Pov:: Heli
Gatilho:: Abu$0 $3xu4l
Leia com cuidado galera.Quando eu cheguei ao meu destino, chovia.
Não sei quanto tempo demorei para alcançá-lo, inclusive, fiz questão de não saber. Depois de tudo aquilo… Eu abri minhas escamas o máximo que consegui e nadei, flutuei e me deixei levar pra onde o mar quisesse que eu fosse. Logo quando a primeira luz do dia me atingiu, eu percebi o erro que era contar os dias e ignorando o conselho de Maressa, mergulhei o mais lento que pude para uma região do mar em que a luz do sol não chegasse e assim fiquei por horas, dias, semanas, eu não sei ao certo, descobri bem cedo que dentro do mar, cercada de nada além de água e peixes bizarros, é bem fácil esquecer o tempo.
O que me fez voltar à superfície foi a fraqueza. Depois de alguns dias ou horas ou semanas, nadar, metros que fosse me cansava muito, muito mesmo e sem forças pra fazer rápido, subi devagar, pra onde eu pensava ser a superfície. Quando coloquei meu rosto para fora da água, me descobri imersa em uma água pegajosa que antes eu chamaria de potável, mas que ali irritou meus olhos. Girei meu corpo e mais surpresa ainda, encontrei terra firme e melhor, sem ninguém por perto.
Usei minha última reserva de Energia para chegar à praia e sob uma chuva pesada, deitei ainda com escamas na areia, entrando pela primeira vez no que eu acho que foi meu primeiro longo devaneio.
Quando eu via Monara ter essa coisa, pensava que seu cérebro desligava, pensava que era como um sono profundo já que por mais que a chamasse, ela não respondia… Que erro o meu. Nos três dias que meu cérebro ficou preso nessa coisa, eu pensei sobre tudo, uma coisa bizarra que quanto mais eu pensava mais presa eu ficava e quando eu tentava sair, outras coisas apareciam.
Eu tinha plena consciência que encarava o céu, via as cores mudando, as nuvens correndo sobre mim e um pássaro ou outro sobrevoando, mas meus olhos não focavam, não se moviam e mesmo minha pele parecia ignorar a areia debaixo dela… O que eu sentia na verdade, era que eu ainda estava imersa no mar, com aquele sentimento delicioso de estar conectada a algo maior enquanto minha cabeça trabalhava.
Eu também não pensava criticamente… Eu via minhas próprias memórias. Primeiro, me vi morrer naquela praia, da escuridão que me cercou e da dor que me acordou em seguida. Lembrei de meu pai e como ele estava magro e do presente de Pérolas que Monara me deu. Lembrei da sensação de abrir minhas escamas pela primeira vez, da minha viagem com Maressa e de tudo o que as Ômegas me falaram e eu tão solenemente ignorei na minha conversa com Anis. Assisti de novo Peta me chamando de monstro, lembrei dos sete dias antes do mundo desmoronar.
Os devaneios nada mais são que o cérebro guardando as memórias, eu acho, uma forma de se recuperar e traumatizar a maldita sereia que os tem. Preferiria mil vezes dormir e quando acordei, meu primeiro pensamento foi que os humanos ganharam, eles são bem mais evoluídos nessa.
A coisa que me fez acordar foi tão simples que me fez rir. Não acordei com um trovão ou alguém gritando, não, sai do meu devaneio quando senti algo passeando pela minha barriga e quando ergui minha cabeça, tão simples e fácil como se não tivesse passado dias viajando, um caranguejo vermelho abria e fechava as garras na minha direção.
Ri e ri mais quando ele não saiu, ele só foi embora porque me sentei quando o fiz, um bicho atacou meu estômago, ou foi o que pareceu. Ele doía tanto que estava disposta a comer a areia na minha frente… Se não tivesse recebido um presente do mar.
A beira da praia, alguns metros de mim, a carcaça de uma enorme baleia preta tinha encalhado. Não parecia ter sido há muito tempo, ela não fedia tanto e eu não me orgulho disso, mas só fui pensar que talvez estivesse comendo uma carne podre de uma baleia quando estava disputando ela com outras espécies do mar.
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O Retorno das Alfas
FantasiaHeli foi infectada, Anis foi liberta e o relacionamento entre Heli e Monara parece ter desmoranado enquanto o destino de Heli e Anis parece cada vez mais próximo. No último livro da trilogia, segredos serão revelados e a guerra que parecia ser apena...