Capítulo 10

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A banda estava provando ser um desastre e tínhamos menos de dois meses para estar prontos. A escola estava em êxtase com a festa que haveria em setembro onde seriam distribuídas as bolsas de estudo. Julia por fazer parte da organização de eventos foi designada para promover a festa e nos preparar para tocar em dois meses. A banda surtou ao receber a notícia, até então acreditávamos que as bolsas de estudo seriam distribuídas na formatura. Mas indo contra as expectativas, agora estávamos completamente despreparados prevendo que em breve haveria um desastre ou pelo menos pagaríamos o maior mico da história em frente à toda escola.

Estava no meio do corredor revirando minha mochila um tanto desesperado. Onde estava? Notei alguém às minhas costas, olhei desinteressado para a figura, mas congelei quando meus olhos recaíram sobre o que suas mãos seguravam.

- Tá procurando alguma coisa? - perguntou Pedro com aquele seu olhar cínico.

Eu tentei arrancar o frasco da mão dele, mas era óbvio que ele não permitiria que eu furtasse o seu trunfo.

- O que você tá fazendo? - sussurrei. Me certificando de que ninguém prestava atenção na cena.

- Então era assim que sobrevivia no time?

- Eu o que?

Como ele havia surrupiado aquilo? Provavelmente no último ensaio da banda na minha casa. O pior de todos e mais desastroso. Inclusive pela presença desconfortável de Sara que mal suportava passar algum tempo comigo quanto mais estar no antro dos Martins. Nada naquele garoto me despertava coisas boas e agora pra piorar a situação o carinha havia encontrado meus antidepressivos.

- O garotinho puro pego com anabolizantes. O que será que a diretoria vai achar disso?

Anabolizantes? Eu não tive muito tempo pra pensar então tentei inutilmente arrancar o frasco da mão dele.

- Você é louco ou o que? Me devolve isso seu idiota.

- O que será que aconteceria se a escola inteira soubesse que o favorito da diretoria anda se dopando? - minha expressão mudou quando ele mencionou a direção da escola. Eles não tinham nada haver com aquilo. Ninguém tinha. E nem eu estava tomando nenhum tipo de anabolizantes. Mas quem acreditaria em mim depois que Pedro espalhasse a história?

- Isso não é anabolizante...

- É o que veremos.

- Ei! - eu disse o impedindo de seguir pelo corredor. Não iria bloquear seu caminho por muito tempo, mas precisava tentar. - O que você quer?

Ele sorriu. Eu estreitei meus olhos com uma cara emburrada. Realmente não estava nada feliz por estar sendo chantageado pelo cara a quem eu estava investigando. Se ao menos pudesse usar a mochila como contra-ataque. Mas não podia. Céli me mataria.

- Ok. Tô vendo que você parece que tá com boa vontade. Que tal compor aquela maldita canção?

Olhei ao redor. Haviam poucas pessoas no corredor. Ninguém notara o que se desenrolava. Felizmente. Por que o babaca se importava com a banda?

- Quero que diga que fui eu quem compôs.

- Não! - respondi sem pestanejar. - É claro que não.

- E quero isso em duas semanas. - disse ignorando minha resposta. Pedro sabia que eu não tinha escolha. Eu sabia que o que estava em suas mãos não era doping e sim antidepressivos, mas o que menos precisava naquele instante era que a escola inteira soubesse do meu problema ou que rolassem boatos maldosos de que eu estava me drogando. Era ridículo, mas o que restara da minha reputação estava nas mãos de Pedro.

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