Eu me despedi de Ana com a promessa que eu a ajudaria e foi isso o que eu fiz. Corro pelo caminho todo com o pensamento de que, por causa de uma mentira, queriam separar a Ana de mim. Só de lembrar do seu olhar de desespero e tristeza me abalou como nunca antes. Mas não somente isso, deste o momento que eu coloquei os meus olhos sobre ela, parecia que depois de muitos anos, voltei a saber o que era viver. Eu não entendo como posso ter essa ligação igual que eu tenho com ela e isso faz com que o meu mundo se torne uma completa bagunça. Por outro lado, eu não me importava tanto assim, porque isso me deixava calmo e feliz.
Voltei presta atenção quando cheguei na porta da casa do alfa Jorge. Eu ignorei os guardas na porta e entrei no mesmo instante, indo em direção do seu escritório. Eu encontrei ele quando estava falando com alguém pelo telefone, mas acabou encerrado a chamada quando percebeu a minha presença. Ele ficou um pouco tenso com a minha chegada repentino, mas não cheguei a dar atenção para isso. Me sentei no sofá que estava em frente da sua mesa e acabei recusando a sua oferta de pegar um café.
- Então, posso saber o motivo desta inusitada visita? - perguntou ele hesitante mas ao mesmo instante surpreso.
- O assunto é sobre a garota chamada Ana. - falei direto e sério, eu não precisava de muita enrolação.
- Ana? Ah! claro, pelo o jeito você já sabe então. - perguntou em um suspiro e passava as mãos sobre o rosto. - Mas esse assunto já está resolvido, eu irei expulsar ela da alcateia.
Nesse momento, eu não consegui mais me segurar e comecei a olhar para ele com um olhar de raiva e ódio. O Jorge era apenas um alfa comum e não era capaz de aguentar a agressividade do meu lobo. No momento que recebeu o meu olhar, ficou completamente pálido e com o suor escorrendo pelo rosto. Ele demonstrava dificuldades em respirar e tentou manter a sua pose enquanto me olhava sem entender o motivo para eu fazer isso com ele.
- Eu não quero que você a expulse. -falei e voltei a me levantar. Enquanto isso, eu recebia um olhar confuso e desconfiado.
- Como não? V-você não está aqui porque desconfia que ela seja um bruxa? – ele perguntou com dificuldade por conta do meu olhar que o pressionou ainda mais. - N-na verdade, eu realmente não quero expulsar ela, mas se ela for um inimigo não tem como eu deixar ela ficar dentro da alcateia. - ele também permaneceu sério, porém eu vi que o seu olhar havia dor, mas não parecia ser dor física e sim, emocional. O que eu estranhei.
- Isso não importa, eu não a quero que a expulse. - percebi que ele ia fazer outra pergunta mais eu acabei o interrompendo. - Você apenas deve me obedecer. - eu já começava a ficar com raiva disso. Ele acabou percebendo isso e acabou concordando no final.
Com esse assunto encerrado, comecei a caminhar em direção a porta mas para piorar o meu mau-humor acabei sendo impedido.
- Espera alpha, quero aproveitar que você está aqui e eu quero fazer um convide. - ele disse depois de recuperar um pouco a palidez do seu rosto e limpar o seu suor.
- Convite? - perguntei e ele afirmou novamente com a cabeça. Eu o vi que ainda estava um pouco tenso, mas parecia que estava mais tranquilo.
- Sim, como que daqui em três dias será o aniversário da minha sobrinha, decidi fazer um baile de máscaras. Esse foi um pedido dela e eu não tive como negar. – sorriu um pouco. - Então eu queria saber se você vai querer participar?
Após de fazer essa pergunta eu tive que segurar a minha irritação. Eu estava sendo convidado em uma festa de aniversário da maldita da garota que prejudicou e bateu na Ana. Respirei fundo para não explodir e contar para ele o que era a sua queridinha sobrinha era. Porém, eu sabia que o Jorge não merecia uma coisa dessa e ele estava cego acreditando na garota. Se eu contasse, poderia destruir completamente esse homem que tinha apenas um fio de esperança o segurando, porque ele a tinha como a sua única família.
- Eu não sei. - falei apenas isso, mas eu não planejava ir de jeito nenhum nesse baile.
- Por favor alpha, a minha sobrinha ficaria tão feliz em saber que você vai estar lá. - falou coçando a nuca um pouco desajeitado.
- Eu vou pensar. - falei e saio da sua sala, eu não queria saber como esta conversa terminaria.
