Capítulo 48

247 19 5
                                    

- Como ela morreu? - perguntei com a voz baixa e a olhei com os olhos lacrimejados. A dona Sueli foi pega desprevenida com a minha pergunta e acabou desviando o seu olhar do meu. - Por favor dona Sueli, me diz... Como ela morreu? - perguntei novamente, pois eu estava querendo saber desesperadamente a resposta. Aquele sonho tinha me marcado profundamente, toda frustração, dor e inveja que senti durante aquela cena, era algo difícil de se esquecer.

- Não sabemos ao certo... - falou lentamente e ficou me encarando atentamente por um tempo, até que soltou um longo suspiro enquanto baixava a sua cabeça. - Naquele dia estávamos em uma guerra, ou melhor... Foi a maior guerra que já teve. Ela estava grávida no seu último mês de gestação e assim, não poderia mais lutar. O alfa Jorge teve que ir para guerra, mas antes disso, ele a escondeu junto com algumas outras pessoas em um esconderijo para evitar que eles sejam atacados. No entanto, a coisa mais horrível aconteceu. Aquele esconderijo acabou sendo achado e foi atacada pelos inimigos. Infelizmente, quase não houve sobreviventes, se não fosse pela sua mãe, não sobraria ninguém vivo. O alfa pareceu ter sentindo que algo estava errado, e voltou naquele mesmo dia. Quando ele viu todas aquelas pessoas mortas e feridas, já tinha percebido que o pior aconteceu. Mas quando encontrou a sua mãe morta em uma cabana, se tornou completamente outra pessoa, por causa do seu desespero e da dor. Ele imaginava que vocês duas tinham morrido, já que a ferida em sua barriga era muito grande e tudo indicava que ela tinha sofrido um aborto. Sua mãe estava sozinha na cabana, não havia sinais de outras pessoas, apenas o seu corpo gelado permaneceu...

A cada palavra que ela dizia, a voz dela se tornava cada vez mais fraca. Estava claro a enorme dor que ela se sentia após relembrar e me contar essas memorias dolorosas. Entretanto, eu também estava com os olhos cheios de lagrimas e com a garganta travada por conta das minhas emoções conturbados. A dona Sueli não poderia saber como a Kinbble morreu, mas eu sim. Eu sonhei com isso. Sonhei quando ela se sacrificou a sua vida para salvar a minha. Depois que eu descobri isso, não pude de deixar de pensar que eu sou a verdadeira culpada pela sua morte.

- Ana... - a dona Sueli chamou pelo meu nome, mas mesmo assim eu permaneci quieta, sem coragem de olhá-la nos seus olhos. Caso ao contrário, ela iria acabar vendo as lágrimas que transbordavam em meus olhos.

Por pensar demais, acabei não percebendo que ela estava muito perto até quando os seus braços me rodaram e me puxaram para um abraço caloroso. Eu fui pega de surpresa, mas eu não demorei muito para retribuir o seu abraço. Sem aguentar por mais tempo, acabei deixando que as lágrimas caíssem.

- Não chore, querida... Você acabou de descobrir que tem um pai, e eu aqui falando coisas tristes... - disse enquanto acariciava a mais costas.

- Não dona Sueli, você não tem nenhuma culpa. Lembre-se, fui eu que pedi para você contar como a Kinbble tinha morrido. Era eu que deve que pedir desculpa... Acabei fazendo você se lembrar de coisas dolorosas. - falei enquanto a apertava ainda mais o abraço.

Quando nós separamos, dei um beijo na sua bochecha e segurei as suas mãos com delicadeza. Meu coração tinha uma tristeza profunda, porém, com o amor da dona Sueli impedia de me afogar completamente nesses sentimentos.

- Obrigada, dona Sueli! Você me ajudou muito, sem você, eu ainda não saberia o que fazer. - falei também abrindo um pequeno sorriso.

- Apenas acredita no seu coração que tudo vai dar certo... - disse abrindo mais o sorriso enquanto se afastava. Nesse momento, ouvi batinas na porta e logo era possível ouvir a voz das crianças chamando a sua a dona Sueli.

- Dona Sueli, eu já estou bem. Você pode cuidar das crianças. - falei com uma risada um pouco rouca por conta do choro de antes.

- Você tem certeza que se sente bem ficar sozinha? - perguntou preocupada.

Minha LobaOnde histórias criam vida. Descubra agora