Pov: Heli
Foi tudo tão rápido quanto um sopro e tão demorado quanto a eternidade.
Ele se foi sem que eu pudesse abraça-lo uma última vez. Me ajeito na cama, com os braços pesando uma tonelada, envolvo o corpo dele, tendo o cuidado que posso pra abraça-lo.
— Tchau, pai.
Meu coração se quebra em dez milhões de pedaços. Haviam tantas coisas que eu gostaria de ter dito, mais desculpas a serem pedidas, promessas… Acho que eu falei tudo. É só o meu coração querendo ter mais tempo com ele… Não aceitando as escolhas que eu fiz e que…
…luzes vermelhas começam a piscar.
Me levanto, me sento. Os olhos dos homens que insistiam em nos vigiar, mesmo os de Emily, todos estão tomados pelo verde doentio do poder de Maressa.
— Eu tranquei o prédio inteiro, Heli. Eles iam embora assim que…
— Maressa? – Interrompo. Não terminei de dizer adeus.
Ela e Monara se olham. Meu cérebro processa muito mais coisa do que eu aguento, seja o que for, eu não posso ignorar, não quando elas interrompem minha despedida. Me levanto com cuidado, caminho até às duas que se encaram como se não conseguissem falar.
— Podem me explicar porque você decidiu declarar guerra com eles dez minutos depois que… – Minha garganta fecha, elas parecem congeladas – Maressa!
— Eu descobri quem matou seu pai, Heli.
— Mas tem que manter a calma – Monara diz.
Manter a calma? Só pode ser alguma piada.
Respiro fundo, já tremendo.
— Quem, Maressa. ME DIZ! – Grito.
Ela não me diz, ela me mostra com um suave deslisar, jogando um de seus pés para trás e em suas costas, os três homens de preto e seus olhos verdes me encaram com lágrimas em seus olhos vazios.
— Acreditavam que se você pensasse que Anis tinha matado seu pai, você a mataria. – Maressa responde – Demos tudo de mãos beijadas pra eles, não havia ninguém em casa, eu estava… Eu tinha desistido… Eles usaram o mesmo DNA que o dela… Heli, eu sinto muito.
A minha própria espécie.
Maressa e eu tínhamos bolado um plano, não exatamente um plano bom, ele contava com a falta de informação dos homens de preto e a forma como eles estavam me tratando. Fingimos, falamos pra eles que Maressa tinha perdido sua Pérola da memória pra Anis e que foi por isso que Maressa tinha saído da briga com vida. Eles que não sabiam nada sobre Maestria a uma semana atrás, se acharam bem inteligentes ao entender o que tinha acontecido. E enquanto nos despedimos, Maressa passou o pente fino pelos neurônios desses seres que parecem que não o possuem.
Na minha cabeça, tudo se encaixa. Meu pai cheio de medo nos olhos, Monara dizendo pra que eu não contasse pra eles, bem, tudo e como eles me trataram bem pela primeira vez em minha vida. A casa estava vazia, meu pai sozinho e desprotegido e eles…
Fico completamente cega.
Dou exatos três passos, fico frente a frente com o homem que antes agradecia por ter ajudado meu pai. Eu gostaria de dizer que sinto alguma compaixão quando meus dedos se fecham em sua garganta, que eu vejo algo além de um fantoche quando o ergo sobre minha cabeça, deus, eu gostaria de dizer que sinto remorso quando seus pés se debatem em agonia ou seu rosto fica roxo mas eu não sinto. Ele não tem energia, ele não tem coração, como posso, como alguém pode ter empatia por alguém assim?
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O Retorno das Alfas
FantastikHeli foi infectada, Anis foi liberta e o relacionamento entre Heli e Monara parece ter desmoranado enquanto o destino de Heli e Anis parece cada vez mais próximo. No último livro da trilogia, segredos serão revelados e a guerra que parecia ser apena...