Diário Semanal – 24 de Julho
Construindo Lembranças
Quando nos apaixonamos às vezes acontece de se fazer as maiores bobagens da vida, o lamentável é que nós cometemos as piores burradas em geral quando estamos totalmente conscientes do que estamos fazendo.
Mas o mundo então é um universo a parte e as sensações são diversas... Quem sabe voar? Eu, por exemplo, achei que fosse a mulher maravilha ou qualquer garota com superpoderes, mas se pudessem me ver saberiam que na verdade sou só uma escritora falida, endividada, amargurada e com muita raiva guardada dentro de mim.
Tá legal... também não sou tãaaaaaao ruim assim, mas constantemente me pergunto se não podia ter sido diferente e se minha vida real não é apenas um sonho. Aah! Uma garota de vinte e três anos que ainda sonha. Que coisa humilhante... sou uma burra, sonsa, boba e a prova disso são os momentos depressivos em que me encontro, o caos do meu apartamento e as horas inúteis gastas lendo Augusto Cury... estou perdida! Completamente perdida...
Não é um melodrama. Eu realmente falo sério - na grande maioria das vezes. - Então me encontro num estado suficientemente sóbrio e no direito de declamar que: "A vida é um labirinto e o amor um mistério, yeah". Ótimo. Não sou a Lenka e não posso mais me dar ao luxo de me sentir uma garotinha perdida no meio. Digamos então que:
Conselho nº1: Não se apaixone
Conselho nº2: Nunca acredite em promessas
Conselho nº3: Não fique noiva de um cara que terminaria através de um e-mail com a desculpa de que se apaixonou por uma menina de olhos claros.
Néo me diria que cada uma dessas palavras é besteira, eu diria que ele tem razão. Nem deveria estar aqui escrevendo nesse caderno velho. Era um dos objetos que eu pensava em atirar na parede na tentativa de lidar com a raiva, mas me distrai relendo alguns contos antigos que escrevi e me dei por satisfeita com o número de outros livros já caídos ao meu redor. Ainda preciso desesperadamente de um texto e Néo deve estar maluco comigo. Mesmo que estejamos atrasados há apenas uma hora.
"O céu tava nublado, o dia um saco! Mamãe parecia zangada com alguma coisa. Acho que papai não voltaria nessa semana e eu briguei com ela porque não queria arrumar o quarto. Ninguém entende os garotos de 8 anos. Odeio o mundo! Minha vida é horrível... ta tudo estranho. Sei lá. Não dá nem pra dizer. Só não to bem. Ouvi uma vez num filme uma moça loira dizer que um cara tinha feito ela se sentir um lixo e que seu coração tava despedaçado e ninguém sabe me dizer porque também me sinto assim...talvez se eu encontrasse essa moça ela me explicaria..."
- Boa tarde! – disse Néo irrompendo pelo meu apartamento. – Eu trouxe um caminhão de chocolates pra curar essa sua TPM.
- Deixa de ser idiota! – eu disse fazendo beicinho. – O que faz aqui?
- Confie em mim. Eu sei o que digo. Por falar nisso temos um trabalho a fazer e imaginei que estivesse em uma de suas crises quando não respondeu meus torpedos. – O que aconteceu?
"Ser criança até que parece fácil. Essas coisas que os adultos tem, tipo emprego, ter que fazer compras no supermercado, faxina toda sexta, assistir ao jornal à noite... todas essas coisas chatas parecem sem lógica e existir num mundo distante.
Minha mãe é o exemplo dessa espécie complicada. Só tem uma coisa na cabeça: Me manter ocupado arrumando o quarto e ligar pro meu pai no fim da semana pedindo dinheiro. Parece que isso é a coisa mais importante na vida dela. Que isso é tudo e que minha vida é fácil. Como se fosse fácil lidar com um nome ridículo como Juan Henrique, ser o garoto mais baixo da turma e viver com uma mãe compulsiva por limpeza. Os adultos não sabem o que é um problema de verdade. Quer dizer, até parece que eles não sabem como se é estar apaixonado."

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Eu Nunca...
Teen FictionEu nunca... vi a Aurora Boreal Eu nunca... escalei o Monte Everest Eu nunca... corri sobre pedras chamuscadas (Nem sou maluco a esse ponto) Eu nunca... me equilibrei sobre as muralhas da China Mesmo a ideia sendo incrível! Mas existem certas coisas...