— Não vamos para a faculdade hoje — Escuto Lisa dizer assim que acordo, seus olhos ainda estavam fechados e ela estava completamente reta deitada ao meu lado.
— Definitivamente não iremos — Completo, estou deitada na mesma posição de Lisa.
— Cara, a gente devia ter sido muito boazinhas ontem — Lisa diz e nós duas rimos.
— Que droga — Eu respondo.
— Então, o que fez durante a festa? — Lisa me pergunta, e eu acho que assim que começar a falar irei vomitar.
— Promete não dizer para ninguém? — Pergunto e ela assente. — Eu beijei uma pessoa, mas falei para essa pessoa esquecer tudo porque não havia sido nada demais.
— Caralho — Lisa diz abrindo os olhos. — você foi uma escrota.
— Bem, me disseram o mesmo ontem — Digo e Lisa me olha com cautela. — O que foi?
— Não foi meio que o seu primeiro beijo? — Ela me pergunta e é, realmente foi.
— Quem liga pra isso de primeiro beijo hoje em dia? — Pergunto, tentando não mostrar que eu ligo.
— Bem, até 24h atrás você ligava.
— Bom, não ligo mais! — Falo e me levanto, me arrependendo no mesmo instante e volto a deitar. — Álcool pode fazer neurônios morrerem? Ouvi dizer que eles nunca mais se voltam depois que morrem.
— Olha o que você está me perguntando as nove horas da manhã, Rosé! — Ela me responde. — Vamos falar do que interessa, quem foi o príncipe que ganhou o seu primeiro beijo?
— Não quero falar sobre isso — Respondo tentando sair dessa conversa. — Mas assim, você acha que eu fui muito ruim com ele?
— Bem, se fosse eu no lugar dele, provavelmente nunca mais olharia na sua cara.
— Existe a possibilidade de você ser apenas exagerada demais? — Pergunto e Lisa nega, se fosse eu no lugar de Jisoo, provavelmente faria a mesma coisa.
— Isso é tão difícil — Digo, levando minha mão até meu rosto.
— Beijar alguém e ser uma filha da puta — Lisa diz. — Ou beijar alguém fora de um matrimônio? Seus pais não precisam saber.
— É impressionante a forma como meus pais sempre entram na pauta. — Digo e Lisa se levanta da cama. — As duas opções.
— Vou na cozinha fazer um copo de limão com bicarbonato, quer? — Lisa me pergunta e assinto. — Certo, vai tomar um banho gelado, você pulou naquela piscina e está até agora sem um banho.
— Estou indo, mãe — Respondo e me levanto, indo até o banheiro.
Talvez eu realmente seja uma filha da puta.
Por ter colocado minha mão onde não devia.
Por ter quase beijado ela.
Por ter jogado ela na piscina.
Por ter beijado ela.
Por ter deixado ela sair naquele frio com o cabelo molhado.Bem, pelo menos ela saiu junto com a blusa.
Céus, a blusa.
Kim Jisoo saiu com minha blusa, eu espero internamente que ninguém tenha visto ou ouvido qualquer coisa que aconteceu naquele banheiro, ou antes daquele banheiro.
— Rosé! — Escuto Lisa gritar. — Visita!!
— Já estou indo! — Grito de volta, fechando o chuveiro e vestindo a roupa quentinha que separei.
Desço rapidamente as escadas, dando de cara com a pequena Jiwoo em minha sala, em uma conversa envolvente com Lisa sobre física, o que é curioso, já que Lisa não sabe absolutamente nada sobre.
— Bom dia Jiwoo! — Digo, me aproximando. — Como você está?
— Estou bem — Ela responde, chego mais perto de Lisa, pegando o copo de sua mão. — Vim trazer isso aqui! — Jiwoo diz e me oferece a sacola de papel preta que estava segurando. — É a sua jaqueta, minha amiga encontrou jogada nas escadas da casa do Jackson e me pediu para te devolver, não te vi no caminho então passei aqui para deixar. — Jiwoo é praticamente minha vizinha desde que nos mudamos para cá, costumávamos ser mais próximas, mas por algum motivo nos afastamos.
— Muito obrigada — Respondo. — Eu estava meio que procurando ela! — Uma parte de mim estava um pouco decepcionada, será que é estranho, querer tanto que Jisoo tivesse ficado com algo sobre aquela noite?
— Imagina! — Ela me responde. — Já vou indo então, tenho aula agora de manhã!
— Eu te acompanho — Digo e me coloco a andar até a porta. — Será que teria como, talvez, me passar o número dessa sua amiga? Gostaria de agradecer a ela também.
— Não tenho certeza — Jiwoo responde assim que chegamos a porta, ela parece um pouco envergonhada por sua resposta. — Jisoo é um pouco reservada, acho que você teria que pedir para ela mesmo. — Ela concluí.
— Tudo bem — Respondo abrindo a porta. — Muito obrigada, novamente!
— Não por isso — Jiwoo diz e continua me encarando. — Irei dizer a Jisoo que você agradece, desculpa mesmo pelo número. — Ela diz e eu apenas assinto com um sorriso, o que é retribuído por Jiwoo, que logo em seguida passa pela porta.
— Ela é uma gracinha, né? — Lisa diz assim que entro na cozinha. — Dá vontade de proteger ela até do vento.
— Você ficaria surpresa se eu te falasse que ela é exatamente a mesma desde o fundamental? — Pergunto.
— Não — Lisa responde.
O resto da manhã se passou rapidamente.
Tanto eu quanto Lisa estávamos completamente esgotadas, não aguentava mais pensar em Jisoo, sobre como ela está se sentindo agora, em como eu me senti naquele momento.— Acho que preciso ir na igreja — Falo de repente e Lisa me encara. — Confessar meus pecados.
— Já parou pra pensar — Lisa rebate. — Que talvez a melhor forma de ser perdoada por Deus seja enfrentando seus pecados?
— O que você quer dizer? — Pergunto e Lisa revira os olhos.
— Quero dizer que você está até agora pensando sobre o beijo que deu ontem — Lisa diz séria. — Não é um pecado beijar na boca, Rosé! Pecado é negar o que você quer tanto. — Se não fosse Lisa, minha melhor amiga lerda e tapada, eu suspeitaria de que ela soubesse de absolutamente tudo o que aconteceu na festa. — Acho que o maior pecado está em negar o que quer, negar o que você é e tal.
— Você está... filosófica? — Digo e Lisa se ajeita no sofá ao meu lado, tirando os olhos da televisão onde passava algum desenho animado e olhando para mim. — Está acontecendo alguma coisa?
— O-o que? — Ela gagueja. — Claro que não, só estou dizendo minha opinião.
— Bom, talvez você tenha razão. — Digo. — Mas ainda vou me confessar.
— E o que acha que o padre vai te falar quando você confessar que beijou um cara enquanto estava bêbada? — Lisa pergunta.
— Não sei.
— Talvez ele te mande se casar — Lisa diz e eu quase engasgo com minha saliva. Não tenho certeza se ele casaria duas garotas.
— É você tem razão — Eu respondo. — Talvez eu marque o casamento para o começo do ano que vem. — Digo e nós duas caímos na risada.
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My angel - chaesoo
FanfictionPark Chaeyoung tinha 19 anos e estava no primeiro ano de sua faculdade em uma pequena cidade de Utah, era de uma família cristã, passou a vida inteira na igreja orando todos os dias para que seus pecados fossem perdoados e seus pais sentissem orgulh...