Depois de ouvir a história da dona Sueli, saio da cabana. Eu precisava de um lugar para descansar um pouco a minha mente e absorver todas as informações que eu precisava. Tudo isso vai acabar me ajudando a responder grande parte das minhas perguntas. Assim, volto para o quintal que era bastante lindo. Estava repleto de flores variáveis. É incrível e maravilhoso.
Sentei no chão para poder sentir melhor o cheiro das flores e acabei ficando distraída. Nesse momento, sinto algo acertando a minha cabeça, fazendo que eu caísse de cara no chão. Ouço duas risadas abafadas e me levanto com o rosto cheio de terra. Encontro uma bola no meu lado e duas crianças com as mãos na boca. Me levanto devagar, um pouco brava e grito:
- VOCÊS VÃO VER!! - E comecei a correr atrás das duas pestes.
Eles começaram a correr também, escapando do outro lado. Eu nunca fui de correr atrás de crianças, mas ouvido as suas risadas me fez alegrar um pouco e continuar correndo. Eu estava prestes alcançar eles, mas os dois acabaram se separando e indo em direções diferentes.
Eu parei ficando em dúvida em qual pegar primeiro. No final, acabei correndo na direção que a garotinha estava. Aos poucos eu me aproximava e de vez em quando, eu conseguia alcançá-la e tocar nela. Quando fiquei muito próximo e faltava pouco para agarrar ela, acabei tropeçando em algo, me fazendo cair de cara e o corpo todo na lama.
Desta vez, eu ouvi gargalhadas muito altas. Eu não deixarei isso barato! Pensei. Me permaneci em silêncio e imóvel, até que aos poucos as gargalhadas foram parando.
- Rick será que ela está bem? - reparei que essa voz pertencia a garotinha chamada Mel.
- Ela está fingindo Mel, não acredite nela. - parece que o menino era um pouco mais inteligente. No entanto, mesmo com os avisos do menino, ainda ouço passos se aproximando. Senti a garota ficou ao meu lado, mas para não levantar suspeitas eu ainda permaneci quieta. - Saia dai Mel! - pediu o garoto.
- Mas Rick, ela não parece está se mexendo, olha. - ela acabou beliscando bem forte a minha bochecha e tive que me segurar para não acabar soltando um rosnando. - Será que ela desmaiou de novo? Precisamos chamar a vovó. - A sua pequena voz parecia transmitir medo. Parecia que ela realmente estava acreditando que eu estava desmaiada.
- Saia daí Mel, é uma armadilha. - disse o garoto.
Eu abri somente um olho e vi que a garota não tinha o obedecido. O menino acabou chegando perto e pegou no braço da menina. Esse foi o meu momento. Eu os peguei pelos os braços e os puxei para a poça de lama. Os dois me olharam indignados e com as caras cheio de lama.
- Eu não disse. - falou o garoto. Eu não aguentei e acabei caindo na gargalhada. Os dois demoraram um pouco para reagir, mas logo me acompanharam na risada.
Fazia muito tempo que eu não me lembrava mais o que era rir de verdade. Isso é bem libertador. Depois da nossa crise de risos, começamos brincar de guerra de lama. Era bem infantil para a minha idade, mas eu não me importava.
Deste aquele dia, quando eu deixei de ser criança aos meus 13 anos, eu não me sentia assim. Mesmo quando eu tinha a Duda por perto, ela nunca conseguiria brincar comigo por muito tempo por causa da sua saúde. As vezes, ela também era proibida de brincar pelas Madres.
Mas agora me vendo assim, com pessoas que cuida de mim, acabei me divertindo e rindo bastante. Era algo que eu nunca pensaria em ter de volta. A liberdade. Apesar de tudo, eu queria que a Duda estivesse aqui junto comigo para aproveitar essa alegria.
Saio dos meus pensamentos quando uma bola enorme feita de lama acertou em cheio a minha cara. Os pirralhos começaram a cair na gargalhada, quase chorando de tanto rir. Eu aproveito essa distração e faço mais duas bolas de lama. Rapidamente, jogo na cara de cada um e fazendo com que eles parassem de rir na hora. Agora foi a minha vez de rir da cara deles.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha Loba
WerewolfMinha Loba (Atualizada) Depois da sua primeira transformação, Ana nunca foi a mesma. E o motivo? Foi que as pessoas que ela mais amava a chamaram de MONSTRO. Apartir daquele dia teve que conviver com a dor e a solidão. Porém, tudo isso muda quando e...