Capítulo 34

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Alice não queria revelar o plano que deixou todos cheios de curiosidade. Ela diz que revelaria apenas no dia do baile, que será daqui a dois dias. Apesar de eu não gosta da ideia do baile, acabei ficando contagiada com a alegria que eles estavam transbordando e fiquei na expectativa. Sem perceber eu comecei a pensar nele de novo. Será que ele vai estar lá? Era o que eu pensava. Ele parecia ser mais velho que os outros alunos e não parece ser alguém que participava de um baile. Mas no fundo eu queria encontrar com ele de novo. Eu não sabia o que fazer com esses pensamentos. Toda vez que eu lembrava daqueles olhos pretos o meu o coração ficava acelerado. Eu me sentia diferente quando eu estava perto dele, era um sentimento estranho que me deixava completamente apavorado, mas ao mesmo tempo com um sorriso no rosto.

Quando a Duda foi tirada de mim, pensei que nunca mais eu poderia ser feliz. Mas com ele, isso mudou. Não apenas ele, mas também a dona Sueli e os pirralhos. Eles se tornaram a minha família. O que eu nunca imaginava em ter. Na infância eu olhava a única janelinha que tinha no porão do orfanato. Eu olhava para as estrelas, a lua e ficava imaginando no dia que eu teria a minha liberdade. Eu nunca irei me arrepender de ter ido naquele acampamento, porque foi naquele dia que a minha vida mudou completamente.

Descobri que havia pessoas iguais a mim, que me deu um teto mesmo eu sendo uma estranha. Eu nunca irei esquecer essas pessoas e por fim o Hector, sendo por coincidência ou destino, esteve comigo deste o momento que tudo começou. Naquele penhasco, com aqueles olhos mais escuros que a própria noite, a minha noite.

- Terra chamando Ana... Ei! Ana! - alguém me chama balançando a mão em frente ao me rosto. Com esse movimento me fazendo sair dos meus pensamentos.

- Desculpa, eu estava pensando demais. - me desculpei percebendo que era a Alice que estava me olhando com um olhar estranho.

- Eu percebi mesmo, mas temos que voltar logo para a sala antes que o professor de física mata a gente. - falou fazendo uma expressão cheio de drama. Foi nesse momento que reparei que não tinha quase ninguém por perto. O sinal já deveria ter batido e eu nem percebi.

Eu apenas concordo com a cabeça e me levanto da mesa indo apressada para a sala junto com a Alice e para a nossa sorte, conseguimos chegar antes do professor. Esta aula e as outras passaram muito rápido. Todos começaram a ir embora, então peguei a minha mochila e me despedi da Alice, indo embora da escola. Caminhei pela a trilha olhando para cada flor que eu encontrava pelo o caminho. Sempre amei as flores principalmente as rosas brancas, que são a minha verdadeira paixão. Enquanto eu olhava para essas flores, me veio a lembrança que daqui a três semanas será o meu aniversario. No primeiro dia da primavera. Bati a minha mão na minha testa como repreensão por ter esquecido o meu próprio aniversario. Isso aconteceu porque eu nunca gostei o dia do meu aniversario, pois só me trazia más lembranças. A única coisa boa desse dia era a Duda, que sempre tentava me agradar. Se não fosse por ela, eu já perderia o encanto a muito tempo. Não gostando nenhum pouco o rumo daquelas lembranças, voltei a presta atenção no caminho que eu andava.

Quando cheguei na cabana e abri a porta, vi uma cena que me fez paralisar completamente. A Roberta dava volta no meio da sala, parecendo dançar com alguém imaginário. Quando ela me viu, por um momento eu imaginei que ela iria ficar envergonhada e sair correndo, mas no lugar o sorriso só aumentou ainda mais e me abraçou. Ela me abraçou?? Pensei chocada. Quando parou de me abraçar, saiu pulando de alegria e subiu as escadas. Eu fui despertada com sons de risada e foi quando percebi que a dona Sueli estava também na sala.

- O que acabou de acontecer? - perguntei ainda atordoada. A dona Sueli acabou rindo ainda mais por causa da minha expressão e logo depois começou a caminhar na minha direção.

- Ela apenas esta feliz Ana. - ela disse.

- Feliz? - olhei para ela um pouco confusa, mas acabei abrindo um pequeno sorriso, porque percebi que a dona Sueli estava feliz também. - Mas por quê?

