Capítulo 1- part 1

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5 anos atrás

Era para ser o meu melhor dia....

Acordei com uma horrível dor de cabeça que nem o meu corpo eu conseguia mover. Era como se cada parte do meu corpo estivesse pegando fogo.

Ouço a porta do meu quarto sendo batida. Me levanto um pouco com dificuldade e abro a porta.

- FELIZ ANIVERSÁRIO!! - gritaram as Madres (Maria e Rose) e minhas amigas que moravam comigo no orfanato. Olhei um pouco assustada para elas até que vejo um enorme bolo que estavam em suas mãos e acabo abrindo o meu melhor sorriso.

- Obrigada! - Eu disse abraçando todo mundo que estava ali.

- Parabéns Ana!! Hoje você está fazendo 13 anos. Está ficando cada vez mais velha querida. - disse a Madre Rose me dando um abraço de urso e um beijo no topo da minha cabeça.

- Obrigada tia Rose - falei com um sorriso de orelha a orelha, segurando as lágrimas que insistiam em cair.

- Ana, não esquece do bolo! - disse Maria estendendo o bolo que parecia ser de chocolate. Eu amo bolo chocolate. Depois disso, as Madres e as garotas começaram acender as velas e cantar o parabéns.

No final, acabei esquecendo as dores que eu sentia. Fiz o meu pedido e soprei as velas.

- O que você pediu Ana? - perguntou Lisa, a minha colega de quarto.

- Lisa! - repreendeu a Madre Maria. - O desejo deve ser segredo.

Lisa acabou fazendo um bico de pirraça.

- Não tem problema, tia Maria. Eu desejei que os próximos dias sejam como hoje, só felicidades! - eu disse sorrindo e abraçando a todos.

O meu dia foi igual de uma princesa. Ganhei muitos brinquedos e roupas. Era para ser o meu melhor dia. Mas as dores voltaram e aumentavam cada vez mais, principalmente quando a noite ia chegando.

Mas eu não queria preocupar ninguém. Por isso, eu ocupava a minha mente com brincadeiras para não me lembrar das dores. Mas mesmo assim estava sendo insuportável para eu aguentar.

Quando chegou a hora do jantar, falei para as Madres que estava sem fome. Elas acabaram concordando e eu subi as escadas indo na direção do meu quarto. Mas quando eu andava pelo o corredor, senti uma dor enorme dentro da minha cabeça, o que me faz ficar tonta e derrubar o vaso de flores que estava numa mesinha. Fazendo com que ela ficasse em mil pedacinhos.

- VOCÊ ESTÁ BEM, ANA?? - ouço a voz da Madre Rose gritando lá em baixo.

- ESTOU BEM TIA ROSE!! - gritei de volta e sai correndo para o meu quarto.

Antes que eu conseguisse chegar em minha cama, sinto que as dores tornaram muito pior, me fazendo cair de joelhos e gritar de dor. Vou me rastejando até a janela do quarto, onde vejo a grande lua cheia que parecia que estar brilhando ainda mais do que antes. Sinto o meu corpo queimar, grito de novo e escondo o meu rosto entre os joelhos. Pouco tempo depois, ouvi alguém abrindo a porta e chegando perto de mim.

Durante esse momento, eu sinto algo mudar em mim. O meu faro parecia está bem melhor e eu conseguia ouvir sons que pareciam ser de longa distância, principalmente a Lisa chamando as Madres e falando sobre mim. Isso só estava me deixando com mais medo. Felizmente as dores começaram a parar. 

Ouço passos apressados subindo as escadas e vindo em direção do meu quarto. Logo a porta abriu novamente. Eu sabia que eram três pessoas por causa dos batimentos cardíacos e dos seus cheiros. Eu sabia até de quem eram (Maria, Rose e Lisa). Sinto uma mão fria apertar no meu ombro.

- Você está bem querida? - perguntou a Madre Rose, com a sua voz carinhosa.

- Estou bem tia Rose... - falei com a voz um pouco rouca.

- Então olha para gente, minha filha - falou a Madre Maria. Fiquei um tempo parada, hesitando por alguns instantes. Até que aos poucos vou levantando a minha cabeça e finalmente a olhei para ela.

- AI MEU DEUS!! MEU JESUS CRISTO!!! - gritou a Madre Rose, com uma expressão que parecia ter visto uma assombração. Mas não só ela, como também a Madre Maria e a Lisa.

Eu não estava entendendo nada as suas reações. Mas toda vez que me mexia e me levantava, elas iam se afastando. Quando eu me levanto completamente, as Madres e a Lisa já estavam praticamente coladas na porta a 2 metros de distancia de mim.

Por quê? Perguntei para mim mesma.

O que me deixou mais triste, não foi que elas tinham se afastado de mim. Mas sim, seus olhos transmitiam medo. O que eu fiz? Pareciam que elas olhavam mais para o meu rosto. Então eu me viro, para a janela, para ver o meu reflexo. Quando eu me vejo...

Não... Não... isso não pode está acontecendo.

Ponho a minha mão devagar em meu rosto para ver se aquilo realmente é real. Sinto os meus olhos se encherem de lágrimas, quando vejo que aquilo infelizmente era de verdade.

O meu rosto estava peludo. Os meus dentes estavam enormes. As minhas orelhas estavam pontudas. As minhas mãos também estavam peludas e com garras. Mas o que mais me assustou foi os meus olhos. As íris que antes eram azuis se tornaram brancos.

Olho de volta para as Madres e a Lisa desesperada. Até que ouço uma voz, que saia dentro de mim. Deixa eu sair. Eu não sabia o que fazer, parecia que eu estava ficando louca e ouvindo coisas. A janela, preciso sair. Ouço a voz novamente.

Não sei o por que, mas acabo me virando e tento abrir a janela, parecia que o meu corpo não era mais meu, como se eu estivesse sendo controlada. Porém, as garras não deixavam. Com raiva, acabo dando um soco no vidro, onde que acaba se quebrando.

Subo na janela, pronta para pular. Mas antes, dou a última olhada para as Madres e para Lisa, que ainda tinham aquele olhar de medo. E pulo. A altura da janela até o chão era aproximadamente de 6 metros. Mas quando cheguei ao chão, não senti nenhuma dor. A floresta. Ouço a voz. Não sei se devo confiar nela, mas eu também estava desesperada para sair daqui. Antes de entrar na floresta que havia atrás do orfanato, ouvi a voz da Madre Rose: Monstro. Aquilo foi como uma facada no meu coração.

Entro na floresta com as lágrimas escorrendo pelo o rosto. Só queria que aquilo tudo acabasse. Então deixa eu sair. Disse a voz. Mas desta vez, eu não queria pensar em mais nada. Somente deixei que ela saísse e me entreguei a escuridão.

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