Capítulo 28 - Despedida

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Pov:: Monara 🏝️

   É uma cirurgia delicada a que Peta tem que fazer, cortar a parte retalhada de Maressa, procurar fio por fio até descobrir o que está errado. Descubro que o fio que transporta nossa Energia, tudo o que nos diferencia dos humanos é um pouco mais grosso que um fio de cabelo. Geralmente, ela me contou, quando se cola um membro dessa maneira é no meio de uma batalha e não precisa colocar exatamente tudo no lugar, depois de algum tempo ele volta a funcionar, mas agora, tempo é um recurso que Maressa não tem.

   —É por isso que o fio se rompe tão fácil — Peta diz, foi até fácil encontrar o errado — Se colocar muita Energia nele, ele não consegue transportar e se quebra. Demora algumas semanas pra regenerar.

   —Consegue colocar no lugar certo? — Maressa pergunta, deitada à beira da piscina.

   —Precisamos de calor, muito calor, você sabe… Consegue nadar?

   —Vou numa correnteza.

   E eu nem vou poder me despedir.

   —Eu volto, preciso falar algumas coisas.

   —Vamos logo.

   As duas pulam no mar.

   Sem ter o que fazer, faço a água subir um pouco pra lavar o sangue que escorreu da cirurgia. É tão simples fazer isso, não acredito que demorei tanto tempo pra ter vontade de aprender… Lembro de Maressa me perturbar com isso, como eu burra ignorando… Ela e seus conselhos que ninguém seguia e quando o que ela disse que ia acontecer acontecia, eu ficava com raiva dela…

   E eu sei que ela não é de todo bom, mas não me lembro das coisas ruins, não agora em que ela pode…

   Tenho um devaneio.

   Quando volto, está frio e escuro e eu estou de novo com fome. Me levanto, vou até a cozinha e como a carne na tigela que Rodolfo provavelmente cortou para mim.

   Por favor, não leve Maressa também.

   Quando elas voltam, já é de dia e eu observo Rodolfo passar manteiga numa torrada pensando em alguém que deixa o coração repleto de saudades. Jonas também come ao seu lado, ele está preocupado mas sorri quando me vê.

   —Jonas, posso fazer uma pergunta, com todo respeito? — Rodolfo pergunta.

   Ele sente medo.

   —Cla-claro — Jonas gagueja.

   —Você e Peta… Voltaram a namorar?

   A sorte de Jonas é sua pele escura, porque a vergonha que sinto nele é o suficiente pra fazer qualquer um corar.

   —Não… Não… Quer dizer — Ele olha pra mim e sente o triplo de vergonha. Rio. — É complicado.

   —Por que? Ela é ótima e vocês ficam bem juntos.

   —Ela… Mentiu pra mim, seu Rodolfo. Eu sei que a Maressa também mentiu pra você mas é diferente. Meu trabalho era caçar elas, entende? Ela sabia que eu entenderia.

   Fico mais ansiosa que Jonas pela resposta. Rodolfo faz tudo com calma, passa a manteiga como se tivesse todo o tempo do mundo, liga a torradeira, espera aquecer…

   —Se você tivesse filhos, você entenderia garoto. É como se um pedaço seu andasse por aí, um pedaço que pode ser melhor, é você ali, pequeno, criança, inocente e tudo o que você mais deseja é que ele tenha uma vida melhor que a sua. Se você tivesse filhos, não seria tão complicado assim.

O Retorno das AlfasOnde histórias criam vida. Descubra agora