Capítulo 3

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Me levanto da cama logo depois do despertador tocar. Respiro fundo e saio do meu quarto/porão. Vou na direção do banheiro e entro. Escovo os meus dentes e faço a minha higiene. Retirei as minhas roupas e ligo o chuveiro, deixando na água gelada para poder me despertar completamente. Depois do banho me vesti. Coloco o uniforme da escola e uma calça jeans azul. Pego também a minha jaqueta favorita que tinha um capuz que cobria uma grande parte do meu rosto. Arrumo o meu cabelo ruivo que acabei tendo algumas complicações por causa dos nós. Acabei o deixando solto mesmo. Não utilizo maquiagem. Ponho as minhas botas e pego a minha mochila.

Tudo pronto, vou à cozinha pegar algo para comer e para a minha sorte, ninguém estava por lá. Pego apenas uma maça e saio do orfanato logo em seguida. Pego o meu celular (que antes pertencia a Lisa), os meus fones de ouvido e os coloco. Eu senti pelo menos um pouco de liberdade. O vento frio de inverno balançou algumas mechas do meu cabelo e a sensação era maravilhosa.

Infelizmente, tudo que é bom acaba rapidamente. Logo cheguei a escola. A distância da escola ao orfanato eram somente duas quadras. Quando entrei, eu era umas das primeiras pessoas. Eu sempre chegava cedo para evitar de ver as caras das pessoas que eu mais odeio daqui da escola. Aquelas patricinhas e os populares. Não entendo o motivo para eles sempre quererem implicar comigo. Eu nunca fiz nada contra eles. Mas aprendi que a melhor coisa de se fazer é ignorá-los. Se eu não fizer isso, aí que eles não me deixariam em paz.

Vou em direção ao meu armário para pegar as minhas coisas, mas acabei esbarrando em alguém. Me viro e vejo que era Marta, a líder do grupinho das patricinhas. Acabei revirando os olhos. Eu mereço! Ela me encara com um olhar de ódio. Ela era morena e eu pouco mais alta que eu. Seus cabelos e olhos eram pretos. Ela era conhecia por ser a garota que ficou praticamente com todos os garotos da escola e ela adorava se exibir por conta disso. Uma piranha.

- Por acaso você não tem olhos para enxergar não garota? - a sua voz era tão irritante que até me deu a vontade de tampar os meus ouvidos. Mas fiz algo melhor. Eu a ignorei. Porém, aquela idiota acabou segurando o meu pulso me impedindo de sair. - Parece que a estranha não me ouviu. - disse sorrindo, mas logo depois o desmanchou quando não a respondi. - Pelo jeito a órfã não sabe mais falar também. - riu e as outras garotas que estavam junto a ela começaram a rir também.

O que elas queriam era me irritar, mas não conseguiriam facilmente. Dei um sorriso de canto e tirei o meu pulso que ela segurava e me virei de costa, voltando para o meu caminho. Estou achando bastante estranho que elas estavam aqui tão cedo. Normalmente, todas chegavam atrasadas. Olho para trás e vejo que elas ainda me encaravam. Tem algo aí. Sem dúvidas estão aprontando alguma coisa. Chego em meu armário, mas acabo ouvindo risadas abafadas. Pego a minha mochila e finjo que estou procurando alguma coisa para poder ouvir o que elas estão planejando.

- Você acha que vai da certo Marta?

- Claro que vai Emily, você vai ver, ela vai sair gritando como uma louca. Tomara que dá certo. Foi horrível tocar naquilo.

- Eca! Realmente foi nojento.

- Você fala isso, mas não foi você que pegou naquilo Emily. Mas me diz, onde você arrumou aquela coisa?

- Pedi para o Ricardo, ele tem bastante daquilo.

- Ei! o que vocês estão fazendo ai cochichando?

- Cala a boca Luísa, se não a estranha vai acabar nos ouvindo.

- Ouvindo o quê?

- Para de ser idiota Lu, lembre daquele nosso plano...

- O da aranha?

- Claro sua tonta.

Então era isso que elas planejaram. Pelo amor de Deus, quem ainda colocava aranha nos armários dos outros? Somente aquelas loucas mesmo. Acabo soltando uma risada. O que elas não sabem é que aranhas são um dos animais que eu mais admiro. Por serem pequenas e poderosas. Por isso que dissemos: tamanho não é documento.

Abro o meu armário e vejo uma aranha grande e peluda. São as minhas favoritas. Pego ela na minha mão e a retiro do armário. Olho para a Marta que estava de boca aberta e com olhos arregalados. Dou um sorriso de diversão. Ver a sua cara daquele jeito foi irado.

