escolheria um lugar desse para ficar. Eu abro as minhas asas e desço devagar, quero olhar as janelas, mas não posso ser visto. No lado leste eu vejo uma lareira acesa e muita ostentação, me concentro e me transporto para dentro da sala fecho as minhas asas e caminho devagar.
- Não lembro de ter te convidado.
Eu paro e ele se levanta, não parece surpreso, mas não acredito que ele sabia que eu estava aqui, só quer mostrar poder.
- Precisamos conversar.
- No que eu posso ajudar?
- Ajudar? Não tenho certeza se você tem algum poder, então como você seria útil?
Ele olha irritado, mas o melhor jeito de fazer ele colaborar é ferindo o ego dele.
- Foram atrás do Ohm.
- Eu mandei o Perth, ele vai manter os anjos afastados.
Eu vou até o bar e pego um copo de whisky, viro para ele e bebo.
- Um djinn foi atrás dele, tentou fazer um acordo e ameaçou o nosso filho.
Ele me olha surpreso, como eu imaginei ele não sabe sobre isso.
- Acho que você consegue dar conta de um mestiço, Nanon.
- Você sabe que não é esse o problema, alguém passou por cima das suas ordens, isso não aconteceria se um dos príncipes do inferno não estivesse atrás do Ohm.
- Ninguém faria isso!
Eu levanto a sobrancelha e percebo pequenos tremores na sua face, está tentando se controlar, está blefando, ele sabe quem é.
- Quem está atrás do Ohm, Azazel?
- Como eu vou saber?
- Eu vou perguntar só mais uma vez, quem está atrás do Ohm?
Ele me encara por um momento e finalmente o seu rosto transparece a preocupação que ele estava tentando esconder.
- Só um demônio teria poder e coragem pra isso...
Ele me olha como se a resposta fosse óbvia e eu penso nisso, qual dos príncipes correria o risco de iniciar uma guerra no inferno?
- Lúcifer!
- Você tem a sua resposta, Nanon, agora saiam do radar até eu conseguir cuidar disso, mantenha o Perth com você.
Ele não teria nem chance em uma briga com Lúcifer, apenas Miguel conseguiu lutar contra ele até hoje e os dois teriam morrido na batalha se fosse possível.
Eu bebo o resto do whisky e me transporto, eu só precisava de um nome e agora eu tenho.
Vou para Pequim e faço compras, tento fazer o mais rápido possível, o Ohm vai começar a desconfiar se eu demorar demais.
Vou em três mercados diferentes, quando termino com as compras lembro que o Ohm comentou sobre a geladeira, penso no que fazer, então vou para o meu apartamento em Bangkok, vou para a cozinha, tiro a geladeira da tomada e me concentro, coloco as duas mãos nela e me transporto para o meio da sala da casa de vidro.
Olho em volta e tem muita coisa pra arrumar, levo a geladeira para a cozinha e ligo, tiro algumas coisas velhas, limpo e guardo tudo que não pode esperar, quando termino volto para a vila dos Nefilins.
- Papai!
O Dew corre na minha direção e o Ohm vem atrás, quando se aproximam me abraçam, o Ohm me beija e olha nas minhas costas.
- Você voou?
Merda! Esqueci de trocar de camisa, por isso as pessoas estavam me olhando no mercado.
- Só um pouco.
Ele me olha preocupado, mas eu apenas mudo de assunto.
- Peguei a geladeira do meu apartamento de Bangkok e fiz compras, vamos ficar tranquilos por algum tempo.
- Comprou sorvete, pai?
- Muitos! Vamos pra casa?
O Ohm acena e entra na casa do avô, provavelmente para se despedir mais uma vez, ele não diz, mas sei que sente falta da família. Seguro a mão do Dew e levo ele para a casa, o bisavô do Ohm sorri e faz um sinal para ele se aproximar.
- Venha visitar o Tata mais vezes, Ratinho!
O Dew sorri e acena. Ele conquistou a todos no momento em que chegamos aqui, mesmo sendo um anjo por parecer uma criança e agir como criança ninguém viu ele como uma ameaça, ele logo fez amizade com as crianças e os adultos não pararam de comentar como ele se parece comigo fisicamente, mas tem todas as manias do Ohm, por isso começaram a chamar ele de ratinho, era o apelido do Ohm na infância.
Depois que eles se despedem da avó do Ohm eu seguro os dois, aceno para o bisavô dele e vamos para a casa.
O Ohm olha em volta muito surpreso.
- Porque você comprou tudo isso?
- Não vamos sair daqui por pelo menos um mês, achei melhor garantir.
Ele acena e suspira, se aproxima e me beija.
- O que você acha de conseguir uma banheira para nós?
- Sério?
Ele acena confirmando e eu penso em como fazer isso, tem que ser daquelas banheiras como a do hotel de Madagáscar que não são fixas.
Eu sorrio e pego um maço de dinheiro em uma das nossas malas, acho que vou pegar a banheira do hotel de Madagáscar.

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