Pov:: Heli
Suspiro. Eu estou cansada. Não meu corpo, minha cabeça. Eu preciso parar por uns minutos e pensar, raciocinar pela enxurrada de coisas que descobri… Ah, por que eu não aceitei ouvir isso das Ômegas, eu estaria bem melhor preparada do que ouvir isso tudo e ainda permanecer de pé.
Tarde demais pra me arrepender, continuo.
—Tenho escolha? – Digo – Conte.
—Bem, foi simples. Eu não fui a única a chegar à conclusão de que as sereias são feitas a partir dos humanos, o Sextante há muito, muito tempo atrás já tinha essa noção e em meu exílio percebi seu propósito. Cada ação do Sextante tem como objetivo único e exclusivo manter ambas as espécies vivas, por isso nos recolhemos pro mar e por isso suas malditas regras. E Assíria, admirava elas mais do que tudo quando Rio apareceu e disse a ela pra entrar no mar, Assíria correu os quatro cantos do mundo em busca de uma Pérola boa o suficiente para chamar atenção do Sextante e bem, como todas sabemos, ela conseguiu. Ela, começou sozinha, a contar as sereias seus destinos quando elas os tinham e o Sextante pouco se importou já que ela não quebrava qualquer regra imbecil… Elas só se importaram quando Assíria apareceu para Rio e contou a ela o destino de uma de suas filhas. Ambrosia.
Em meus pesadelos, Anis me contou sobre ela muito antes que Monara soubesse. A sexta Sextante com o incrível poder de viajar entre dimensões…
—A única Sextante que você matou.
—Matei? Será que matei mesmo? — Ela finge dúvida — Como era o versinho mesmo, Assíria?
Ela mentiu pra mim…
—Não há corrente tão poderosa no mundo sem um elo fraco. A doce entre as amargas entregará seu coração à estrela adocicada. — Atrás de mim, Assíria responde.
A doce, Ambrosia é o nome de um doce e estrela adocicada… Anis estrelado. Ambrosia entregou-se à Anis, deu sua Pérola a ela de livre e bom grado… Isso não faz sentido.
—Em minha defesa, eu não era tão boa nos versos como sou hoje. — Assíria continua.
—Ninguém está julgando, irmã — Anis ri.
—Ela lhe entregou a Pérola… Mesmo sendo uma Sextante…
—Porque mesmo estando do outro lado, foi em mim e na minha causa que ela acreditou. Ambrosia, ao contrário das Irmãs, não aguentou ficar parada vendo tudo se destruir e ela sabia que as Ômegas não permitiriam que ela trocasse de lado então ela entregou a si mesma a mim, sua Pérola, suas memórias…
Não há o que rebater se nem mesmo as Ômegas tentam.
—Não importa, mas Assíria foi minha maior dor de cabeça em meu exílio. Todas as ações do Sextante faziam sentido para sua causa, mas em que ditar destinos por aí ajudaria a manter humanos e sereias vivos? Não tinha motivo, se aconteceria tudo não importando o que foi dito, então por que contar?
Depois da guerra, fez sentido contar o destino meu e o de Anis mas antes, ela tem razão, não tem sentido algum.
—Alguma vez já suspeitou que Assíria estivesse manipulando ações? Fazendo sereias crerem que seu destino era aquele para que elas o fizessem? Já deve ter pensado, todas nós já…
—Sim, é claro que eu pensei, pode ir direto ao ponto?
Depois de um longo respirar, Anis me diz.
—Assíria contou destinos através de séculos, fez com que todas as sereias soubessem que ela dizua a verdade para que, quando uma sereia sentisse dúvidas sobre si mesma e suas habilidades ela tivesse coragem e pensasse que esse era seu único destino, o único modo dela e eu existíssemos. A única em que eu confiava cegamente, a sereia que me mostrou pela primeira vez o potencial dos humanos, a sereia que eu, talvez, hesitasse em matar.
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O Retorno das Alfas
FantasyHeli foi infectada, Anis foi liberta e o relacionamento entre Heli e Monara parece ter desmoranado enquanto o destino de Heli e Anis parece cada vez mais próximo. No último livro da trilogia, segredos serão revelados e a guerra que parecia ser apena...