Quando voltamos para a cabana, a dona Sueli ainda foi para a cozinha para preparar o almoço. Eu queria ajudá-la, mas ela acabou me proibindo fazendo com que eu ficasse um pouco irritada e triste, porque eu queria ser útil em algo. Felizmente, ela acabou pedindo para que eu buscasse alguns legumes que estavam no quintal.
Com um sorriso animado no rosto, peguei uma cesta em cima da mesa e saio da cabana indo na direção do quintal. Um pouco mais atrás do jardim havia um porta de madeira, que tinha uma pequena horta, com verduras e legumes. No entanto, quando eu estava colhendo algumas batatas, minha atenção se desviou para a floresta.
Minha mente começou a ficar confuso. Meus pensamentos me pedia para que eu voltasse para a cabana, mas o meu corpo me puxava para que eu entrasse para dentro da floresta. Durante esta mistura de emoções, acabei não conseguindo me controlar, então com passos pequenos comecei entrar naquela mata profunda.
Quando eu andava por dentro daquela floresta, eu me sentia livre e relaxada. Coloquei a cesta com legumes no chão e comecei correr por toda a floresta com um sorriso no rosto. Pode ter sido só algumas semanas morando aqui junto com a dona Sueli e com as crianças, mas agora eu senti que eu sempre pertenci a este lugar.
Ainda correndo por entre as árvores, eu olhava para cima vendo a pouca luz do sol que passava por entre as folhas. Eu também olhava em meu redor, mas tudo não passava de borrões por conta da velocidade. A sensação do vento batendo forte no meu rosto era maravilhoso, fazendo com que eu fechasse os meus olhos por um momento. Mas foi nesse instante, sem querer, acabei batendo em uma árvore. Com o impacto, acabei caindo de costas para o chão. Mesmo com um pouco de dor, acabei rindo sozinha por causa do acidente bobo.
Permaneci deitada chão, olhando para as folhas das árvores que brilhavam em um tom amarelado. A floresta não era tão silenciosa, havia muitos cantos dos pássaros que transmitiam uma paz para a floresta. Me levantei de novo, quando me lembrei dos legumes que a dona Sueli tinha me pedido. Com certeza, ela deve estar preocupada com a minha demora.
Depois que levantei, comecei caminhar de volta para a cabana. Aos poucos a floresta ia se escurecendo e ficando mais frio. O céu estava ficando escuro e nublado por causa das nuvens carregadas. Parecia que a chuva estava se aproximando rapidamente. Com isso, começo apressar os meus passos para tentar chegar o mais rápido possível. Porém, nem percebi que corri bem mais longe do que imaginava. Logo gotas de água começaram a cair nas folhas e chegaram até em mim. Era uma chuva bastante forte.
A minha roupa já grudava em meu corpo e a blusa acabou ficando um pouco transparente. Mas eu não me importava e só queria chegar na cabana. Eu sabia que faltava pouco para eu conseguir sair de dentro da floresta e pensei em como a dona Sueli ficaria brava e preocupada quando me visse encharcada. Isso fez com que eu sorrisse um pouco. Mas o meu sorriso acabou se desmanchando quando um vulto preto passou em alta velocidade na minha frente.
Com o susto, acabei soltando um grito. Parei imediatamente de correr e comecei a olhar ao meu redor para saber o que era aquilo. Mas acabei não encontrando nada, havia somente o barulho da chuva. Isso deve ter sido apenas algo da minha cabeça ou por causa da vista embaçada devido a água da chuva. Mas por quê eu sinto um arrepio frio na minha nuca? Eu balanço a minha cabeça para tentar tirar aquela ideia boba dos meus pensamentos. Porém, quando eu ia voltar a correr, acabei ouvindo um rosnado atrás de mim, fazendo com que os meus olhos se arregalassem de medo.
As gotas d'água que chegavam lentamente ao chão, o barulho da chuva estava abafada e minha respiração estava ficando cada vez mais pesada, até que acabei ficando sem ar quando encontro dois olhos mais escuros que a noite. Na minha frente estava aquele lobo enorme me olhando fixamente e rosnando sem parar, com os seus dentes a mostra.
O meu corpo começou a tremer levemente, mas eu sabia que não era por causa do frio. Eu queria sair correndo dali o mais rápido que possível, mas parecia que os meus pés pesavam mais do que o normal. Eu queria falar algo, a minha voz ficou presa na minha garganta. Eu nem conseguia desviar o meu olhar daqueles olhos profundos, parecia que eu estava em hipnose. A única coisa que eu consegui fazer foi ficar paralisada. A nossa distância era somente de três metros, se ele realmente quisesse me atacar, com um pulo ele chegaria até em mim. Então o que ele quer?
Me assustei quando ele começou a se aproximar, isso fez com que eu automaticamente conseguisse dar um passo para trás. Porém, quando eu ia tentar fugir, com uma incrível velocidade, ele veio em minha direção e apoiou as suas duas enormes patas dianteiras em cima do meu ombro, fazendo com que eu caísse de costa no chão com ele por cima. Senti a sua respiração quente tocar em meu rosto me arrepiando e eu olhei em seus olhos.
- Quem é você? - eu não sei como consegui fazer aquela pergunta. No entanto, o seu olhar me trazia diferentes sentimentos, medo, curiosidade, felicidade e algo que ainda não sei o que é. Porém, ele continua a me encarar, como se estivesse me observando.
- Ana!!! - alguém gritou o meu nome, fazendo com que a concentração do lobo acabasse e saiu por cima de mim, sumindo por entre as árvores.
- Ana!! Cadê você?? - gritou novamente a voz, mas só reconheci quando a dona Sueli pareceu na minha vista.
- Eu estou aqui dona Sueli. - chamei enquanto me levantava do chão e tentando acalmar o meu coração. Quando ela veio na minha direção e colocou as suas mãos no meu rosto, para ver se eu estava machucada.
- Você está bem querida? - perguntou ela preocupada, eu só concordei com a cabeça, fazendo com que ela soltasse um suspiro de alivio. Ela estendeu a sua mão e segurou a minha mão e começamos a voltar para a cabana em silêncio. Eu sabia que a dona Sueli queria perguntar algo a mais, mas permaneceu calada no final, com os seus próprios pensamentos.
Quando chegamos na cabana eu já entrei subindo as escadas e que eu não iria almoçar. Chegando ao quarto já entrei no banheiro tomando um banho um pouco demorado, para poder me acalmar um pouco. Depois do banho me visto com um pijama e me deito na cama. Mas fiquei olhando para a parede do quarto, relembrando do ocorrido na floresta. Quem é ele? Por que ele estava lá? São perguntas que eu não sei se vou conseguir as repostas. Porém, tudo isso acaba me fazendo ficar muito cansada e aos poucos os meus olhos foram se fechando, até eu me entrego a escuridão.
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Minha Loba
WerewolfMinha Loba (Atualizada) Depois da sua primeira transformação, Ana nunca foi a mesma. E o motivo? Foi que as pessoas que ela mais amava a chamaram de MONSTRO. Apartir daquele dia teve que conviver com a dor e a solidão. Porém, tudo isso muda quando e...