Saio da escola e coloco a aranha na onde que ninguém consegue ver. Depois volto para dentro e entro na minha sala. Me sento na última carteira, no lado da janela. Meu lugar predileto, assim eu consigo olhar o para lado de fora.

Estávamos quase terminando a terceira aula, que era de língua portuguesa da professora Simone. Odeio aquela professora, era uma rabugenta. Mas logo o sinal toca avisando o intervalo. Até que fim! Pensei aliviada. Saio da sala indo para o refeitório. Pego a bandeja e começo colocar, arroz, feijão, salada e bastante carne. Uma pera e por fim, uma caixinha de suco de laranja.

Saio do refeitório e caminho na direção nos fundos da escola. Lá tinha uma grande árvore, que eu adorava ficar debaixo da sua sombra. Depois de chegar me sento na grama, coloco a bandeja em meu colo e começo comer. 

Na última aula, o diretor entrou na sala para anunciar que a escola iria fazer um acampamento na cidade vizinha, Beacon Hills. Muitos bateram palmas e outros reclamaram. Essa viajem poderá ser bom para mim e para Malu. Sem dúvidas!  Ouvi a sua voz e sorrio.

Depois do diretor ir embora, o sinal tocou e os alunos saíram como loucos. Saio logo depois. Deixo os meus materiais no armário e vou embora. Quando eu ia abrir a porta do orfanato, ouço alguém gritando pelo meu nome. Olho ao meu redor e vejo aqueles cabelos loiros e cacheados vindo na minha direção. Com seus olhos esmeralda e um sorriso enorme, tendo a famosa janelinha.

- MANA!! - gritou novamente.

- Duda? - fui até a ela e dei um longo abraço. - O que você esta fazendo aqui fora, meu anjo? - perguntei carinhosamente.

- É porque eu já estou bem forte, olha. - me mostrou o seu bracinho. Querendo mostrar os músculos que não tem.

- Que bom princesa. - falei realmente feliz.

- Mas Ana, eu queria te fazer um pedido. - falou tímida

- O quê? - perguntei curiosa. Ela nunca tinha me pedido algo antes.

- Quero ir para a floresta com você. - disse rapidamente.

- Por quê? - perguntei confusa. Eu não estava esperava que seria isso o que ela queria.

- E-eu queria te ver... Sabe, da outra forma, pelo menos mais uma vez. - ela me viu transformado só uma vez e adorou. É estranho ela querer me ver assim de novo, principalmente agora.

- Eu não sei se é uma boa ideia princesa... - falei preocupada, ainda estava cedo e a gente poderia ser pego pelas Madres.

- Por favorzinho... - fez uma cara tão fofa que eu não tive como recusar.

- Tudo bem... - suspirei derrotada. Mas logo eu abri um sorriso quando vi sua animação.

- EBA!! - gritou feliz

- Então vamos antes que nos vejam. - peguei na sua mãozinha e a levei para floresta.

Chegamos até em um lago e a deixo lá. Vou atrás de uma árvore e tiro a minha roupa e me transformo. Depois eu volto para ela. Ela fica admirada e levanta um pouco a sua cabeça, porque eu era maior que ela. Colocou a sua mão em meu focinho e o deslizou até nos pelos do pescoço me fazendo carinho. Me deito no chão e ela me olha sem entender. Pode subi. Falei em sua mente. Os seus olhos brilham ainda mais e acaba subindo. Aos pouco vou me levantando, tomando cuidado para não derrubar ela. Quando ela estava segura, começo a correr devagar pela floresta. Até que ela grita:

- VAMOS!!

Depois comecei a correr mais rápido por toda a floresta. A sua alegria me trouxe uma felicidade enorme. Me fazendo rir alegremente por dentro. Depois de um tempo eu a levei ela de volta para o lago. Fui atrás da árvore aonde estava a minha roupa e me vesti. Peguei na sua mão e comecei a levá-la para fora da floresta.

- Espere. - disse Duda antes de sairmos completamente da floresta.

- O que foi? - perguntei imediatamente depois de ver o seu olhar que tinha um pingo de tristeza e me deixou preocupada. Me agachei até em seu tamanho e seguro o seu rosto.

- Não é nada. - negou, mas os seus batimentos aceleraram dizendo que estava mentido. Ela nunca mentiu para mim antes. Antes que eu conseguisse perguntar alguma coisa, ela acabou falando mais rápido: - Só quero fazer uma coisa, posso? - mesmo na dúvida eu concordei.

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