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Acordei com três batidas na porta do meu quarto, minha cabeça doia e eu não tinha certeza se a noite passada havia sido apenas um sonho, meu coração rapidamente se apertou a possibilidade de eu ainda viver o inferno que estava habitando durante to...

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Acordei com três batidas na porta do meu quarto, minha cabeça doia e eu não tinha certeza se a noite passada havia sido apenas um sonho, meu coração rapidamente se apertou a possibilidade de eu ainda viver o inferno que estava habitando durante todo o verão, mas então a porta se abriu e a mão da minha mãe apareceu a empurrando, e foi como se eu pudesse respirar novamente. 

— Posso entrar? — Escutei minha mãe perguntar, me encarando apenas com a cabeça dentro do quarto, assenti e ela rapidamente entrou e se sentou ao meu lado na cama. — Como você está? — Ela perguntou. 

— Minha cabeça está doendo. — Respondi, ainda um pouco acanhada. 

— Você chorou bastante, na noite passada. — Ela comentou, me deixando um pouco sem graça, em um momento como esse, eu arrisco a imaginar a forma como outras mães lidariam, talvez dariam um comprimido para a dor, mas não esperava isso da minha mãe.

— Chorei bastante durante todas as noites — Comentei soltando uma risada nasal, sabia que havia pesado o clima. 

— Sinto muito — Mamãe disse, e essa é provavelmente a primeira vez que escuto essas palavras saírem de sua boca. —, eu deveria ter chegado antes.

— Você não sabia — Afirmei. —, e eu tinha medo, de como seria quando você soubesse sobre mim. — Mamãe me olhou com os olhos surpresos, mas ficou em silêncio então apenas continuei, abaixando a cabeça com um sorriso triste. — Pensei que papai reagiria melhor, mas estava errada. — Ela leva uma de suas mãos até meu ombro. 

— Não é porque odeio a ideia do curso que você escolheu para seguir que vou odiar quem você é, Rosé — Ela disse, me fazendo levantar a cabeça quando moveu sua mão de meu ombro para o meu queixo. — Sei que posso ser mais exigente que seu pai, e pegar duro demais com você na maioria das vezes, mas isso é pra que você nunca abaixe a cabeça para ninguém. — Assinto com a cabeça e mamãe abre um sorriso antes de tirar sua mão de meu queixo e deixar um leve tapinha em meu ombro. — Além disso, eu já sabia. — Arregalo meus olhos. 

— Como você...

— Vi vocês duas na fila do ônibus para o acampamento, querida — Mamãe disse, eu a olhava de forma extremamente surpresa. —, tive a certeza no dia que vocês pediram para ir até a Califórnia, tentei comentar sobre um rapaz inexistente e vi que você não tinha um pingo de interesse, e depois veio aquele teatrinho seu e de Jisoo. — Ela tirou um celular do bolso e o estendeu para mim, com um sorriso. — Seu pai pode ser burro para não ter notado, mas nosso sobrenome veio da minha família, nós, os Park, não abaixamos a cabeça e defendemos quem somos, se lembre disso. — Meus olhos se encheram de lágrimas e quando mamãe levantou para abrir a porta e sair do quarto, eu dei um pulo da cama e a abracei com toda a minha força, mamãe riu, me soltando e me encarando e eu sabia que ela também queria chorar. — Roseanne, querida, eu sei te amo do jeito que você é, mas você precisa urgentemente parar de chorar um pouco. — E então eu ri, finalmente sorri, depois de meses eu finalmente senti um pouco de felicidade invadir meu corpo. 

Mamãe limpa minhas lágrimas em meio a sorrisos e antes de sair do quarto me dá a ordem de mandar rapidamente uma mensagem para Jisoo, e isso é a primeira coisa que tento fazer quando ligo meu celular, mas seu numero não está em lugar nenhum e minhas redes sociais foram desativadas, não tenho nenhuma ligação perdida em seu nome e meu peito queima, nenhuma foto minha com Jisoo existem mais, não tenho mais nossas mensagens de texto e nada que me deixe lembrar dela, preciso de alguns minutos para pensar, papai deve ter bloqueado e apagado tudo assim que lhe entreguei meu celular, é claro que ele não iria facilitar tanto para mim. 

Desliguei meu celular e corri para meu banheiro, tomei um banho rápido e me vesti com uma camisa preta e um short jeans, eu teria que ir atrás de Jisoo, procurar seu número de telefone e até mesmo comprar uma passagem se fosse possível, mas eu não poderia fazer isso sozinha, precisava de Lisa, precisava conversar com Soobin e Minho, ser sincera sobre tudo o que estava acontecendo em minha vida, eles merecem saber. 

— Mamãe, estou saindo — Falei, correndo em direção a porta. 

— Não vai almoçar primeiro? — Ela gritou de volta, me fazendo parar no meio do caminho e ir até ela. 

— A senhora está cozinhando? — Perguntei surpresa, mamãe nunca cozinhava. 

— Tentando, mas já errei a receita algumas vezes — Ela disse, fazendo uma cara de decepção e arrancando uma risada minha. 

— Preciso encontrar Jisoo — Falei de forma constrangida, abaixando a cabeça. —, papai acabou com tudo. — Senti a mão da minha mãe no meu rosto, me fazendo levantá-lo novamente. 

— Faça o que precisa fazer, Chaeyoung — Pela primeira vez, ser chamada de Chaeyoung foi acolhedor. Mamãe colocou a mão no bolso e tirou as chaves do meu carro, balançando elas em na frente dos meus olhos. —, tome cuidado e volte antes do jantar. — Assenti e a abracei rapidamente, foi desconfortável e uma surpresa para mamãe, mas me soltei e voltei a correr, gritando um eu te amo e indo resolver tudo o que bagunçaram. 

A primeira coisa que faço quando entro no carro é olhar para lado, minha mente imagina perfeitamente Jisoo ali, dou partida com o coração apertado, lembrando de cada minuto daquele dia, o jeito fofo que ela surtou enquanto pensava que eu não estava vendo, a forma como ela falava, tudo o que eu senti. 

Mordendo os lábios eu aperto ainda mais o acelerador. 

O destino é o apartamento de Jisoo, uma parte de mim implora para que ela esteja lá, faltava pouco menos de uma semana para as aulas, ela já deveria ter voltado certo? 

Assim que subi no elevador de forma desesperada e ignorando até mesmo o guarda do prédio, uma imensidão de duvida me atingiu, o que eu diria para ela quando a visse? Que fui obrigada a ficar sem qualquer interação humana durante três meses? Que meu pai foi meu maior inimigo em tudo isso? 

Bati na porta de seu apartamento, apertei a campainha cinco vezes, e quando finalmente escutei um barulho dentro do apartamento eu tive a esperança de ver os olhos negros de Jisoo novamente.

— Jisoo! — Falei, mas de um segundo para o outro meus ombros caíram e eu senti minhas pernas fraquejarem, não foi Jisoo quem atendeu a porta. 

— Rosé?! — Foi Lisa quem disse, ela tinha os cabelos molhados e me abraçou assim que percebeu que era eu, lágrimas e sussurros de felicidade durante o abraço, eu queria estar feliz por vê-la, ver Lisa era melhor do que não ver ninguém, mas tudo o que eu conseguia pensar era que Jisoo não estava aqui.

My angel - chaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora