Capítulo 2

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5 anos depois

Depois daquele dia eu nunca mais fui a mesma. As primeiras mudanças que tive, foi começar a morar no porão. Eu não pude fazer nada a não ser obedecer. Naquele porão havia somente um colchão no chão e o lugar não tinha nenhuma iluminação, tornando aquele ambiente escuro e sombrio.

No primeiro dia eu tinha ficado apavorada, mas a Malu esteve me distraindo o tempo todo, até que peguei no sono. Agradeço muito a ela por isso. No entanto, o pior de tudo, foi quando as Madres trancaram a porta do porão para que eu pudesse sair apenas duas vezes por dia. Naquela hora, eu tive que segurar o meu choro, pois, depois da rejeição delas, eu prometi a mim mesma que nunca mais derramaria sequer uma lágrima na frente delas.

Mas o que as Madres não sabem, era que acabei desvendando os mistérios do porão depois de ter ficado presa por tanto tempo. Esse orfanato deve ser muito antigo, para que as Madres não saberem que existia uma porta escondida atrás de algumas caixas. Essa porta foi perfeita para mim. Por trás dela havia uma escada que logo depois tinha uma outra porta. Depois de passar por ela, já dava aos fundos do orfanato aonde ficava a floresta.

Agora eu não me importo de ficar trancada. Eu conseguia sair a qualquer hora. Contudo, eu odiei o fato delas me tirar da escola. Eu só pegava as lições com a Lisa para que eu conseguisse estudar. Elas queriam tirar tudo de mim. Principalmente, quando chegava um casal para adotar uma criança e elas me trancavam no porão, só para me manter longe deles. Porque eu era um perigo.

Eu passava maior parte do meu tempo na floresta, para controlar a minha transformação e não perder o controle. Nunca dei um motivo para que elas me considerar um perigo. No entanto, esse ano aos meus 17 anos, que daqui a 4 meses irei fazer 18, voltei para a escola. O motivo? A Lisa acabou sendo adotada aos seus 14 anos, por um casal estrangeiros. Peguei algumas tarefas com as outras meninas, mas não foi o suficiente e acabei ficando atrasada nos estudos. As madres não queriam me ensinar, então a única opção era me mandar de volta para a escola.

Nunca fiquei tão feliz em voltar para a escola. Mesmo assim, não fiz amizade com ninguém. Foi um pedido das Madres, na verdade, foi umas das suas regras. Sem ter nenhum amigo na escola, muitos me chamam de estranha. Mas o que eu não suportava, era ser chamada de órfã ou falar dos meus pais. Mesmo eu sendo um lobisomem, que depois de um tempo acabei descobrindo. Quando isso acontecia, eu controlava a minha força e dava uma bela surra nessas pessoas.

Mesmo sendo homem ou mulher, eles sempre voltavam para suas casas com a cara toda ensanguentado e eu, nem sequer um arranhão. Até que ser assim tem as suas vantagens. Mas sempre que volto para o orfanato, tenho que ouvir os sermões das Madres, como está acontecendo agora:

- VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO ANA?! - gritou a Madre Rose. Não sei o motivo para precisar de tudo isso...

- Estou te ouvindo Madre Rose. - falei revirando os olhos e fingindo um bocejo.

- Você está muito mimada para o meu gosto. - reclamou.

Olhei para o seu rosto que parecia que iria explodir fumaça em suas narinas e seus rosto parecia uma pimenta de tanto vermelho que estava. Dava para ver as suas veias que pareciam querer pular para fora do seu rosto

- Você quer que eu faço o quê? Eu já te pedi desculpa! Já prometi que eu nunca mais vou fazer isso! - menti.

- Quantas vezes você já me disse isso? - riu sem humor. Umas 50 vezes? Pensei.

- Você sabe muito bem que são elas que começaram a implicar comigo. - tentei me defender

- Mas isso não dá o direito de bater nelas daquele jeito. - soltou um suspiro de derrota.

Minha LobaOnde histórias criam vida. Descubra agora