Capítulo 7

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Estou caminhando em uma pequena trilha que consegui encontrar. Cada vez eu andava, eu ia me afastando ainda mais do acampamento. Mas eu não me importava. Esta densa floresta é linda. Os barulhos dos pássaros me encantava e o ar puro me acalmava. A luz do sol ficava cada vez mais fraca, porque já estava escurecendo. Mesmo assim, deixava a paisagem ainda mais bonita.

Nessa paz acabei esquecendo um pouco dos meus problemas. Porém não foi o suficiente, pois mesma com essa liberdade toda eu ainda me sentia incompleta. Talvez deve ser por a causa do fato de eu ter sido separada da Duda. A única que tinha feito eu rir verdadeiramente. A única que não me viu como um monstro e a única que não me abandonou.

Como eu poderia voltar para o orfanato, se as pessoas que eu mais amei me chamaram de monstro e quiseram que eu estivesse morta. Elas nunca te amaram de verdade! Diz a Malu. Desta vez eu não a respondo mas concordo internamente. Elas nunca me amaram de verdade, mas eu sim. Eu as considerava como minha mãe. Mãe. Quando criança eu sempre quis conhecer a minha verdadeira família, mas agora eu penso que eles podem ter me abandonado por saberem que eu sou assim. Ou talvez não...

Me lembrei do sonho que tive em que a mulher que tinha se sacrificado para salvar a vida do seu filho. Eu queria tanto saber quem era ela. Deve ter sido uma mulher incrível. Um sorriso bobo se formou em meus lábios, quando tive as lembranças da Duda e eu juntas. Ela era mais nova do que eu, mas na maior parte do tempo era ela quem cuidava de mim.

Quando eu ficava no porão sem água ou comida, a Duda sempre trazia as coisas que eu precisava. Claro que eu poderia sair pelas as portas do fundo, mas ela sempre me orientava a não sair de dia, pois eu poderia ser pega. Ela foi o meu anjo e eu agradeço muito por isso. Quando eu sai dos meus pensamentos, percebi que eu tinha saído da trilha e tudo estava escuro. Como eu fiquei tão lerda assim? Pensei.

Me virei de costa para ver se eu achava a trilha novamente, mas parecia que eu entrava ainda mais dentro da mata. Droga! eu estou perdida. Reclamo internamente. Dou um longo suspiro de frustração e caminhei ainda mais apressada.

Olho ao redor e tudo era somente árvores e mato. A única iluminação era da luz fraca da lua crescente. Fiquei desesperada, mas acabei me lembrando em uma coisa que eu tinha lido em um livro. Que uma pessoa tinha se perdido na mata e que subiu em uma grande árvore para encontrar o caminho de volta. E foi isso o que eu fiz. Encontrei uma árvore bem alta e para a minha sorte ela tinha bastante galhos, facilitando a minha subida.

Quando eu chego ao topo, olho a paisagem em meu redor. Fico maravilhada com a vista. O céu esta banhado por estrelas. Eu fiquei observando o céu por um longo tempo, ela me trazia um sentimento de paz. Mas a minha atenção foi quebrada quando ouço galhos se quebrando. Fiquei um pouca nervosa, mas logo chega uma ventania e consigo achar a causa por causa do cheiro. Era um cervo. Acabei soltando um suspiro de alivio. Olhando para aquele cervo a minha barriga começou a roncar. Eu estou faminta. Deste o momento que me transformei pela primeira vez, de vez em quando como carne de cervo para saciar a fome da minha loba.

Além do cheiro do cervo, senti também o cheiro do pessoal do acampamento. Mas estava bem longe. Demoraria um pouco para chegar. Assim, eu desci da árvore em silêncio para não assustar o meu lanche. Consegui ficar bem atrás dele e quase comecei a me transformar para poder atacá-lo. Neste instante, um vulto passou em meu lado e acabou atacado o meu cervo.

O meu coração começou a se acelerar quando vi que o vulto era na verdade um lobo cinza de olhos castanhos famintos. Coloquei a minha mão na minha boca para abafar o meu grito. Durante este momento, me lembrei do sonho que tive dos lobos me atacando e acabei ficando assustada. Comecei a me afastar aos poucos, mas com a minha burrice acabei pisando em um galho chamando a atenção do lobo. Os seus olhos se arregalaram um pouco mas logo mostrou os dentes cheios de sangue. Com o susto, eu comecei a correr.

Não importava o que eu fazia, eu não conseguia me transformar. Parecia que o medo me bloqueava. Então eu corria com toda a minha velocidade, nem precisava olhar para trás para saber que ele me perseguia. Ouço um uivo e logo após outros. Corra. Uma voz saiu dentro de mim. Malu. Isso fez com que eu corresse ainda mais. Os galhos rasgava a minha pele aonde que estavam descobertas. Eu tentava desviar, mas a escuridão não ajudava.

Ouço passos de lobos correndo atrás de mim, não somente um e sim vários. Isso só pode ser um outro pesadelo. Era isso que eu queria acreditar, mas um galho com espinho acaba fazendo um corte profundo no meu braço me causando uma dor insuportável. Sinto o sangue fresco saindo pelo o corte. Com o peito já ardendo pelo o cansaço, as minhas pernas já pediam por descanso. Mas se eu parar eles irão me pegar. A adrenalina preencheu o meu corpo me fazendo apressar os meus passos. Mas não durou muito tempo e tive que parar de vez, até que cheguei no topo de um penhasco.

Olhei para baixo na onde havia um rio com fortes correntezas. A altura era muito alta me causando tontura. Me afastei de lá e me virei para ver se eu acho o caminho para dar a volta. Mas não era mais possível. Parei quando vi que eu estava cercada. No total havia 20 lobos e todos eles estavam rosnando para mim. Eu fiquei petrificado não consegui mexer sequer um fio de cabelo. Eles começaram abrir o caminho e passou um enorme lobo preto vindo na minha direção. Os seus olhos me chamaram a atenção, eles eram mais negros que a própria escuridão. Era o lobo do meu sonho. Cada vez que ele se aproximava, eu dava três passos para trás. Eu não conseguia parar de olhar em seus olhos. Das quais me deixavam apavorada, mas também um sentimento que eu não consigo explicar. Com os meus últimos passos, percebi que eu já estava no topo novamente. Se eu pulasse acabaria me afogando, mas se ficar parada ele me mata.

Antes de eu conseguir pensar da qual maneira e preferia morrer, ele rosnou e veio correndo em minha direção com os dentes a mostra. Com o medo dei um passo para trás, mas não tinha para onde eu pisar, me fazendo cair. A única coisa que eu me lembro foi sentir a água fria do rio se chocar contra o meu corpo e os olhos pretos e completamente frios me olhando. 

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