Capítulo 11

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Eu acordei um pouco mais tarde que o normal. Foi uma noite muito tranquila. Eu me senti descansada e mais alegre. Com um pouco de preguiça, aos poucos vou levantando da cama. Saio do quarto e vou na direção do banheiro. Faço a minha higiene e escovo os meus dentes. Pego uma escova de cabelo que estava em cima da pia e volto para o quarto.

Vou na direção da janela e a abro para poder circular um pouco de ar puro para dentro do quarto. Fico olhando para as poucas nuvens no céu azul e sinto uma pequena brisa da manhã balançar os fios do meu cabelo, me fazendo arrepiar. Com a escova de cabelo na mão, começo pentear o meu cabelo ruivo/alaranjado. Eu sempre me perguntava de onde herdei esta cor de cabelo. Será que veio da minha mãe? Ou do meu pai? Não tinha como eu saber.

Eu não tenho nenhuma pista de como eram ou quem seria os meus pais. A única coisa que as madres me disseram, era que eu fui encontrada na porta do orfanato. Mesmo assim, quando eu era mais pequena, eu sempre me olhava em frente do espelho e imaginava em como os meus traços se pareciam com dos meus pais.

Eu acreditava que a minha mãe teria os mesmo olhos azuis e o formato do meu rosto e a cor do meu cabelo poderia ter sido puxado para o mesmo que do meu pai. Eu ficava horas imaginando. Até que o tempo passou e eu comecei a ficar triste e com raiva. Antes eu pensava que uma mulher que abandona o seu próprio filho, era pior que um animal. Nem os animais abandonam os seus próprios filhotes e estão sempre os protegendo entre dentes e garras.

Mas agora eu penso diferente, minha mãe pode ter os seus motivos. Talvez até para me salvar. Igual aquela mulher do sonho, que teve se sacrificar para salvar o seu bebê. Como pode aquela mulher me deixar tão curiosa e intrigada. Ao mesmo tempo, também fico com ciúmes por conta da enorme demonstração de amor. Era uma mistura de emoções que eu não sabia muito bem em como lidar.

Saio dos meus pensamentos quando escuto vozes vindo de lá em baixo, com curiosidade saio do quarto e fecho a porta. Desço as escadas em silêncio, até que as vozes começaram intensificar. Elas pareciam estar vindo da sala. Com passos bem devagar, acabei chegando na porta da sala e me escondi.

Na verdade, eu nunca fui de bisbilhotar conversas alheiras, mas acabei reconhecendo a voz da Sueli e automaticamente fiquei curiosa.

- O que você está me escondendo vó? - eu não reconheci de quem era essa voz, mas era fina e feminina.

-Eu-eu... - a voz da dona Sueli parecia hesitante em falar.

Eu estranhei quando ouvi a moça chamar a Sueli de vó. Como a minha curiosidade ficou maior, ainda acabei tentar espiar um pouco mais, mas acabou sendo um erro.

- Vó quem é ela?? - diz a voz parecendo está em choque. Droga! Com certeza foi por causa do meu cabelo alaranjado. Pensei. Como eu já tinha sido pega acabei saindo do meu "esconderijo" que era atrás da porta.

- Oi... - falei envergonhada.

Só agora reparei melhor o rosto daquela pessoa. Ela parecia ter a minha idade, tinha cabelos castanhos e olhos azuis, magra mas não exagerado e era um pouca mais alta que eu. Eu até poderia ter considerado ela bonita, mas a sua careta de espanto e de raiva, acabou a estragando.

- Ana essa é Roberta. Minha neta, irmã do Rick e de Mel. Os meus olhos se abririam do mesmo modo que a minha boca pela a surpresa, só agora reparei as semelhanças dela com os pirralhos, só muda a cor dos olhos.

- Vó me diz uma coisa, o que essa garota está fazendo com o meu vestido favorito e com a minha escova de cabelo? - quando ela disse isso, percebi que eu ainda estava com a escova na mão. Mas o jeito grosseiro que aquela garota falou, não gostei nem um pouco.

