Naquele momento, eu senti que o meu coração estava muito acelerado e fiquei sem reação enquanto apenas ficava olhando para a sua direção. Ele acabou percebendo o meu estado e com um sorriso, gradualmente se aproximou. Até que ficou na minha frente, e logo em seguida me dando um leve beijo nos lábios me trazendo de volta a realidade.
- O-o q-que você está fazendo aqui? - perguntei nervosa e corada.
- Você estava machucada, fiquei preocupado. - ele disse um pouco sem jeito e, gentilmente, colocou a mão na minha testa, no mesmo lugar que eu tinha me cortado.
- Já estou bem melhor! não tem mais nenhum ferimento. - falei e segurei a sua mão com a minha. - Foi você que me trouxe de volta para a casa, não foi? - como resposta, ele assentiu com a cabeça me fazendo abrir um sorriso. - Obrigada.
-Não precisa me agradecer. Saber que você está bem, já é o suficiente. - respondeu com uma voz calma. Segurou as minhas mãos e me puxou para os seus braços.
Talvez eu não sei o motivo exato, mas toda vez que eu estou nos seus braços, eu me sentia completamente confortável. Fiquei por um momento distraído, só voltei quando ouço uma tosse falsa ao lado. Eu olhei ao redor e vi que a dona Sueli estava ainda na porta nos olhando com curiosidade. Percebendo isso, me afastei dele o mais rápido do que eu poderia imaginar. Sinto as minhas bochechas queimarem ainda mais e no final desse constrangimento todo, ouço as risadas dessas pestes, que também estavam ao meu lado.
- Desculpa dona Sueli, eu não vi que você ainda estava aí. - falei envergonhada com o que acabou de acontecer. Parecia que eu estava tão focada em nosso pequeno mundo que nem percebi as pessoas que estavam ao meu redor.
- Eu percebi! - falou em tom de acusação, mas também deu uma risada logo em seguida. - Vem crianças, não vamos atrapalhar os dois. - ela ia pegar nas mãos deles para sair, mas eu a impedi com um gesto.
- Não vá, dona Sueli, as crianças estavam esperando há muito tempo por esse bolo. Você poderia por favor, cortar um pedaço do bolo para os dois?
Eu a vi concordar com um balanço de cabeça. Me sentindo agradecida, aproximei e dei um beijo na sua bochecha, a fazendo abrir um sorriso carinhoso.
- Obrigada dona Sueli. - após dizer isso, abri o último sorriso na sua direção, antes de segurar na mão do Hector e o puxá-la para fora da cozinha, até que saímos da cabana.
Começando a caminhar na direção da trilha na floresta. Ficamos de mãos dadas pelo caminho todo em silêncio, no entanto, aquele silêncio não era desconfortável, pelo ao contrário, eu me sentia segura e tranquila.
Na floresta, eu ouvia os cantos dos pássaros e cheirava o ar puro do ambiente. A imagem das folhas amarelas e avermelhas caindo das árvores, deixava a paisagem ainda mais linda. O ar fresco da floresta deixava o ambiente bem mais confortável.
Caminhando por um tempo, nós chegamos até a cachoeira. Ficando encantada pela bela imagem, sorri e comecei a correr na direção da água. Deixei as sapatilhas ao lado e pulei sem pensar duas vezes, apesar de ter ouvido o Hector chamando pelo meu nome. Mergulhei até o fundo naquelas águas cristalinas.
Quando eu cheguei na superfície encontro com o seu olhar. Ele tinha um sorriso tranquilo no rosto, enquanto chegava mais perto, até que ficou na margem.
- Pelo o que eu vejo, você realmente gosta deste lugar. Parece até um peixinho! - falou em um tom de brincadeira enquanto me via aproximar.
- Isso é verdade, eu me apaixonei por esse lugar deste da primeira vez que eu o encontrei. Não sei o por que, mas toda vez que eu fico neste lugar, eu me sinto um pouco diferente. - falei olhando nos seus olhos e dou um sorriso envergonhado. - Vem, a água está muito boa. - falei animada e mudando de assunto. No entanto, ele acabou negando. Tentei insistir, mas a sua resposta sempre foi a mesma. -Tudo bem então! - soltei um suspiro de derrota. - Vem me ajudar a sair daqui, Hector.
Falei com um olhar de decepção e entendi a mão. Quando ele iria segurar, agarrei na sua mão com um sorriso travesso. Quando ele viu esse sorriso, não teve tempo o suficiente para que ele fizesse algo. No instante seguinte, eu o puxei com força, o fazendo cair com tudo na água.
Eu cobri a minha boca com as minhas mãos para poder abafar a risada, mas no momento que encontrei com o olhar furioso, o meu sorriso se congelou na mesma hora.
- Está com raiva? Você sabe que era uma brincadeirinha, né? - a minha vontade de rir diminuiu a cada pergunta que eu fazia e comecei a me afastar cada vez mais. Mesmo assim, ele acabou se aproximando rapidamente.
No final disso tudo, eu acabei ficando de costa a uma pedra, não tendo mais nenhum outro lugar que eu poderia escapar. Porem, com queixo erguido eu o enfrentei olhando diretamente nos seus olhos. Ele chegou tão perto que eu sentia a sua própria respiração bater no meu rosto. Ele retirou o cabelo no meu pescoço, e deixou um beijo no mesmo lugar em seguida, me fazendo arrepiar dos pés a cabeça. A minha respiração se acelerou, e, ao mesmo tempo, sinto as minhas bochechas queimarem.
