Capítulo 26

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Fiquei paralisada pelo o medo, com os meus pelos da minha nuca se arrepiando todo. Com ajuda da brisa, consegui capturar o cheiro desse animal que se escondia por trás da mata. Esse cheiro de urina e sangue me trazia lembranças desconfortáveis. Tentei permanecer atenta ao meu redor e com a respiração calma, mas não por muito tempo quando eu o ouvi que se aproximava. Enquanto o meu coração queria sair pela boca, os meus pensamentos e o meu corpo gritavam para que eu sair dali o mais rápido possível. Porém, eu estava manca e eu sabia que se eu me movesse e chamasse a sua atenção, poderia acontecer algo bem pior na qual eu não conseguiria me defender. Mas eu também sabia que eu não poderia ficar daquele jeito para sempre, que mais cedo ou mais tarde eu teria que me mexer e como eu não tinha escolha nenhuma, tomei coragem e me virei tentando sair lentamente.

No entanto, foi inútil. O lobo tinha percebido a minha presença deste o início e quando viu que eu estava pronta para sair, acabou pulando e parando na minha frente. Os meus olhos se arregalaram e prendi a respiração, quando eu encontrei o ômega. Imediatamente eu comecei a me afastar para longe, mas acabei me desequilibrando por causa da perna e cai no chão. Mesmo assim, tentei afastar mais um pouco me arrastando pela grama e procurando alguma coisa do chão para servir como arma. O seu rosnado se tornava cada vez mais alto, enquanto se aproximava. O medo estava começando a me consumir, ao mesmo tempo a adrenalina. Fui me afastando cada vez mais, até que cheguei na beirada da cachoeira onde eu não tinha mais escapatória. Eu passava a minha mão no chão à procurara de algum objeto e tudo que eu encontrava eu jogava nele. Ana! Gritou a Malu. Eu tentei me transformar, mas no mesmo instante, o ómega subiu em cima de mim colocando todo o seu peso e prendendo a sua pata em meu pescoço contra o chão. Comecei a me debater tentado escapar, mas era impossível. Ele me apertava ainda mais, me causa mais dor e falta de ar.

Quando eu estava prestes a perder a consciência, virei a minha cabeça para o lado e encontro uma pedra grande um pouco distante. Eu estiquei o meu braço tentando alcançá-la, mas eu consegui apenas tocar com as pontas dos meus dedos. Eu voltei o meu olhar para os seus olhos selvagens e sombrios que me observavam. Tentei voltar a pegar a pedra, mas eu fui impedida quando o lobo rosnou novamente e rasgou a minha blusa com as suas garras. Desesperada, tento pegar novamente a pedra enquanto tentava ignorar as dores, após ele perfurar ainda mais em meu corpo com as suas garras. Eu suspirei em alívio quando finalmente consegui pegar a pedra e no momento que ele tenta morder o meu pescoço. Seguro firme a pedra e a acerto com toda a minha força na cabeça do ômega.

Não foi igual no que eu pensava que seria, mas foi o suficiente para que ele se desequilibrasse e saísse de cima de mim. Eu não perdi a minha chance e me levantei começando a correr para longe dele. Corri com toda a minha força que me restava, enquanto eu entrava na floresta. A minha respiração começou ficar ofegante pela a corrida e por causa da dor na perna. Aos poucos eu ia diminuindo os meus passos por causa do cansaço, até que eu parei com tudo me encostando as minhas costas em uma árvore, para eu poder respirar melhor. Eu fiquei aliviada quando o meu redor estava tudo em silêncio, mas infelizmente esse silêncio foi quebrado pelo um ruivo alto de ódio. Tomei fôlego e voltei a correr com as pernas trêmulas por causa dos machucados e o cansaço. Tentei desviar das árvores que apareciam na minha frente, porem não foi o suficiente para que eu consegui desviar de uma raiz e acabaei caindo no chão. Ainda agachada me escondo atrás de uma árvores, porem eu sabia que eu não conseguiria me esconder por muito tempo, com a minha respiração acelerada que dava para ouvi em longas distâncias. A Malu era a minha última opção que me poderia me ajudar. Ela também estava louca para sair para me proteger. Respirei fundo e me levantei. Acabei desequilibrando um pouco e fiquei com a visão turva. Mesmo assim, eu estava pronta para voltar e enfrentar aquele ômega. Mas, não foi necessário eu andar sequer um passo, eu o vejo bem na minha frente com os seus dentes a mostra e rosnando sem parar com o olhar de puro ódio.