- Calma Roberta, por enquanto, foram as únicas roupas que eu tinha encontrado para ela vesti. Mais tarde eu compro outras para ela. - falou a dona Sueli tentando explicar.

- MAS SÃO AS MINHAS ROUPAS!! – o jeito que ela estava tratando a dona Sueli e parecendo que o mundo estava acabando, estava me incomodando muito. Essa garota com certeza é grosseira e eu odeio garotas assim. Já não fui com a cara dela deste o começo. Mas ainda guardei esse pensamento só para mim.

- Mas Roberta, ela não tinha nenhuma roupa a mais para vesti. - a dona Sueli queria acalmá-la, mas parecia que não estava funcionando.

- Como assim não tinha roupa para vesti? Por acaso ela é uma mendiga? - perguntou irritada.

- Eu a encontrei na margem do rio machucada e a trouxe para nossa casa para poder cuidar dela. - falou a Sueli. As duas discutiam como se eu não estivesse ali.

- VOCÊ TROUXE UM ESTRANHO PARA A NOSSA CASA?? - os gritos desta garota eram irritantes e histéricos, me deixando entediada. - ELA PODE ATÉ SER UM LOBO SEM ACALTEIA, UM ÔMEGA! - quando ela falava me encarava com um olhar de desgosto.

- Você queria que eu a deixasse ela lá para morrer? - pergunto Sueli espantada

- Mas vó, você sabe que os ômegas são cruéis e vingativos e se ela for uma espiã deles e fazer algo de ruim com a gente. Imagina então se o alfa descobrir que você está escondendo essa garota aqui. Ele pode até expulsar a gente da alcateia! - a dona Sueli finalmente olha na minha direção e sorriu antes de responder.

- Eu confio nela, eu sei que ela é uma boa garota e com o alfa eu cuido depois. - depois que dona Sueli falou eu dei um sorriso de agradecimento a ela mesmo não entendo muito a situação. Mas eu sabia que ela estava me protegendo. A garota vendo que não ia conseguir mais nada, ficou com o rosto vermelho de raiva e saiu bufando da sala.

- Obrigada por me defender dona Sueli. - falei chegando perto dela.

- Eu sei que posso confiar em você, querida. - falou ela dando um beijo no topo da minha cabeça.

- Mas Sueli o que significa ser um ômega? - o modo que a Roberta falou sobre os ômegas, parecia como ser ômega fosse... Inferior.

- Como a minha neta tinha falado, ômegas são lobos sem alcateias, que foram expulsos de um grupo por conta dos seus crimes. Tem alguns que andam em bandos, mas não há líder. E tem outros que preferem andar sozinhos. Que também são chamados de lobos solitários. A maioria são todos fracos, porque sem a união de uma alcateia perdem a força, mas também são muitos cruéis. Eles torturam, estupram e matam. - um calafrio percorreu o meu corpo. - Mas eu tenho certeza que você não é um deles, eu vejo isso. Você é forte, guerreira e carinhosa, eu vejo tudo isso no seu olhar. - disse sorrindo. - Mesmo você ainda sendo muito nova e não pertencendo a nenhuma alcateia, não acredito que você seja uma espiã. Você é diferente. - ela coloca as suas duas mãos em meu rosto me fazendo a olhar bem no fundo dos seus olhos. - Os seus olhos mostram um poder muito forte, ao mesmo tempo diferente e misterioso...

- Então o que eu sou dona Sueli? - perguntei confusa.

- Eu não sei... - falou suspirando. - Mas eu sei que logo você vai descobrir. Agora toma o seu café da manhã, porque nos teremos que sair daqui a pouco. - falou apressada.

- Sair para onde? – perguntei surpresa e ela deu um sorriso de canto.

- Vamos conhecer o alfa. -disse simplesmente.

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