Aos pouco foi subindo os beijos até que chegou no canto da minha boca. Fechei os meus olhos a espera de um beijo nos lábios, mas a única coisa que eu recebi foi um jato de água na cara. Abri os meus olhos rapidamente devido ao susto. Constrangida e furiosa, levantei os meus braços na sua direção com a intenção de empurrar-lhe para longe. No entanto, ele me segurou as minhas mãos antes mesmo de eu fazer algo e me puxou para os seus braços me dando um beijo logo em seguida.
Por ser pega desprevenida acabei tropeçando nos próprios pés, caindo em cima dele e levando nós dois mergulhar na água. Quando nos olhamos um para o outro, cada um tinha uma expressão diferente no rosto. No entanto, eu não consegui me segurar por muito mais tempo. Abri um sorriso bobo e soltei uma risada logo em seguida. Olhei para ele e o vejo sorrir. Logo em seguida levantou a sua mão e tocou na minha bochecha. Fechei os meus olhos apreciando o seu toque, o que me deixou um pouco atordoada por alguns segundos.
- É muito bom em ver o seu sorriso... - ele falou com uma voz baixa e rouca, que acabou me fazendo me senti um pouco estranha. Contudo, o sorriso que permanecia em seu rosto foi diminuindo gradualmente e no lugar, apareceu um olhar profundo. - Fiquei realmente preocupado por vê-la machucada e assustada. Por acaso alguém queria te fazer algo de ruim?
- Não é isso! - neguei na mesma hora enquanto observava a sua careta que formou em seu rosto. - Eu apenas...
Mordi o meu lábio inferior hesitando por um momento. Mas eu não tinha motivos para esconder o que aconteceu, na verdade, eu estava começando a ficar mais confortável em dizer para outras pessoas o que eu estava passando, diferente do meu eu de antes. Por isso suspirei um pouco, antes de dizer o que aconteceu:
- E-eu...descobri quem é o meu pai... E ele está aqui na alcateia. Muito mais perto do que eu imaginei. - falei com a garganta um pouco seca e evitando o seu olhar. Depois de alguns segundos, voltei o meu olhar para o seu rosto e vi que ele tinha uma expressão complexa e um olhar confuso. Foi quando percebi que ele poderia não saber da minha história. - Eu morava em um orfanato antes de vim para cá. - falei tentando explicar melhor. Fechei os meus olhos enquanto eu continuava a falar: - Eu acreditava que eu estava sozinha, que eu era uma apenas órfã que foi abandonada e rejeitada. Mas agora descobri que eu tenho um pai.
- Mas você não está feliz com isso? - ele perguntou e eu neguei balançando a cabeça.
- Não é isso. Eu só estou um pouco assustada por pensar que poderia ter sido ele que me abandonou naquele orfanato. - falei com sinceridade.
- Você já conversou com ele a respeito disso? - perguntou de novo e como reposta eu neguei novamente. - Então! Para que ter medo? Antes de tudo, acredito que a melhor solução seria você ir atrás da verdade, para poder mais com a mente mais tranquila.
- Você está certo... - falei enquanto soltava a respiração e abria um sorriso. - A dona Sueli tinha me dito para ter uma conversa somente a sós, para podemos nos entender melhor. Talvez, é o que eu preciso, só assim eu poderia acabar com esse conflito interior que esta me deixando maluca. - falei desanimada, o que o fez rir um pouco.
- Eu não posso ter o conhecido, mas espero que a trate bem. Quem sabe mais tarde eu possa conhecê-lo e...
- Você já o conhece. - falei o interrompendo e fazendo com que ele me desse um olhar atordoado.
- Como?
- Você sabe muito bem quem é o meu pai. - digo e cruzei os meus braços enfrentem ao meu corpo. - Como eu te disse antes, ele estava muito mais perto do que eu poderia imaginar.
- Mas quem? - perguntou ainda na maior confusão, me fazendo rir.
- É o Jorge. - falei acabando com o "suspense" e comecei a observar a sua reação.
- Jorge? - perguntou ainda em dúvida, mas quando finalmente percebeu de quem eu falava, regalou levemente os seus olhos. - O alfa Jorge? O alfa Jorge é o seu pai?
- Sim, ele é o meu pai. - afirmei
Por um momento, ele me olhou parecendo pensativo, me fazendo estranhar um pouco, mas logo um sorriso descontraído se formou em seu rosto.
- Parece que foi o destino que te trouxe até aqui. Você encontrou o seu pai e o Jorge te encontrou... - eu o olhei levemente surpresa devido às suas palavras. No entanto, ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha antes de me abraçar novamente. - O Jorge sendo o seu pai, pode ser algo bom. Eu o conheço já faz tempo e pelo jeito que ele trata a sua sobrinha, não parece ser alguém que abandonaria o próprio filho em um orfanato.
- Verdade? - perguntei baixinho enquanto apoiava o meu rosto em seu peito.
- Claro que sim. Mas no caso ele ter feito uma coisa dessas, ele deve estar preparado para as consequências. - disse com seriedade. Fiquei surpresa no início, mas depois acabei soltando um sorriso, pois eu estava agradecida com o seu apoio.
- Obrigada por estar aqui... - eu falei tranquila enquanto eu o abraçava ainda mais forte. Eu me sentia segura no seu abraço.
- Eu sempre estarei aqui, sempre ao seu lado. - disse em um tom sério, era como se fosse uma promessa e se afastou um pouco para poder olhar diretamente nos meus olhos. Antes de me dar um beijo logo em seguida.
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Minha Loba
WerewolfMinha Loba (Atualizada) Depois da sua primeira transformação, Ana nunca foi a mesma. E o motivo? Foi que as pessoas que ela mais amava a chamaram de MONSTRO. Apartir daquele dia teve que conviver com a dor e a solidão. Porém, tudo isso muda quando e...