- Ela recebeu um convite para ir a um baile e agora está assim, rindo sozinha pelos os cantos porque acredita que vai achar o seu amor verdadeiro. - falou com um certo brilho nos olhos. - Faz tempo que eu não a vejo assim.

- Isso é muito bom dona Sueli, mas não é apenas a Roberta que está assim. A escola inteira está uma loucura. - falei com os olhos levemente arregalados.

- Isso realmente deve está acontecendo, mas e você Ana? - perguntou agora com um olhar de suspeito e eu a olhei confusa.

- Como? - perguntei com dúvida

- Eu não sei, mas está me parecendo que você está nenhum pouco animada em ir neste baile. - falou se aproximando e segurando com a minha mão com carinho.

- Não que eu esteja muito desanimada, mas eu não vou dona Sueli. - respondi e a vi me olhar surpresa.

- Mas por quê?? - perguntou e me olhou triste.

- Eu nunca gostei de bailes, são muitos entediantes. Além disso, eu também não recebi o convite, então não acho que vou ser aceita naquele baile.

- Como assim Ana?! - exclamou irritada quase que gritando.

- A Catarina me proibiu de ir. - falei calmamente, mas a dona Sueli reagiu completamente o oposto.

- Ela não pode fazer isso! - falou completamente irritada.

- Não se preocupe com isso dona Sueli, está tudo bem. - tentei acalmá-la, mas foi tudo inútil.

- Tudo bem? É claro que não está nenhum pouco bem Ana. O que aquela jararaca pensa que é, para não permitir que você vai ao baile? - perguntou com raiva.

- Ela é a sobrinha do alfa e a futura Luna da alcateia. - falei enquanto revirava os meus olhos.

- Só por cima do meu cadáver!! - disse enquanto se afastava e pegou uma vassoura que estava encostada na parede. Logo em seguida caminhou em direção da porta.

- Onde você pensa que vai? - perguntei colocando o meu corpo na sua frente e a impedindo de sair.

- Eu irei matar aquela cobra. - falou tentando seguir em frente, mas eu a impedi novamente.

- Nada disso, a senhora não vai a lugar nenhum. - peguei a vassoura da sua mão enquanto ela resmungava sem parar. No final, acalmou um pouco as suas emoções e respirou fundo.

- Então eu irei falar com o alfa. - disse me olhando e eu neguei com a cabeça.

- Não vai adiantar em nada. E também não precisa se preocupar com isso, como eu já tinha te falado eu não gosto de bailes. - digo e a vejo se sentar no sofá. Vou até na cozinha, pego um copo com água e volto para a sala a entregando. Ela bebeu de uma vez e suspirou.

- Me desculpe Ana, por ter reagido desse jeito. Mas como posso ficar te vendo aqui presa nessa pequena cabana? Enquanto isso, as outras pessoas ficam de boa divertindo naquele baile. - falou cansada. - Você é como uma neta para mim e apenas quero te ver feliz.

- Você não precisa se preocupar com isso dona Sueli e também uma amiga minha falou que me ajudaria a entrar na festa. - falei sorrindo. - Mas mesmo se não der certo, eu não me importarei e irei amar em ficar aqui com a senhora e com os pirralhos. - os olhos da dona Sueli lacrimejaram e me abraçou, no qual eu retribuo.

O final do dia passou bem rápido. A noite eu tive um pouco de dificuldade para dormi, mas logo depois eu acabei conseguindo. Foi uma noite bem tranquila. No dia seguinte, o dia foi bem logo, começando pelo o momento em que coloco os meus pés dentro da escola. Lá dentro estava uma completa loucura e para piorar e tive duas provas surpresas que tenho a impressão que fui muito mal. Apesar de tudo eu consegui fazer até o final. O dia se passou muito lento e quanto finalmente chega noite, me lembro que não encontrei com Hector nesses dias. Acabei pensando demais e isso acabou me trazendo uma noite mau dormida.

Acordei em um pulo quando eu ouvi um grito do lado de fora. Levantei um pouco sonolenta, mas fui apressada na direção da porta. Quando eu a abro, apenas encontro uma Roberta descabelada correndo de um lado para outro, gritando por não estar achado o seu sapato. Eu revirei os meus olhos e volto para o quarto, mas logo em seguida vou ao banheiro para poder tomar um longo banho. É assim que começa o grande dia, o dia do baile.

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