Quando cheguei em casa, fui direto para uma sala que me servia como de treinamento. Mesmo que não precisasse. O William que estava por perto se aproximou e começou a me acompanhar no treinamento. Lutávamos um contra o outro, mas como ele não aguentou por muito tempo, acabou indo embora depois de recuperar o fôlego. Eu fiquei mais um pouco, malhei e soquei alguns sacos de boxe que não duravam por muito tempo.
Eu não demorei muito para sair de lá, felizmente consegui recuperar um pouco das minhas emoções e fiquei mais tranquilo. Por causa do suor, foi em direção do banheiro para tomar um banho gelado para refrescar um pouco. Quando saio do banheiro, me visto e saio do quarto. Logo em seguida caminho em direção da cozinha e tento fazer uma comida comestível. Preparo uma lasanha, acompanhado com um copo de vinho.
Após de comer, arrumo a bagunça e vou em direção do escritório. Mas tive que parar os meus passos quando ouço a campainha tocar. Eu volto e caminho pelo corredor para abrir a porta. Não tenho empregadas, mas também não é algo que eu precise e ninguém vai na minha casa, apenas um que sempre me perturba como agora. Abri a porta e encontro William de novo me olhando com um maior sorriso e segurando algo que parecia se dois envelopes. Ele entra com a maior alegria, no qual eu estou completamente costumado.
- Mano eu tenho uma novidade bombástica. - falou quase que pulando por causa da empolgação. A minha reação foi apenas revirar os olhos e começar a caminhar em direção do meu quarto, o ignorando. - É sério Hector!
- Fala então. - pedi já me sentando na cadeira do meu escritório. Ele se aproximou e colocou os envelopes em cima da mesa.
- Tem uma festa para irmos ,cara. - falou e eu bufei já entendendo do que se tratava.
- Eu não vou. - falei e me levanto novamente ignorando o seu olhar e indo na direção da janela, olhando para o lado de fora.
- Por favor, Hector! Todas as festas que eu peço para você ir, você nunca vai. -fala frustrado.
- Mas é um baile William! - falei irritado.
- Qual o problema? Pelo o que eu sei vai ter várias garotas por lá. - disse dando um sorriso malicioso. Parece que ele até esqueceu que já tem a mesma idade que eu. - Em quem saber que você encontre a sua companheira por lá.
- Isso é impossível, você sabe muito que a minha companheira está morta. - falei com ódio. Ele sabia que eu não gostava de tocar nesse assunto, mas mesmo assim fica usando isso como incentivo.
- Pode até ser, mas pelo menos precisa sair um pouco, sempre trabalho e casa, quem sabe lá encontre a alguém interessante. - eu ia dizer mais alguma coisa, mas o pensamento de Ana veio em minha mente. Será que ela vai estar lá também? O baile é uma ótima oportunidade de encontrar um parceiro. Pensei no caso de um outro homem se aproximar dela. Só de imaginar a cena eu quebrei a caneta que estava na minha mesa, com ódio. Respirei fundo e olho para o William.
- Tudo bem, William. Eu vou nesse baile. - falei e o vi abrir aquele sorriso novamente.
Depois disso o William foi embora dizendo que já iria informar para o alfa Jorge sobre a nossa participação no baile. Finalmente consegui ficar sozinho de novo. Já estava de noite, mas eu não estava nenhum pouco cansado. Então saio de casa, caminhando sem rumo. Talvez seja coincidência ou não, mas acabei parando em frente da cabana onde a Ana estava. Eu dei a volta e fiquei atrás de uma árvore em frente da janela do seu quarto. Eu podia ver ela observa com atenção o céu e as estrelas.
Mesmo ela estando com roupas de dormi e com o olhar perdido, ela ainda era a garota mais linda que eu já vi. Porém, agora percebi que nesse baile ela saberá quem realmente eu era. Não sei como será a sua reação, mas isso não importa. Eu não vou me afastar dela mesmo que ela quisesse. Um pouco distraindo acabei pisando em um galho seco, o que fez que a sua atenção caísses sobre mim. Felizmente consegui me esconder a tempo, mas ela acabou saindo da janela e eu não pude mais vê-la. Contudo, acabei voltando para a casa com um sorriso no rosto e com a esperança que eu a encontrarei no baile.
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Minha Loba
WerewolfMinha Loba (Atualizada) Depois da sua primeira transformação, Ana nunca foi a mesma. E o motivo? Foi que as pessoas que ela mais amava a chamaram de MONSTRO. Apartir daquele dia teve que conviver com a dor e a solidão. Porém, tudo isso muda quando e...