A lenda

Capítulo 36 - Ohm

O Nanon senta ao meu lado, me abraça e ficamos observando a minha avó com o Dew no colo.
- Como foi lá?
- A bruxa conseguiu lançar o feitiço.
- Quando nós vamos embora?
- Hoje, é perigoso para os Nefilins ficarmos aqui.
Eu sei que ele está certo, mas eu sinto falta de casa e o Dew está tão feliz aqui, vai ser triste ir embora.
- Isso me lembra o seu sonho.
Eu olho para ele sem entender e ele sorri.
- Lembra quando você tocou na minha cicatriz e eu vi você com a sua avó?
- Quando você tentou arrancar o meu coração?
- Quando eu descobri que te amava!
Eu olho para o seu sorriso lindo e concordo.
- Ok, você ganhou.
Ele me beija e olha pra frente mais uma vez.
- Vocês estavam assim no seu sonho, você estava no colo dela e ela estava lendo uma história pra você.
- Ela sempre fazia isso, me trazia aqui para ler histórias.
Nós ficamos em silêncio observando os dois, então o Nanon me beija mais uma vez.
- Eu tenho que ir.
- Pra onde?
- Tenho que ir buscar as nossas coisas na nossa antiga casa.
- Mas e o aqueles dois?
Eles já devem estar longe, saímos há uma semana de lá.
- Então eu vou com você.
- Não é perigoso.
- Você acabou de dizer que eles não estão lá, então eu vou com você.
Ele me olha nervoso, mas no fim concorda, segura a minha mão e levanta, de repente estamos no nosso quarto, mas não estamos sozinhos na casa, ouvimos o gemido que com certeza é do Chimon e eu dou risada, acho que eles não estão se esforçando muito para nos encontrar. O Nanon faz um sinal para eu ficar em silêncio e andamos pelo quarto pegando as nossas coisas, quando estamos com as malas prontas o Nanon segura a minha mão e nos leva para a casa de vidro.
- Eu sabia que aqueles dois estavam se pegando.
- Já faz um tempo.
- Você sabia?
Ele dá risada e acena.
- Eu peguei eles em uma situação parecida antes.
- E aí, o demônio está desvirtuando o anjo ou o anjo está convertendo o demônio?
- Sinceramente não sei, mas não vejo o Chimon se virando contra o céu, então provavelmente a segunda opção.
- Por isso você me tirou de lá?
- Sim, o seu coração perto de um anjo caído com um incentivo para voltar pro céu? Era um risco que eu não queria correr.
- Entendi... E agora?
- Vamos ao mercado, depois pegar o Dew.
- Não podemos fazer algo antes?
Eu o abraço e beijo, tiro a sua camiseta e o viro de costas, beijo primeiro um ombro, depois o outro, me afasto e olho a sua tatuagem em forma de asas, eu sempre tenho a impressão de que elas estão prestes a se abrir e virar asas de verdade.
Começo a contornar a asa da direita com o dedo, a sua respiração começa a acelerar e a sua luz aumenta envolvendo a nós dois, faço o mesmo com a esquerda e beijo onde as suas asas ficam quando abrem, ele geme alto e eu fico surpreso, nunca imaginei que ele ficaria excitado com isso.
Abaixo a sua calça e tiro, me afasto e tiro a minha roupa, quando me aproximo encosto ele na parede de vidro e fodo com força.

Chegamos no mercado e pegamos os carrinhos.
- Onde nós estamos?
- Finlândia, melhor não ir no mesmo mercado de sempre.
Claro que como sempre ele tem razão. Nós andamos pelo corredor pegando várias coisas, precisamos pegar o máximo de coisas para não precisar sair da ilha tão cedo.
Ele começa a olhar as verduras e eu vou pegar sorvete, vamos precisar de uma geladeira maior, então por enquanto eu pego apenas seis potes, essa é praticamente a única coisa que o Dew come.
- São muitos sorvetes, filhos?
Eu olho para o homem que está ao meu lado e sorrio.
- Sim, ele adora sorvete.
- E você pelo jeito adora ele.
- É o meu filho.
Eu sorrio, coloco os sorvetes no carrinho e me afasto, mas ele da alguns passos largos e anda ao meu lado.
- É menino?
- Sim.
- Quanto anos.
Eu penso nisso, com certeza não posso responder cinco mil anos.
- Cinco anos.
- Legal.
- É sim.
- E você faria qualquer coisa por ele?
- Acho que qualquer pai faria.
- Você faria qualquer coisa por ele?
Eu paro e olho pra ele.
- Cara, não me leve a mal, mas essa conversa está estranha.
- Eu posso fazer uma proteção para o Querubim.
Eu dou um passo para trás e olho em volta, mas o Nanon não está por perto, quando o cara sorri e da um passo na minha direção o Nanon surge na minha frente.
- Vai embora mestiço!
- Vocês anjos são tão arrogantes...
Ele faz uma careta e olha para mim.
- Pensa no que eu disse, podemos fazer um acordo.
Ele pega um cartão do bolso e estende pra mim .
- Eu não preciso disso, podemos proteger o nosso filho.
Ele enfia o cartão no bolso do Nanon e tenho que admitir que ele é corajoso, ou está aproveitando que estamos em um lugar público para provocar.
- Pensa sobre isso.
Ele se afasta e o Nanon vira pra mim.
- Ele fez alguma coisa? Você prometeu alguma coisa?
- Não, assim que eu percebi que a conversa estava estranha eu parei de falar com ele, quem é ele?
- Lembra que eu comentei sobre os filhos machos dos demônios com humanos?
- Gênios? Ele é um gênio?
- Sim.
- Mas do que ele quer proteger o Dew? Achei que vocês fossem imortais e como ele sabe sobre o Dew?
- Não sei, provavelmente estava tentando te enganar, não pense muito sobre isso.
Ele diz isso, mas parece estar muito preocupado, quando segura a minha mão voltamos para a vila dos nefilins.
- E as compras?
- Depois eu cuido disso.
- Nanon, o que há de errado?
Ele suspira e olha pra mim.
- O Perth disse que o Azazel deu ordens para os demônios ficarem longe de você, um mestiço não passaria por cima de uma ordem do Azazel a não ser...
- A não ser?
- Algum demônio grande está atrás de você!