Capítulo 39 - O fim e o começo

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Gatilho: esse capítulo contém descrição de animais sendo abatidos e devorados assim como membros decepados. Cuidado!!!

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Pov: Heli

   De algum modo, todas viemos parar na casa de Maressa. Nadei sem direção, seguindo Maresia que parecia estar tão perdida quanto eu. As Ômegas tomaram outro rumo com o corpo da mais forte delas nos braços. Eu não sei como me sinto quanto a isso.

   Eu sei o que sinto quando entro na casa de Maressa. Dói. Caminhar pela casa, ver os cantos onde meu pai esteve… Peta se sentou sobre a mancha de sangue que encontramos. Estamos na sala, em frente a cozinha e parece que a qualquer momento meu pai pode descer as escadas… Mas não vai. Nunca mais.

    Ele aprovaria a decisão que tomei. É tudo o que importa. Então, por que parece que está tudo errado?

    — Ela não vai lembrar de nada, certo? — Peta pergunta, abraçando a filha que dorme em seu colo.

    A dor dela me faz esquecer a minha, por um momento.
    
     Ela e a filha vieram numa bolha dentro da água, ambas carregadas pela correnteza. Maressa fez Flora dormir na mesma hora e Peta começou a chorar desde então. Eu nunca vi, nunca pensei em ver minha amiga, tão forte como era, tão destruída como está agora. Ela simplesmente não larga da filha.

    — Não, Peta, eu garanto. Ela vai se lembrar de dias normais que você passou com Jonas. Não se preocupe. – Maressa garante, em seu tom mais pacífico. Até ela não parece a mesma.

     Peta volta a chorar. Está tão diferente, cansada, sem Energia… Nem imagino o inferno que ela passou. Todas elas passaram… Parece egoísmo sofrer pelo meu.

    — Não foi sua culpa, Peta. – Maressa diz — O melhor pra ela é você ao lado dela. Não pense em bobagens.

     — Mas o que eu vou fazer? Onde eu vou ficar? Os homens de preto devem ter desconfiado que…

    — Ligue pra Jonas, ele deve dar um jeito nisso e sei que ele ficará feliz em te ver.

    Ela olha pra mim.

    — Ele ainda tá vivo?

    Demorou alguns segundos pra entender.

    — Claro que está, ele não teve culpa nisso.

    — Ela não saiu matando todo mundo, Peta, Heli está diferente. — Monara me defende.

    — Que pena. Mas acho melhor evitar os humanos agora…

     — Peta, você não teve culpa. – Maressa insiste.

     — Do que? – Pergunto.

    Suas lágrimas se secam mas seus olhos me encaram com tanta dor que é difícil manter contato.

    — Elas me obrigaram a comer, me obrigaram a comer… Na frente da minha filha. E se eu sentir vontade de novo?

    Seus braços apertam ainda mais Flora em seu colo, entendo. Peta não come a séculos e agora tem que cuidar de uma humana… Deus, o tempo que passei fugida, eu nem pensei… Como ela ainda está de pé?

    — Eu posso te ajudar, Peta – Monara se senta ao seu lado – Escuta, ok? Eu controlo emoções, vontades também… Se esse desejo surgir, posso te controlar.

    — Monara, com todo o respeito…

    — Ela pode — Interrompo — Ela me controlou várias vezes, Peta, de rompantes de choro e acho que até de raiva, ela pode te ajudar.

O Retorno das AlfasOnde histórias criam vida. Descubra agora