Na mesma noite, eu sonhei que eu estava em um lugar que parecia ser um quarto frio e sombrio. Eu estava muito assustada, gritei mas ninguém me ouvia. Não tinha mais ninguém ao meu redor. Parecia que estava passando a mesma situação quando as madres viraram as suas costas para mim, logo depois de me trancar no porão. Fiquei encolhida em um canto de uma parede, com as lágrimas que começaram a escorrer em meu rosto. Porém, quando o desespero estava tomando conta, uma mão quente e macia tocou no meu rosto e limpou as minhas lágrimas. Com o seu toque, comecei a senti mais calma e segura.
Levantei a minha cabeça e o olho para saber quem era. No entanto, eu não conseguia reconhecer o seu rosto, minha visão parecia embaçada e eu podia apenas ver a silhueta de um homem. Quando ele acabou de secar as minhas lágrimas, estendeu a sua mão e ajudou a me levantar. Eu segurei a sua mão e senti uma corrente elétrica passar em meu corpo me deixando arrepiada.
Saímos daquele quarto e começamos a caminhar em um lugar que parecia um corredor. Logo o ambiente que antes era escuro, mudou para um grande campo de flores. Ficamos andando pelo local por bastante tempo. Eu olhava para as flores toda admirada e sentia o seu olhar observando todos os meus movimentos. Quando eu cansei, deitei-me na grama e olhei para o céu azul se tornando alaranjado, por conta do início do pôr-do-sol.
Eu senti ele deitando ao meu lado, então me virei de lado para olhar para ele, mesmo eu não conseguindo enxergar muito bem o seu rosto. Eu me aproximei e coloquei a minha cabeça em cima do seu peito, me sentindo bastante confortável. Os seus dedos começaram a fazer carinho em meu rosto, me deixando um pouco sonolenta.
- Obrigada. - eu agradeci soltando um bocejo logo depois. Aos poucos os meus olhos começaram a se fechar.
- De nada... - sussurrou e me apertando ainda mais em seus braços. A sua voz era calma e tranquila.
Eu queria dizer alguma coisa, mas o sono chegou primeiro. Mas antes de eu me entregar ao sono, senti um beijo quente tocar na minha testa e tudo se escurece.
............
Eu acordei um pouco estranha, eu estava muito feliz e relaxada. O quarto estava escuro, porque ainda era de madrugada. Mesmo estando cedo, levantei da cama e sai do quarto indo na direção da cozinha. Eu não comi nada deste ontem, então eu estava com muita fome. Cheguei na geladeira e peguei alguns ingredientes para preparar um lanche. Quando eu acabei de comer, saio da cabana indo na direção da floresta. O céu estava estrelado, a lua era minguante e mesmo não sendo lua cheia, ainda iluminava a floresta toda.
Eu sabia que a Malu não estava mais aguentando ficar presa, então retiro minha roupa e coloco atrás de uma árvore e me transformo. Até que fim. Diz a Malu e eu sorrio por dentro. Nesses dias, a gente esteve se comunicando bem pouco, eu já estava com saudades de ouvir a sua voz. Comecei a correr por toda floresta, me sentido liberta. Encontrei um cervo no meu caminho. Eu o matei e comi.
Quando vi que já estava amanhecendo, volto ao normal e vou para a cabana. Quando eu entrei, todo mundo ainda estava dormindo. Então eu vou para o quarto e me deito na cama para dormi mais um pouco, antes que a dona Sueli me chamasse para o café da manhã.
Eu consegui dormi de novo e só acordei quando a dona Sueli me chamou para que eu me arrumar e avisando que hoje eu teria o meu primeiro dia de aula. Isso me deixou desanimada um pouco. Eu acabei me esquecendo que agora eu teria que entrar em um escola que eu não conhecia ninguém daquela alcateia. Sem ânimo algum, vou ao banheiro, faço a minha higiene e escovou os meus dentes. Tiro a minha roupa e tomo um banho na água gelada para ver se eu animo um pouco. Quando acabei de tomar o banho e saio do banheiro e encontro uma carta em cima da cama. Pego e leio.
Comprei algo para você, está dentro do seu guarda roupa.
Ass. Sueli
Vou com pressa para o guarda-roupa e um grande sorriso se abriu em meu rosto quando vi o que era. Roupas, sapatos, calcinha, sutiã e meias tudo novas. Eu fiquei muito feliz com a consideração da dona Sueli, no entanto, fiquei um pouco envergonhada por gastar o dinheiro dela. Mesmo assim, eu não perco muito tempo e coloco uma blusa regata branca, uma calça jeans azul e um tênis. Depois eu começo a pentear o meu cabelo, fazendo um rabo de cabelo e fico sem maquiagem.
