Capítulo 31 - O que Maressa faria?

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Pov:: Monara 🏝️

   Seja forte.

   Que frase ridícula. Que coisa mais patética, como fazer isso? Que alternativa eu tenho? Caminhando pela floresta, segurando a mão ansiosa de Heli, me lembro do que senti quando me aproximava daquela ilha idiota onde ela estava, onde recitava a mim mesma pra que eu fosse forte. Porque ela precisava, porque eu precisava, porque Rodolfo… Eu sentia tanta saudade e ao mesmo tempo, eu fiquei com tanta raiva, tanta que não sei como tratei ela tão bem. Naquelas milhas entre a casa de Maressa e a ilha de Heli, tudo me veio a tona, todo o medo e toda a dor, as preocupações que senti tanto minha quanto de Rodolfo sobre como ela estaria e no momento em que parecia que eu ia desmoronar, ela fazia saias de palha.

   E a ironia disso tudo é que sou eu quem agora sou forte, por ela. Ou melhor, por nós.

   A verdade é que eu não quero ficar num prédio cheio de homens de preto, a ideia me faz tremer e não é fácil assumir isso. Ainda sinto o gelo entrando nas minhas costas e o olhar de desprezo que o homem que me torturou tinha… Mas é por ele, Rodolfo, e de novo, é por ela.

   Eles prometeram que não iriam nos ferir, eles só querem que a gente responda algumas coisas e em troca, Rodolfo terá todo o atendimento médico que precisar. Isso também me enche de medo. Ele precisar de atendimento médico.

    Durante todo esse tempo e com tudo o que aconteceu, eu estava segura quanto a ele, porque tudo o que envolvia morte se tratava de sereias e Anis entrou na nossa casa e não arrancou um fio de cabelo dele e isso me deu uma falsa esperança de… que ele estava a salvo. Eu não deveria ter ido até Heli… Essa culpa eu carrego e ela me faz ser forte. Eu tenho que ser forte.

   Faltando pouco para alcançarmos a estrada, chegamos no lugar em que nos encontramos, em que demos nosso primeiro beijo e no lugar em que eu prometi a ela que jamais a Evoluiria. Ela também para de andar.

   — Você entende o que tem que fazer, não é? — Digo, olhando pro mar ensolarado que um dia foi nosso.

   — Eu não sei se vou conseguir, Monara — Ela admite, me olhando com os olhos que um dia já foram estranhos, pequenos demais e ainda continuam perfeitos.

   — Você precisa, isca — Dou um pequeno sorriso — Por ele. Não sabemos o que aconteceu. Até termos ideia do que aconteceu, precisamos jogar o jogo deles.

   — Não acha que devemos chamar Maressa?

   Alguma coisa me diz que ver o homem que ela ama numa cama de hospital por causa dela não vai ajudar muito em sua fome.

   — Maressa tem que se curar primeiro, vamos conseguir, dividir responsabilidades, lembra?

   Lentamente, ela balança a cabeça. Agora, a parte difícil.

   — Heli. Temos que combinar algumas coisas, certo?

   Confusa, ela balança a cabeça.

   — Até descobrirmos o que aconteceu, temos que cooperar com eles, entende isso, certo?

   — E isso significa o que?

   — Basicamente, que não podemos atacá-los, nem xingá-los, sabe, tem que tratar eles como se fossem normal e que nada que eles tenham feito pra mim ou pra você tenha acontecido.

   Em sua defesa, ela pensa um pouco

   — Até descobrirmos o que aconteceu.

   — Sim e dependendo do que for…

   — A gente mata cada um deles – Ela nem ao menos hesita.

   Eu entendo, agora mesmo, acho difícil dizer que eu mesma hesitaria.

O Retorno das AlfasOnde histórias criam vida. Descubra agora