Capítulo 32 - Sentindo

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Pov:: Heli

    Eu não sei o que devo sentir.

    Esperança? Parece uma furada, quer dizer e se eu acreditar que ele vai sair dessa e… Eu não sou de ter esperança, eu sou de fugir. E não que eu vá fazer isso agora, de novo, mas é quem eu sou e essa pessoa que foge não é de ter esperança. Deveria sentir medo. É o sentimento certo porém quando eu nasci de novo, esse sentimento me deixou, eu sou invencível, eu posso literalmente atravessar uma parede… E além disso, eu roubava antes disso tudo, o medo me fazia ser precavida e receosa, mas não me congelava. E como posso me precaver da morte?

     Deveria ficar triste? Certamente e estou, de verdade, eu queria chorar mas não consigo, não na frente deles, não sabendo que em algum lugar meu pai… Deveria ter ansiedade. Eu deveria me sentir impotente. Eu deveria ter coragem. Ser forte.

    E definitivamente, não sentir tanta raiva assim.

    Devo ter alguma espécie de problema, com toda certeza eu tenho, porque agora mesmo, queria subir sobre essa mesa mesmo sabendo que ela não vai aguentar meu peso, pisar na cara desses homens que sempre parecem estar mentindo, sair correndo porta fora e depois de dar um abraço em meu pai, matar toda e qualquer coisa que aparecesse em minha frente que me impedisse de matar Anis.

     É uma atitude idiota e não vai ajudar meu pai e esse é literalmente o único motivo pelo qual não faço isso.

     Talvez eu devesse dar algum crédito pra garota ao meu lado que com certeza deve estar me acalmando com sua Pérola, mas ela está estranha demais pra merecer isso.

   — Está me dizendo que Anis quer salvar o mundo? – Tom pergunta.

    Sabe quando você sente raiva de tudo e alguém chega com uma pergunta pra lá de imbecil e você sente vontade de rasgar o próprio rosto de frustração?

   — Parece irônico, eu sei, ainda mais porque ela começou pelo oposto… – digo.

   — Não é isso… – O tal Ben parece incrédulo – Sabe que ela ficou presa durante todos esses anos, não sabe?

   —  O que queremos entender – Tom diz – É porque alguém que passa anos presa tenta ajudar as pessoas que a mantinham lá.

   — Heli – Monara chama, dando um leve aperto em meus dedos.

   É seu pedido silencioso para que eu não conte sobre sua história. Eu não vou contar, jamais contaria, eles não merecem. É minha resposta também em silêncio. Quanto a isso, não há discurssão. Eles exterminaram sereias por séculos e antes disso, faziam parte das pessoas que usavam seus dons para dominar o mundo. Eles não merecem nada disso, eles não saberiam apreciar, não aprenderiam nada com isso a não ser o quanto humanos e sereias são parecidos e novas formas de nós destruir. A história, a história delas foi um direito tão difícil de se conseguir, elas não sabiam, foram criadas sob mentiras e não vai ser eu quem vai entregar de bandeja a eles.

     Pouco importa. O maior interesse deles é sobre Anis.

   — Isso, o motivo, diz respeito a história delas, das sereias, eu acho minha história agora e não importa pra vocês. Vocês tem o plano, sabem como impedi-lo, pra que precisam de porquês?

   Ben e Tom dão uma última olhada pra confirmar que eu não vou mudar de ideia.

   — Bom, agora eu quero ver o meu pai – Exijo.

   — Claro, claro… – Com dificuldade, Ben se levanta – Vamos chamar a médica que está cuidando do seu pai. Um minuto.

   Com raiva, assisto as duas múmias saírem da sala e sozinha nela, meu pensamento vai pra um lugar muito diferente do que imaginei que iria.

O Retorno das AlfasOnde histórias criam vida. Descubra agora