Quando eu saio do quarto, vejo uma mochila encostado na parede. Eu sabia que era para mim, então eu acabei o pegando e vou para a cozinha. Encontro as crianças comendo o seu café-da-manhã com a sua irmã. Vejo a dona Sueli preparando as panquecas, vou até nela e a abraço, que ela logo retribui.
- Obrigada pelas as roupas dona Sueli. – falei feliz. - Eu prometo que te pegarei cada centavo que você gastou comigo.
- Não precisa querida. Aquelas roupas são um presente meu para você. - falou gentilmente, mas como eu era teimosa , acabei negando com a cabeça.
- Não dona Sueli, eu quero recompensar pelo menos com alguma coisa! - afirmei
- Aquilo é um presente meu Ana e quero que você o aceite sem nada em troca! - falou firme e eu concordei com a cabeça suspirando em derrota.
- Tudo bem, mas eu irei comprar um presente para você também. - falei me sentando na cadeira olhando para mesa cheia de comida, mas eu não estava com tanta fome.
- Eu não quero nenhum presente Ana. - diz a dona Sueli me encarando também com teimosia.
- Mas eu quero dar. - falei novamente. Ela solta um suspiro e se vira para as panquecas, mas eu consegui ver o seu sorriso. Eu sorrio também, mas desmanchou quando ouço uma risada forçada vindo da Roberta.
- O que você está rindo? - perguntei irritada.
- Nada, só quero ver aonde você irá arrumar o dinheiro para comprar esse presente. - deu um sorriso irônico. - Com certeza roubando. - começou a rir.
- Roberta!! - repreendeu a dona Sueli.
- Está tudo bem dona Sueli. - falei para ela sorrindo, mas olhei para a Roberta com irritação. - Roberta, eu não sou uma preguiçosa como você e muito menos uma ladra. Eu posso muito bem arrumar um emprego na alcateia e terei o meu próprio dinheiro. - desta vez ela me encarou com raiva, mas eu não me importava. - Pincipalmente, quem cuida da minha vida sou eu e não quero que você se meta aonde não é chamado. - quando acabei de falar, ela me deu um último olhar de ódio, e saiu da cozinha bufando de raiva.
Olhei para dona Sueli com um olhar desculpa, porque eu sabia que tinha exagerado. Felizmente, ela deu uma pequena risada voltando para as suas panquecas. Eu achei estranho, mas olhei para as crianças que também me encaravam com os olhos arregalados, mas logo começaram a rir. Foi aí que eu percebi que eles não estavam chateados comigo. O que eu falei era a verdade e se por acaso eu não conseguisse arrumar um emprego, eu tentaria ajudar a dona Sueli em tudo que ela precisava.
Eu evitei comer mais no café da manhã, eu já estava bem cheia por causa da refeição da madrugada. Então, eu vou correndo para o banheiro e escovo os meus dentes. Depois de limpos, volto para a cozinha e pego a minha mochila. Fico esperando a dona Sueli do lado de fora da cabana, para que ela me mostrasse o caminho da escola. Logo ela chega e começamos a caminhar.
Eu comecei a decorar o caminho para que depois eu conseguisse ir para a escola sozinha, mas durante o trajeto a ansiedade estava me deixando um pouco distraída. Eu estava com receio de passar as mesma coisas que passei na minha outra escola. Tudo aquilo que tive que aguentar, sem poder fazer nada. No fundo, eu esperava que isso mudasse.
Quando eu sai dos meus pensamentos, já estávamos em frente do portão da escola. Muitos alunos saiam e entravam, enquanto isso, eu ficava cada vez mais nervosa.
- Fique calma Ana, tudo vai dar certo. - diz a dona Sueli dando um sorriso carinhoso quando percebeu o meu nervoso. - Eu coloquei os seus horários e o número do seu armário na sua mochila. - falou e eu concordei tentando acalmar o meu coração. - Não precisa ficar nervosa. - ela um beijo na minha testa, o que me fez ficar mais calma. - Adeus querida e tenha um boa aula. - falou se afastando e logo indo embora. Quando eu não a vejo mais, solto um longo suspiro indo na direção do portão da escola, depois de hesitar por um tempo, acabei entrando. Depois que eu entrei, olhei ao redor para ver o lugar que começarei a estudar.
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Minha Loba
WerewolfMinha Loba (Atualizada) Depois da sua primeira transformação, Ana nunca foi a mesma. E o motivo? Foi que as pessoas que ela mais amava a chamaram de MONSTRO. Apartir daquele dia teve que conviver com a dor e a solidão. Porém, tudo isso muda quando e...