Pega de surpresa me afastei imediatamente três passos para trás. Eu não consegui reagir a tempo e com isso eu acabei ficando parada igual uma idiota. O ômega percebendo a minha distração, pulou em cima de mim me derrubando no chão novamente e como estivesse em câmara lenta, eu vi os seus dentes afiados se aproximarem em meu pescoço. Nesse momento pensei que seria o meu fim. As lembranças da minha infância até neste momento, passaram rapidamente em minha mente, mas o que mais me perturbou foi que o meu último pensamento foi dele, como se ele fosse a minha salvação.

- Hector... - eu sussurrei pelo o seu nome. Nem eu sei o que eu estou fazendo, mas para mim neste momento, o seu nome me pareceu como uma última esperança.

Eu fechei os meus olhos quando o ômega chegou perto o suficiente para me acertar em um golpe fatal e esperei pelo pior, mas foi estranho quando eu não senti nada. Por um momento pensei que eu morri mais rápido do que eu imaginava, porém eu estava engana quando eu soltei a respiração que eu nem sabia que o prendia. Um pouco hesitante, abri apenas um olho para bisbilhotar o que estava acontecendo e acabei não entendendo quando não encontro mais nenhum lobo assassino em cima de mim.

No mesmo instante eu me levantei. Não entendi nada, até que escutei um rosnado de dor atrás de mim e quando eu olhei para ver o que era, os meus olhos se arregalaram sem acreditar no que via. O ômega estava debaixo de um outro lobo de pelagem preta. Era o lobo, dos olhos mais escuros que a própria escuridão e que sempre me perseguia.

Eles começaram estar em uma briga bem feia. Eu somente conseguia ver, mordidas, cortes, sangue, e rosnados, mas pelo menos eu sabia que o lobo preto estava ganhando com vantagem. Nesse período, eu imaginava o que eu poderia fazer. Era a minha chance de correr e fugir para o mais longe possível. No entanto, eu não conseguia me mover, pois cada parte do meu corpo estava dolorido e fraco. Só consegui observar a luta. Mas observando melhor a luta, parecia muito imparcial. O lobo preto parecia entediando com a briga como se o ômega fosse um ser inferior. Parecia até que ele brincava com o ômega, o torturando.

O ômega percebendo a sua derrota decidiu sair fugir correndo para mata, antes de ser morto. Mas ele não conseguia escapar das garras do lobo maior. Até que no final, acabou sendo atacado no pescoço e morreu. O meu momento de admiração passou quando o lobo vitorioso me encarou com o seu olhar frio, me arrepiando toda. Comecei me afastar aos pouco, enquanto eu não conseguia desviar o meu olhar do seu. Ele também se aproximava com pequenos passos e hesitantes. Toda vez que eu ia me afastando o meu coração se acelerava cada vez mais, mas eu acabei encostando as minhas costa em uma árvore e com isso eu acabei ficando de cara a cara com o lobo. Eu sabia que ele me observava com atenção, mas eu também fazia a mesma coisa. Tentando saber o que há por trás daqueles olhos.

Com a minha respiração pesada, fiquei parada sem saber mais o que fazer. Porém, quando eu o vi abri a boca pronto para atacar, fechei os meus olhos e esperei pela mordida, mas algo inesperado acontece. Eu sinto algo molhado tocar o meu rosto e abro os meus olhos pelo susto, era a primeira que um lobo me dá uma lambida na minha bochecha. Eu faço uma careta de nojo enquanto eu limpava a baba. Contudo, eu estranhei quando o vi com um olhar de divertimento, que me fez sorri igual uma boba. Apesar tudo, eu fiquei séria logo depois e o observei. Tomei fôlego e levantei a minha mão para tocá-lo. Com as pontas do meu dedo, toquei no seu focinho e esperei. Suspirei em alívio quando ele não fez nada. Somente começou a soltar um rosnado baixo, gostando do carinho. Eu comecei a rir um pouco dele, mas apesar de tudo segurei com as minhas duas mãos no seu rosto e o encarei no fundo dos seus olhos.

- Quem é você? - me perguntei quase em sussurro, enquanto eu o encarava. Mas ele se afastou rapidamente do meu toque com um olhar de preocupação e deu um rosnado fraco. O seu corpo começou a tremer enquanto voltava a sua forma humana. Eu o observa curiosa, mas isso acabou rápido quando ele se transformou em completo, agora eu estava surpresa, confusa e até raiva. - Hector...

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